Monday, December 07, 2009

01 De DEZEMBRO






Houve um consenso de que o dia 01 de Dezembro seria o dia internacional de combate a AIDS.

Até onde o palpiteiro aprendeu, a AIDS, Sídrome da Imudeficiência Adquirida - SIDA - em português, é uma doença que foi identificada em 1982. Até hoje o palpiteiro não sabe dizer a quem se deve atribuir o isolamento do vírus, se a pesquisadores americanos ou franceses. Discussão tão útil quanto saber se foi Santos Dumont ou os irmãos Whrite que inventaram o avião: o troço existe e seus inventores se tornaram menos importantes do que o invento.

A AIDS foi uma doença que assustou a humanidade. A pessoa pode contrair a doença por sêmen, secreções vaginais ou sangue contaminados. Por essas características de contágio é impossível discutir as formas de contaminação sem nos colocarmos frente a questões morais, éticas e ou religiosas. Os americanos mais conservadores chegaram a chamar a AIDS de "peste-gay", pois entendiam a doença como um castigo de Deus aos homossexuais promíscuos. Essa estupidez apenas contribuiu para que a doença se espalhasse entre pessoas que de algum modo acreditavam que apenas gays contraíam AIDS.

A doença é sorrateira. O vírus se instala e a pessoa não fica doente de imediato. Tem uma vida normal e inconscientemente dissemina o vírus para outras pessoas. Um dia aparecem os sintomas. Emagrecimento, manchas pelo corpo entre outros. A capacidade do corpo se proteger é comprometida, e no auge da doença o paciente pode morrer de uma simples gripe. Muitos morrem de tuberculose.

Por desconhecimento muitas pessoas adoeceram de AIDS na década de 1980, entre diferentes classes sociais, cor da pele e religião. Atores, atrizes, políticos, empresários, cantores e tantos outros famosos morreram de AIDS. Fred Mercuri e Cazuza morreram de AIDS. Renato Russo teve AIDS e, até onde o palpiteiro sabe, morreu de anorexia, em decorrência de uma depressão profunda agravada pelo conhecimento da doença.

Nenhuma doença teve tantos recursos, pesquisa e informação em tão pouco tempo quanto a AIDS.

No ínício da década de 1990 uma descoberta animou a humanidade. Um combinação de remédios permitiu uma sobrevida maior para portadores do HIV, com razoável qualidade de vida. Tomando os remédios certos com a regularidade adequada a pessoa estabiliza a doença e não piora. A AIDS era uma condenação a um máximo de 10 anos de vida. Com a combinação dos remédios, chamada de "coquetel", essa sobrevida aumentou muito.

Magic Johnson foi um astro da NBA, liga profissional do basquete americano. Contraiu AIDS e teve a coragem de assumir isso publicamente. Sabia que era um ídolo de muita gente. Poderia ter se escondido. Mas preferiu anunciar seu estado de saúde numa entrevista coletiva, como uma forma de alertar outras pessoas de que a doença é grave e que não poupa ninguém. Nem o medalhista olímpíco do primeiro Dream Team. Barcelona, 1992.

Magic Johnson ainda tentou voltar a jogar basquete e foi bem aceito pelos outros jogadores. Mas num lance normal se machucou e se cortou. Seu sangue apareceu. Viu nos olhos dos outros jogadores um pânico mal dissimulado. Decidiu ali que pararia de jogar basquete porque não tinha o direito de amedrontar outras pessoas com um problema que era dele. Largou o basquete e disse exatamente isso, sem dramas.

Um colega de escola do palpiteiro é soropositivo. Ou foi, pois o palpiteiro não sabe se ainda está vivo. Contaminou-se com o uso de drogas injetáveis, como tantos outros no mundo. Ficou triste, quis se matar. Mas decidiu mudar. Largou a vida do vício e deu a sorte de ter o coquetel disponível. Disse uma vez que não era fácil. Trata-se de uma combinação de remédios que deve ser tomada em horários específicos, cada um a seu tempo. Se não for assim o vírus reage, a imunidade do corpo cai e a morte se aproxima.

O palpiteiro já conversou com outros soropositivos, termo usado para as pessoas que portam o vírus mas que ainda não desenvolveram a doença. São também chamados de "assintomáticos", pois não apresentam os sintomas da doença. Adultos e crianças entre essas pessoas. Há alguns orfanatos espalhados pelo Brasil com crianças soropositivas que perderam os pais em razão da doença. Só mesmo vendo um orfanato desses para se descobrir o que é abandono, solidariedade, vontade de viver e esperança. Tudo numa mesma pessoa e num mesmo lugar. A AIDS não é uma doença qualquer.

Quando cursava geografia na USP o palpiteiro tinha um professor que a despeito de ser muito bem preparado era muito arrogante. O cara era insuportável. Mas um dia ele surpreendeu todos os alunos. Era 01 de Dezembro e ele resolveu falar sobre a AIDS. Disse que tinha pessoas queridas que tinham contraído a doença e que a morte de uma delas em especial o comoveu demais. Prometeu a si mesmo que sempre tocaria nesse assunto, para que outras pessoas soubessem da gravidade da doença.

O palpiteiro até hoje não suporta o tal professor arrogante. Mas reconhece que a atitude foi nobre. Falar sobre AIDs é ainda importante. Novos tratamentos deram melhor qualidade de vida às pessoas, mas não a cura. Muita gente ainda se contamina por falta de informação e conscientização. Gente que ainda crê na conversa de que "isso não vai acontecer comigo". Pois é, pode acontecer.

Todos nós temos essa obrigação, a de lembrar que é uma doença grave e que ainda necessita de maiores esclarecimentos.

