Thursday, August 30, 2012

Os 100 mil acessos

Em questão de horas, de acordo com as estatísticas do Sr. Google, o espaço em que agora escrevo terá alcançado 100.000 acessos. 

É razoável aceitar que uns 5.000 deles são do próprio palpiteiro, dada a necessidade de acessar o blog para   postar palpites, moderar comentários, ou simplesmente cortar o caminho para acessar os blogs do Luis Nassif e do Paulo Henrique Amorim.

A ideia do blog em questão nasceu da arrogante necessidade de publicar opiniões que ninguém solicitou. Mas também manter o agradável exercício da escrita. Escrever é antes de tudo uma prática. O palpiteiro sempre gostou de escrever, desde a primeira série do antigo primeiro grau. A composição com uma narrativa "da barata" se perdeu com o tempo. Mas está na memória, na folha de linguagem, com o carimbo da "lição da barata", que a professora usava para estimular a imaginação da molecada. (Os mais velhos devem se lembrar da lição da Barata da Cartilha "Caminho Suave").

Escrever é muito bom para quem gosta e tem tempo. Mas, segundo o velho Jorge Luís Borges, ler é a atitude mais nobre. Quando escrevemos perdemos tempo pensando nas palavras mais adequadas para ideias que ainda não temos necessariamente a clareza do que significam. No papel riscamos, na tela, deletamos. Mas ler é nobre. E o velho poeta cego disse que a pessoa que lê dedica-se apenas a ler. Não porta caneta, não mira o papel e não pensa em palavras. Desfruta das ideias e libera a imaginação. Borges sabia da importância do leitor para tudo o que escreveu. 

Escrita sem leitura não tem valor algum.

Sem demagogia, sem apelação ou markentig miserável, o palpiteiro agradece aos que por aqui passaram e leram, mesmo que apenas alguns parágrafos. Nesses 100.000 acessos não se descarta o número de pessoas que abriram, viram o título, leram a primeira linha e mudaram de endereço, em busca de algo mais importante. 

Mas há certamente aqueles que leram e gostaram. E tantos que se indignaram. Além dos que apenas lamentaram. 

Seja como for, o que vale é a comunicação. Não apenas aos que leram, mas principalmente àqueles que de algum modo pensaram no que foi escrito. A essas pessoas dedico o trabalho