Informação e memória ainda são os maiores instrumentos para a prevenção de uma doença que não tem cura.


Monday, October 19, 2009

Uma porcaria chamada horário de verão

O horário de verão começou oficialmente no último domingo. Seus defensores juram que todo o transtorno é justificável, em troca de 0,5% de economia de energia elétrica.

Nada de campanhas para a população economizar em casa, cortando o desperdício.

A arquitetura copiadora de modelos estrangeiros continua a exaltar prédios sem iluminação natural.

Prédio públicos continuam com suas luzes acesas sem necessidade.

Absolutamente nenhum incentivo é dado ao brasileiro que reduzir seu consumo diário de energia. Nada de desconto para quem comprovasse uma redução no consumo.

Mas quem é que ganha com o horário de verão?

O turismo. As pessoas ficam mais tempo nas praias e nos bares. Aumenta o consumo de bebidas e sorvetes. Ah, sim, todos eles precisam de refrigeração. E energia economizada terá então alguma serventia.

Se você acorda cedo o problema de adaptação é seu. Como devem ser seus também o mau humor, a indisposição e até dores de cabeça.

As crianças que tem problemas para acordarem mais cedo que se danem. O aprendizado prejudicado pelo sono - que está no horário certo- é algo secundário.

Mas o Brasil vai economizar 0,5% de energia elétrica.

E a Ambev vai vender mais cerveja, a Coca Cola mais refrigerante e a Kibon mais sorvete.

Essas grandes empresas anunciarão na TV, com as crianças na sala.

E o noticiário sempre terá o cuidado de defender que o horário de verão é bom para todo mundo.

E todos nós seguiremos, em nome de 0,5% de economia de energia elétrica. Acordando uma mais cedo.

Bovinamente no horário.

E quem reclamar, que receba o rótulo de chato. Pois nem isso é mais possível: a discordância.

Saturday, October 03, 2009

3 de outubro

Algumas datas trazem tantas lembranças que acabam servindo para aguçar a superstição, como se a combinação entre números, astros e calendários tivesse realmente o poder de determinar alguns acontecimentos da vida humana.

O palpiteiro não acredita e nem duvida da relação entre datas e certas coincidências. Por conveniência simplesmente foge do assunto. E prefere a condição de provocador, ou seja, a figura do incendiário que inicia o desastre e depois finge que não teve nada com isso.

Mas a data de 3 de outubro sempre intrigou o palpiteiro. Foi em 3 de outubro que Getúlio Vargas iniciou o movimento que culminou na chamada "Revolução de 1930". Goste ou não de Vargas, ninguém negará que foi o líder de um período de fortes transformações da vida nacional. Para o bem ou para o mal.

Em 1953 Getúlio aprontou de novo, e para deixar claro que tinha o controle da situação, escolheu o 3 de outubro. Após uma árdua campanha nacionalista, na qual coube a curiosa participação de sindicatos, do partido comunista, do Exército, da UNE e até do pai do FHC, Getúlio assinou a lei do monopólio estatal do petróleo, assim como da criação da estatal que se encarregaria do setor no Brasil, uma tal de Petrobrás.

Um cidadão brasileiro teve uma namorada cujo pai trabalhou como office-boy da Petrobrás em 1954. Por influência ou pressão paterna, o então jovem abandonou a Petrobrás, acreditando que aquela empresa que ocupava apenas metade de um andar no centro do RJ pudesse ter futuro. O imbecil preferiu ingressar na Aeronáutica. Aposentou-se com a patente de subtenente. Enquanto hoje a Petrobrás é a segunda empresa mais lucrativa do mundo, com um valor de mercado superior ao do Google.

Em 1966 o 3 de outubro se destacou mais uma vez, quando o Congresso Nacional nomeou o General Costa e Silva como o segundo ditador do regime militar que golpeou o Brasil em 1964. Costa e Silva sucedeu Castelo Branco.

O general-presidente era tão bom de política quanto o palpiteiro de esgrima, e o país ingressou num processo de manifestações e repressão que estourou em 1968. No dia 3 de outubro de 1968 um estudante morreu em decorrência de confrontos entre estudantes da USP na rua Maria Antónia, opositores da ditadura (olá José Dirceu...) e estudantes do Mackenzie, defensores do regime militar (olá Bóris Casóy...).

Quebra-pau, gás lacrimogênio e cavalaria no prédio da USP. Vários professores aposentados à força e posteriormente exilados. Um anão chamado Fernando Henrique Cardoso, um gênio chamado Florstan Fernandes e uma das mulheres mais autênticas e doces que o palpiteiro já ouviu falando de política, Regina Sader, entre outros.

A ditadura acabou, o país teve a volta de um presidente civil chamado José Sarney. Em 1989, em eleições diretas, os brasileiros derrotaram um tal de Lula, preferindo um cara estranho e acelarado - no sentido colombiano do termo- chamado Fernando Collor.

A eleição de Collor é um capítulo a parte. E o palpiteiro prefere acreditar que foi um grande erro de um povo que havia desaprendido a votar. Sim, pois Collor foi eleito 29 anos depois das últimas eleições diretas para presidente. Até então, as últimas eleições diretas deram a vitória a Jânio Quadros, em 1960. Melhor dizendo, 3 de outubro de 1960...

Em 1992 muita gente se contentou com o impedimento de Collor na presidência, um palpiteiro inclusive. Alguns comícios reuniram mais de 1,5 milhão de pessoas, como o do Anhangabaú. Parte da imprensa, com Globo à frente, desprezava a possibilidade de afastamento de Collor. Um palpiteiro foi à manifestação no Anhangabaú e diante da multidão pensou: "... é muita gente contra um cara só. Acho que ele vai cair..." Collor foi afastado, muita gente comemorou e o Alexandre Garcia da Globo deve ter chorado copiosamente.

O afastamento do Collor foi no dia 29 de setembro de 1992. O mundo inteiro noticiou o caso como uma demonstração de civilidade, pois o impechmeant é um dispositivo presente em várias democracias ocidentais. Até então nunca utilizado. O Brasil foi o primeiro país a usar esse recurso. Afastamos um presidente que ficou impedido de concorrer a qualquer cargo público por 9 anos. O doido não precisou sair do Brasil, teve seu direito de ir e vir garantido, assim como sua liberdade de expressão. Collor chegou a dar algumas entrevistas nesse período. Não falou mais porque ninguém queria ouví-lo. Mas tinha esse direito. Acabou seu castigo e anos mais tarde concorreu e ganhou o cargo de Senador pelo Estado de Alagoas. Diga-se qualquer coisa contra ele, mas está no seu direito e a lei assim o permite. É com essa autoridade que o Brasil enquadra Honduras hoje. O mundo sabe disso e respeita o Brasil atualmente. Não apenas por Lula. Mas sobretudo pelo exemplo doméstico de política civilizada, apesar do Sarney ainda ser presidente do Senado...

Mas e o 3 de outubro, o que tem com o 29 de setembro de 1992?

Por alguns dias o Brasil virou notícia no mundo inteiro como exemplo de democracia sólida. Um país que afastou um presidente com respeito às leis e sem um único tiro. E com milhões de manifestantes nas ruas nas maiores cidades.

Até o dia 2 de outubro fomos admirados. Mas no dia 3 a imprensa noticiou um massacre contra presos na penitenciária do Carandiru. Oficialmente - oficialmente- foram mortos 111 presos, numa prática bárbara, com o uso desmedido da violência. Em 3 de outubro de 1992 o Brasil teve que se explicar perante o mundo civilizado por uma clara demonstração de afronta à idéia de um Estado de Direito.

Hoje é 3 de outubro de 2009. Os jornais noticiam a escolha do Rio como sede dos jogos olímpicos de 2016.

O ambiente no país é de uma tranquila felicidade. Há aqueles que acham que tudo dará errado e que seremos roubados em contratos superfaturados. Mas a grande maioria sorri. Paulistanos felizes pelo sucesso internacional do Rio não é algo para se desprezar.

O palpiteiro desconfia que o 3 de outubro possa pregar alguma peça, pois estamos apenas há pouco mais da metade do dia.

Mas ao mesmo tempo prefere curtir a sensação de que o 3 de outubro também oferece coisas boas. Como qualquer outra data...

Sunday, September 13, 2009

11 de Setembro. 11/09/2001. 09/11

Uma pobre alma, daquelas que se informam pela Veja, assistem novela da Globo e acreditam no Arnaldo Jabour, disse ao palpiteiro que na sexta-feira, 11/09, orou pelas vítimas dos atentados às torres gêmeas, ocorridos em NY em 2001.

Nada contra a solidariedade sentida, de fato ou por indução da TV. Solidariedade não se critica.

Mas a confissão da pobre alma intrigou. Processando a informação o palpiteiro formulou perguntas. Será que a pobre alma dedicou algum segundo de oração pelas vítimas da Bomba de Hiroshima?

Tudo bem, dizer que os EUA foram desumanos em diversas guerras e que as bombas nucleares lançadas sobre o Japão foram crueldade não é a mesma coisa do que dizer "bem feito pelo 11/ de setembro".

Se sentimos a morte de uma família japonesa em 1945 e o fazemos por sentimentos humanitários, nada mais coerente do que lamentar a perda da vida de um novaiorquino no 11 de setembro.

Uma coisa é ser contrário as políticas de Estado dos EUA. Outra coisa é odiar seu povo.

Uma morte violenta deve sempre ser lamentada. E as lágrimas derramdas devem servir como compromisso para que algo semelhante não mais ocorra.

Mas usar sentimentos e lágrimas para ter audiência é odioso.

Como também é ridículo sentir mais a perda da vida de um estadunidense do que a de um palestino, israelense, favelado, sem-terra, checheno ou japonês.

A vida não tem hierarquia. Não possui ordem de importância.

Mas o palpiteiro se questionou: por que lembrar das vidas perdidas diante das imagens e apelações do 11 de setembro?

Ah, sim, essa foi uma das formas de entender os ataques às torres gêmeas. E nessa linha de pensamento, Michael Moore fez um videoclipe para seu premiado documentário "Tiros em Columbine".

O vídeo está no youtube e seu link aqui embaixo, com legendas em espanhol.

Quanto à pobre alma, lamentemos.

Saturday, September 05, 2009

Para o 01 de Setembro e nossas escolhas

No fluxo diário e muitas vezes insano de informações passou como algo desimportante a data do primeiro de setembro para muita gente. Enquanto alguns comemoravam a data de nascimento do Corinthians e outros a lamentavam, um número talvez maior de pessoas pelo Brasil teve a sua atenção despertada mais para os confrontos entre a PM de SP e os moradores da favela de Heliópolis.

Mas o primeiro de setembro foi lembrado na Europa com o encontro tradicional de vários líderes europeus. A presença da Alemanha e da Rússia tornou as opiniões mais acaloradas. Os alemães incansavelmente tomam atitudes para deixarem claro que o Nazismo foi um grande erro histórico do qual não negam responsabilidade e nem o compromisso de não repetí-lo.

Mas as cerimônias para a lembrança desse fato ocorrem por uma única razão: não esquecer para não repetir. E entre tantos atos desumanos e abusos de Estado, uma lição que a II Guerra Mundial deu à humanidade foi a de que somos responsáveis por nossas escolhas.

O povo alemão escolheu o Nazismo. Hitler foi bem votado e a elite política do país o aceitou. Culpar Hitler por tudo é pouco. A grande questão é: por que os políticos que poderiam detê-lo não o fizeram? Por que os militares alemães, bem treinados, preparados e com longa experiência em guerras aceitaram obedecê-lo? A resposta é simples: eles aceitaram.

Mas se Itália, Alemanha e Japão escolheram o imperialismo, o discurso dos aliados foi o da repulsa. Haverá sempre uma longa lista de razões para entendermos a entrada dos EUA e da URSS no conflito. Mas uma delas é concreta e inquestionável. Muita gente nos EUA e na URSS deram a vida na luta contra aquilo que julgaram o pior para a humanidade, que era justamente a expansão do nazifascismo. Autoridades dos EUA e Rússia hoje se apresentam no papel daqueles que fizeram a escolha certa.

Desde o final da II Guerra Mundial a questão da escolha tornou-se um tema relevante. Seja lá quais forem nossas opções políticas, ideológicas, religiosas, cargos políticos, profissões, famílias e sociedades, todos temos certas obrigações e limites. E desde então as pessoas que lutam pelo que acreditam ser o melhor para o mundo entendem que existem certas práticas que jamais se justificam. Há crimes contra uma pessoa ou contra um povo que podem ser classificados como crimes contra a humanidade. Tortura, prisões em campos de concentração e assassinatos em massa são alguns deles.

A questão das escolhas ultrapassou os limites da política. Tornou-se também uma discussão moral, necessária. J.K. Rowling, autora de Harry Potter, deixa isso claro nos livros que tanto agradaram o mundo. Os bruxos não nascem maus, mas fazem suas escolhas. Num dos filmes, Dumbledore, o mestre de Harry diz: "...tempos difíceis se aproximam, e devemos começar a escolher entre o que é certo e o que é mais fácil...".

A senhora Rowling é inglesa e nada burra. Sabe muito bem o que escreve e para quem escreve. Sabendo que atingiria tantas crianças, jovens e adultos, sentiu-se responsável e na obrigação de transmitir valores saudáveis. Rowlling é formada em letras clássicas por Oxford e faz parte da geração de ingleses que ouviram de seus pais, avós e professores o que foi a II Guerra Mundial para os ingleses. Para ela a II Guerra Mundial não foi apenas um fato histórico, mas um episódio que tirou vidas, separou famílias e provocou muita dor. Rowilng escolheu defender idéias humanistas. Ninguém a obrigou a isso. Simplesmente escolheu.

As escolhas que fazemos são perigosas, pois nunca optamos por aquelas que gostaríamos de ter elegido como possíveis. Na maior parte dos casos a vida nos coloca diante de circunstâncias nas quais não temos muito tempo para maiores reflexões. Arriscamos um lado sabendo que podemos ter feito a pior escolha e de que, em muitos casos, a opção foi irreversível. Assim fazemos com nossas profissões, amizades, passeios, religião e companhias. Podemos nos arrepender. Às vezes, amargamente. Àsvezes nos orgulhamos. Outras vezes morremos na dúvida.

Os professores fazem suas opções sobre seu estilo, formas de abordagens e conteúdos. Haverá sempre algo a dar maior destaque. Assim como algo a ser descartado. Os professores também podem ou devem ser julgados pelas opções que fizeram.

Jornalistas também. Ingressar numa empresa é se colocar entre aquilo que é importante para uma carreira e aquilo que é compatível com a consciência. Haverá situações nas quais contrariar princípios será inevitável. Isso também vale para jornalistas, policiais, professores e médicos.

No dia 01 de setembro de 2009 parte da população de Heliópolis se rebelou. Uma jovem mãe de 17 anos foi assassinada por policias da Guarda Civil de São Caetano do Sul.

Um dos guardas muncipais já havia sido expluso da PM de SP. Mas a prefeitura de São Caetano do Sul o contratou mesmo assim.

Os guardas perseguiam um carro roubado, segundo sua versão. Poderiam ter escolhido entre evitar riscos à população da favela ou atirar para matar um suspeito. Escolheram atirar e colocar em risco a vida de outras pessoas. Uma inocente morreu com um tiro no pescoço.

A população da favela poderia ter escolhido o silêncio e a passividade. Sabiam que eram vítimas históricas do preconceito, descaso e dos abusos de autoridade. Sabiam que a PM de São Paulo não gosta de pobre, negro e nordestino. Podiam ter ficado em suas casas, assistindo o Jornal Nacional. Ou então poderiam ir para um bar, reclamar do governo e da PM, tomando pinga e sem atitude prática alguma. Mas escolheram outro caminho. Muita gente ficou indignada. Para tudo deve haver um limite. E o medo da PM, assim como a passvidade involutária acabaram cedendo lugar à revolta. Espontânea, errática, aleatória. Mas nem por isso menos intensa e determinada. Algo deveria ser feito. Aquele cirme estúpido não poderia ter ocorrido. E outros não deverão ocorrer. Depredação, incêndio e um sentimento implícito: basta.

A PM de São Paulo não teve escolha. Manifestações daquelas devem mesmo ser contidas. Mas como uma polícia reconhecidamente violenta com aquelas pessoas iriam negociar? A relação de conflito e repressão é antiga. Não era hora de vacilar. E a PM escolheu a repressão, mais uma vez.

Uma ação da PM desse porte e nessas circunstâncias nunca é decidida de forma isolada. Um comandante avalia a situação, ouve seus subordinados e toma a decisão: reprimir. Mas um comandante da PM nunca é alguém idiota. Sabe que suas decisões poderão ter consequências graves. Talvez mais mortes. E por isso os comandantes da PM consultam a secretaria de Segurança Pública.

O secretário de Segurança dá a palavra final. É forçado tanto pelas circunstâncias quanto pela ferocidade de comandantes que às vezes gostam do papel de repressores. O secretário poderia questionar, afastar policiais que julgasse abusivos em suas decisões. Mas escolheu aceitar a independência da PM de SP. Aquela que dá as cartas, faz o cheque e manda que os civis, covardes, assinem. A repressão em Herliópolis foi também uma escolha da Secretaria de Segurança Públcia de SP. Do jeito que ela ocorreu.

A Globo teve várias opções de escolha. Poderia ter entrevistado os moradores e ouvido os policiais. Poderia fazer um trabalho de jornalismo investigativo. De quem era o carro roubado? Era mesmo roubado? Quem eram os policiais municipais na operação? Teriam a ficha limpa? Seriam suspeitos de outros abusos?

Mas a Globo escolheu a versão da PM. Preferiu noticiar os conflitos sob o ponto de vista de quem se senta no banco de trás da viatura da polícia. À distância e sempre ouvindo um lado só do problema.

A Globo recebeu um bilhetinho idiota, mal escrito e com toda a evidência de ter sido forjado. Poderia ter questionado e até divulgado o nome ou o cargo de quem lhe entregou o bilhetinho falso. Um bilhete que conclamava a população a se rebelar em troca de cestas-básicas. Algo como: "...enfrente a PM, arrisque tomar um tiro na cara ou borrachada nas costas. Faça isso e lhe daremos uma cesta-básica..."

A Globo revelou que para ela as pessoas pobres não são capazes de agirem sozinhas. Precisam de alguém a lhe dar ordens. Pensa assim porque age assim. Para ela, o que ela noticia é verdade, para todos.

A Globo escolheu divulgar a versão mais inverossímel. Mas foi a sua escolha.

Mas quem é a Globo? Apenas uma emissora de Televisão. A maior rede privada de notícias do Brasil.

Sim, Hilter também era o maior líder que a Alemanha já havia colocado no Poder até então.


Hitler, os alemães, seus soldados, a Globo e seus jornalistas fizeram suas escolhas.

A história da Alemanha e de Hitler conhecemos. A da Globo estamos testemunhando.



Para as fantasias do Jornal Nacional:


Para a cerimônia dos 70 anos do início da II Guerra Mundial:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/09/090901_polonia_guerra_tp.shtml

Tuesday, July 14, 2009

Dando um tempo

Para o bem da cabeça e para redução do lixo virtual que se acumula na internet, o palpiteiro ficará fora do ar até o próximo dia 23/07.

Grande abraço a todos e bom descanso.

Sunday, July 12, 2009

McNamara morreu nos EUA em Julho de 2009

As notícias dos últimos dias sobre a morte de Michael Jackson desviaram a atenção sobre uma outra morte ocorrida no mês de Julho, no dia 5.

Robert McNamara morreu aos 93 anos. Robert Strange McNamara era descendente de irlandeses e relativamente pobre para os padrões dos EUA. Mas era muito inteligente. Conseguiu se tornar universitário com poucos recursos da família e bolsas de estudo concedidas a estudantes de destaque.

Durante a Segunda Maldita Guerra Mundial foi convocado para as forças armadas. Fez parte da elite que introduziu modernos métodos estatísticos para o recrutamento de soldados e estudos de eficiência militar. McNamara ajudou a convencer o comando do Exército dos EUA que Tóquio era uma cidade de madeira, e que valia a pena arriscar a vida de alguns pilotos americanos para lançar bombas incendiárias sobre a cidade. Numa única noite bombas incendiárias foram lançadas e mais de 200.000 mil japoneses morreram. Esses números foram abafados pelo impacto das bombas de Hiroshima e Nagasaki. Mas o incêndio de Tóquio matou tantas pessoas quanto um ataque nuclear. McNamara disse, décadas depois, que se os EUA tivessem perdido a guerra ele e outros americanos deveriam se condenados como criminosos de guerra. Questionou por que era considerado imoral matar quando se perde uma guerra, e por que o mesmo não ocorre para aqueles que vencem uma guerra, matando o mesmo número de pessoas.

Ele também foi um dos responsáveis pelo desastre dos EUA no Vietnã. O que parecia ser um passeio de uma superpotência sobre um país rural de terceiro mundo se transformou em derrota, vergonha e retirada. Na década de 1990, McNamara admitiu o grande erro que foi a guerra contra o Vietnã.

Quem tiver curiosidade pode conhecer McNamara num documentário chamado "Sob a Névoa da Guerra". O palpiteiro já o assistiu mais de 5 vezes e o utilizou em cursos e palestras. As informações acima foram quase todas retiradas desse documentário.

McNamara também foi presidente da Ford, e foi dele a idéia de colocar cintos de segurança nos automóveis, equipamento obrigatório em qualquer carro hoje em dia.

Mas McNamara era antes de tudo um ser político. Fez coisas louváveis e teve atitudes odiosas. Exaltá-lo ou demonizá-lo será sempre uma tarefa difícil. Mas fica aqui o registro. Mais importante do que o maníaco de Neverland, e muito menos lembrado. Ou seja, mais um caso de persongem que age nas sombras, muda a história da humanidade e que a mídia prefere ignorar. Quantos são os sucessores de McNamara hoje? Onde vivem? O que pensam? O que lêem?

Certamente não o noticiário superficial, que se empolga com funerais espetaculares...

Saturday, June 27, 2009

Gripe

Melhor do que interpretações, é ir direto à fonte.

O palpiteiro acessou o sítio da Organização Mundial da Saúde e encontrou esse mapa com a evolução do número de casos de gripe suína, ou gripe A, como querem alguns.

Vale a pena conferir. Trabalho bem feito com mapa bonito e interativo.



Se for o caso, mais um palpite sobre a doença.

A Morte de Michael Jackson e a crise dos EUA

O palpiteiro nunca admirou Michael Jackson, mesmo tendo dançado algumas músicas melosas da fase Jackson Five dele, na década de 1980. Era comum na época. E valia mais a companhia do que a música. Íamos aos bailinhos e a música de Michael Jackson era tão importante para a maioria das pessoas quanto aquela que toca nos elevadores ou na sala de espera dos médicos e dentistas. Havia quem gostasse muito. E eram essas pessoas que compravam os discos dele.

Com a morte dele, os urubus de plantão tentam arrumar uma forma de promoção de suas palavras, na onda do cadáver. Vale tudo, até mesmo comparar Jackson aos Beatles ou a Elvis Presley. Tem gente querendo que pegue a expressão "o rei do Pop".

Mas o que é a música Pop?

É um fenômeno da indústria americana. Antigamente se fazia música para execução ao vivo apenas. O Blues, Jazz, Country, a música clássica européia, o Samba e a música caipira brasileira nasceram socialmente. Alguns tocavam e outros ouviam, cantavam e dançavam juntos.

O século XX mudou nossa relação com a música. Rádios, discos e, mais tarde, a TV, tornaram possível levar uma mesma música a milhões de pessoas. Em diversos países. E a indústria dos EUA viu que poderia ganhar muita grana com isso.

Na era do fordismo, nada mais natural do que massificar a música. A massificação é lucrativa. Gravar apenas um disco de um único artista e vender aos milhões é mais barato do que dar espaço a vários artistas de diferentes estilos e culturas. Assim nasceu a música Pop, para vender. O segredo é pegar um músico ou intérprete com talento, carisma e de preferência bonito. Hoje ter beleza e carisma tornou-se até mais importante do que o talento.

Em Detroit, Michigan, nasceu uma gravadora chamada Motor Town Records. Mais tarde tornou-se a Motown, uma abreviação do nome original.

Foi justamente a Motown que popularizou artistas negros antes relegados a seus grupos específicos. Pois até a década de 1950 havia muito racismo nos EUA a segregar a música de brancos da música de negros. A força criativa e ritmica dos negros americanos, combinada com uma postura profissional mais adequada mudou essa história. Gradativamente deixou de ser feio um branco ouvir música de negro.

Mas a indústria da música percebeu que a criação de mitos impulsionava ainda mais as vendas. Foi assim com Elvis Presley na década de 1950 e com os Beatles na década de 1960. Por isso todas as gravadoras buscavam os mitos que renderiam rios de dinheiro. Uma relação de idolatria é conveniente. Pois o consumidor já não compra mais o disco pela música, mas por fidelidade espiritual ao que idolatra. Ter todos os discos de Michael Jackson ou de qualquer outro cantor tornou-se questão de afirmação de grupo.

A música Pop cumpriu bem o seu papel até a década de 1980, não por acaso, o auge da carreira de Michael Jackson. Artistas vendiam mais do que discos. Roupas, automóveis, sapatos, jaquetas e até luvas brancas. Tudo relacionado ao cantor Pop podia ser negociado. Michael Jackson não era o único a explorar esse mercado. Era apenas o mais bem sucedido.

Mas o mundo mudou lentamente. Na década de 1970, americanos de Los Angeles, Nova Iorque e ingleses de Londres perceberam que a música tinha alcançado um nível de prostituição muito alto. Grandes concertos, efeitos especiais e o tratamento quase religioso dado alguns cantores e bandas começaram incomadar muita gente. E foi na Inglaterra que a coisa explodiu. Um oportunista chamado Malcon McLaren percebeu que havia desemprego, falta de perpspectiva social e insatisfação entre os jovens ingleses. Andou por NY e teve contato com uma banda escrachada mas de mensagem forte chamada Ramones. Quando voltou a Inglaterra descobriu que podia ganhar uma grana com a rebeldia.

Mc Laren criou os "Sex Pistols" utilizando alguns princípios da música Pop. Jovens com algum carisma, liderança, autenticidade. E com uma postura que empolgava. Musicalmente péssimos. Mas com uma mensagem de anarquia e liberdade que foi uma novidade. O Punk explodiu na Inglaterra com essa bandeira "sem deuses, nem mestres" e com o princípio do "faça você mesmo". Nada de idolatrar mitos musicais. Se você quiser, faça a sua própria música ou arte. Foram os Sex Pistols que usaram pela primeria vez na BBC a expressão FUCK, hororizando a sociedade londrina.

Deu certo o negócio, não a banda. Os Sex Pistols duraram menos de 3 anos. Mas a idéia pegou. Rebeldia e descaso com o que os outros iriam pensar deream lucro. E impulsionaram mais vendas de discos.

Pelo lado dos EUA muitas cosias já tinham mudado. Detroit já estava ameaçada pela indústira japonesa, coreana e européia. Fábricas fecharam, empregos sumiram e os EUA foram perdendo a capacidade de trazer novos rítimos e tendências musicais. A indústria fonográfica insistiu o quanto pode na música Pop, mas estava próxima do esgotamento.

O golpe fatal na música Pop veio nos anos 2000. Criar mitos ficou difícil com o avanço das novas tecnologias. Não adiantava mais fingir que Michael Jackson era um deus. Uma câmera digital aqui, um blog malicioso acolá, algum imagem no Youtube e o estrago já estava feito: tratava-se mesmo de um ser humano. Talvez um dos mais esquisitos, mas ainda humano.

As facilidades de obtenção de música por MP3, Ipod, Cds e DVDs piratas fizeram as vendas de discos despencarem. O mercado de música foi pulverizado. Michael Jackson vendeu cerca de 750 milhões de cópias de discos. Quando? Faça essa pergunta. Quantas cópias vendia dias antes de sua morte?

A cada menção de Jackson como o "rei do Pop" fica evidente o canto do cisne. O ato final de uma indústria musical que se não morreu, ao menos teve que mudar. Pois quem, no mundo hoje, consegue vender mais de 1 milhão de cópias de CD? Quem você conhece hoje que lhe tenha dito que comprou na semana passada um novo CD?

Curioso momento esse. Uma crise financeira que coloca os EUA na defensiva e a morte de um dos seus maiores símbolos de vendas.

Michael Jackson foi um produto que tem agora a sua data de validade quase vencida, pois está vendendo discos como hámuito não o fazia. Mas as pessoas logo o esquecerão. Já não atende mais as necessidades da economia atual.

Um dos grandes trunfos da Pepsi para tomar mercado da Coca Cola na década de 1980 foi justamente a escolha de Michael Jackson como garoto propaganda.

Hoje falamos de menos refrigerantes, combate a obesidade e a busca por uma vida mais saudável.

O palpiteiro lamenta a morte de Michael Jackson como lamenta a morte de qualquer ser humano. Inclusive aqueles que nesse momento são esquecidos, como as vítimas mais pobres da gripe suína. Mas não deixa de ser interessante assistir o funeral de Michael Jackson como o prenúncio de uma era que está chegando ao seu fim. Talvez mais tarde, talvez mais cedo, mas quem está em coma mesmo é a indústria da música Pop...

Thursday, May 07, 2009

E a gripe chegou

Nesse exato momento, sabe-se que há pelo menos 4 casos da gripe suína no Brasil. 

Era questão de tempo para que chegasse. O Brasil faz comércio com quase todos os países do mundo. Tem grandes relações de comércio, cultura e turismo com o México. Todos os anos muitos brasileiros utilizam o México como rota para entrada ilegal nos EUA.

E daí? Daí que o ministério da saúde afirma que os 4 casos identificados são de pessoas que foram medicadas, não apresentam riscos de morte ou de transmissão.

Tudo como já foi dito e palpitado por aqui antes. A gripe suína vai revelar muito mais sobre as carências sociais dos países do que propriamente uma doença com cara de juízo final.

Ao contrário de um tipo de Apocalipse, no qual "a doença, a fome e a guerra" assolariam a humanidade, separando os bons dos maus, teremos um epidemia que deixará mais evidente a diferença entre desenvolvimento e subdesenvolvimento. 

Quem tiver acesso a sistemas de saúde eficientes terá mais chance de resistir. Países que negligenciam a saúde de seus povos serão os mais afetados. 

O palpiteiro tem contato com mais de 1.000 pessoas durante todas as semanas em salas de aula. Não vai usar máscara. Mas irá sempre lembrar que o pânico disseminado pela imprensa é inútil, e lucrativo, para alguns. 

Pessoas com medo não saem de casa. Assistem mais TV e ficam mais tempo na internet. Pessoas com medo não conversam com vizinhos, não ficam na calçada e buscam a segurança do isolamento. Pessoas com medo ficam mais suscetíveis às propagandas. E consomem mais. 

O medo faz mal ao ser humano. E dá uma boa grana para quem souber explorá-lo... 

Wednesday, February 25, 2009

Jerry Lewis

Para quem gostava de ver Jerry Lewis na sessão da tarde e que se lembrou dele após uma constrangedora homenagem do Oscar:

Saturday, February 21, 2009

Carnaval

Alguém poderia dizer que o Carnaval morreu em SP. Sem brincadeiras nas ruas, sem as antigas seringas com água, sem fantasias, sem música.
Alguém poderia dizer que SP ficou tão desumana e sem-graça, que é comprrensível que tanta gente procure sair da cidade sempre que possível. Feriado de Carnaval, por exemplo.
Mas o palpiteiro acredita que enquanto existirem amigos em reunião para churrasco, cerveja e conversas sobre bobagens, o Carnaval resistirá.
Se ainda há alguém ouvindo um samba antigo, uma marcha de matiné, ou ainda querendo entender a razão de toda escola de samba possuir uma ala das baianas, é sinal de que o Carnaval não morreu.
O Carnaval é uma festa que só existe com pessoas querendo ser felizes. Ao menos por alguns dias. Enquanto existirem essas pessoas, existirá o Carnaval.
Bom Carnaval a todos.

Wednesday, February 04, 2009

Alguns Clubes de São Paulo

"Com 10 mil sócios titulares e contribuintes, que levam mais 15 mil dependentes, o clube é freqüentado diariamente por 3.700 pessoas, que usufruem de 39 modalidades esportivas. Para se associar, é preciso indicação de um grupo de membros veteranos e pagar adesão de R$ 160 mil, além da taxa de manutenção mensal de R$ 400." Folha on-line, 18/11/2008.
"2º Edital 2008 - venda de 80 títulos por Edital em Dezembro
Inscrições de 8 a 13 de dezembroAssinatura dos contratos de 17 a 27 de dezembroValor do título R$6.000,00Taxas de transferência iguais às exercidas na Central de AtendimentoDemais condições e procedimentos..." Sítio do Esporte Clube Pinheiros, datado de 24/11/2008
"Para candidatar-se a sócio, é necessário ser apresentado (a) por dois sócios titulares, com pelo menos dois anos no quadro social e que não sejam membros da Diretoria ou Comissões que analisam os processos de admissão;
- O trâmite para aprovação da proposta da admissão leva em média 45 dias, sendo inicialmente afixada sua proposta por 30 dias na entrada do clube para conhecimento dos associados."
Sítio do Clube Paineiras, Morumbi
"A partir da décima doação voluntária de sangue, a Fundação Pró-sangue lhe dará o honrado lugar no Clube Irmãos de Sangue. Basta atender a todos os requisitos. Não precisa pagar nada. Você doa sangue e ainda toma um lanchinho com direito a suco" Relato do palpiteiro, após a sexta doação. Duas foram vinculadas a pacientes que precisaram de sangue. 4 foram voluntárias. Faltam apenas 6 para o palpiteiro entrar no Clube dos Irmãos de Sangue.
Clubes fechados nunca despertaram ambições no palpiteiro.
Para saber mais:

Friday, January 23, 2009

A Rota dos Ratos (Ratlines)

Em tempos de acusação de anti-semitismo para aqueles que criticam atualmente as atitudes militares de Israel, não custa lembrar de uma historinha para lá de interessante.
A Rota dos Ratos ou Ratlines foi o nome dado ao esquema internacional que permitiu a fuga de milhares de nazistas acusados de crimes contra a humanidade. Não se sabe ao certo quantos nazistas delas se aproveitaram, mas o mais importante é saber que existiu e que ainda sabemos muito pouco dos detalhes que envergonhariam muitas pessoas e instituições.
Após a rendição alemã, os aliados (EUA, França, Reino Unido e URSS) decidiram julgar aqueles que colaboraram com os abusos que resultaram na morte de milhões de pessoas. Mesmo antes desse fato muitos nazistas sabiam que seriam julgados e condenados. Antes mesmo da rendição alemã, muitos já haviam fugido. "Os ratos são os primeiros a abandonar o navio", ensina o ditado que acabou por dar nome ao esquema de fuga.
Em primeiro lugar teriam melhores condições de fuga aqueles que possuíssem recursos valiosos para serem negociados. Diamantes e ouro, por exemplo, tomados dos judeus e demais povos oprimidos pela Alemanha Nazista. Assim, os maiores usuários da Rota dos Ratos foram oficiais de maior patente, justamente os que tiveram maior acesso a bens e formas de corrupção durante a guerra. Não por acaso, alguns dos maiores criminosos e assassinos.
O primeiro passo era se desfazer de documentos e demais formas de identificação. Coronéis e Capitães se fizeram passar por soldados rasos. Em seguida arrumaram algum jeito de chegar até a Itália. Os meios foram variados e sempre clandestinos. Trens e caminhões de carga. Os mais bem relacionados já saíam com documentos falsos, mas foram raros.
Na rede de relações desses criminosos aparecia a Máfia italiana. Perseguidos pelos fascistas de Mussolini, muitos mafiosos colaboraram com a CIA, facilitando a entrada das tropas americanas no Sul da Itália. O fato de Michael Corleone ser um soldado americano em O Poderoso Chefão I não é mera coincidência...
Mas além da Máfia, muitos nazistas tiveram uma ajuda acima de suspeitas: padres e bispos católicos. O Bispo Católico Alois Hudal foi o mais conhecidos desses.
O esquema era relativamente simples. O Bispo emitia um documento com um nome falso para o fugitivo. Não chegava a ser um passaporte, mas era um documento reconhecido pela Cruz Vermelha. O fugitivo com nome falso pedia através da Cruz Vermelha um visto de entrada para algum país fora da Europa, em especial a América do Sul. Teoricamente a Cruz Vermelha deveria conferir a veracidade das informações, mas o respeito pela Igreja Católica servia como atestado.
Muitos nazistas vieram para a Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Na região havia muitas comunidades com descendentes de alemães que os abrigavam. Ofereciam ajuda por dinheiro, solidariedade diante de um alemão que pouco sabiam de seus atos ou ainda mesmo por convicção. Simpatia pelo nazismo também.
Em São Paulo, grandes criminosos nazistas desembarcaram usando a rota dos Ratos. Josef Mengele chegou a Argentina primeiro, com proteção do governo peronista. Procurado, ficou algum tempo no Paraguai, sob a omissão da ditadura de Stroessner. Perseguido, entrou no Brasil. Viveu um bom tempo no município de Caieiras, próxima a duas grandes indústrias Melhoramentos e Voith, com muitos funcionários alemães. Ao que parece, Mengele teve a generosidade de alemães simpáticos ao Nazismo em SP.
Franz Stangl foi responsável pela morte de 900.000 pessoas no campo de Treblinka, na Polônia. Trabalhou como supervisor de fábrica na VolksWagen até 1967. Foi descoberto e extraditado para a Alemanha, onde morreu após ser julgado e preso.
Gustav Franz Wagner viveu em Atibaia, interior de SP e, assim como Franz Stangl, usava seu nome verdadeiro. Chegou a ser descoberto e denunciado internacionalmente. Mas não foi extraditado. Acabou se matando algum tempo depois.
Com a morte desses nazistas, muitos dos segredos da Rota dos Ratos foram enterrados.
Mas até que ponto autoridades brasileiras da época coloboraram?
As autoridades brasileiras foram omissas por incompetência ou simpatia?
Quando o Vaticano vai abrir seus arquivos e reconhecer que alguns de seus sacerdotes ajudaram Nazistas criminosos de guerra?
E os alemães e descendentes que ajudaram esses nazistas no Brasil? Quem será que eles apoiam nas eleições?...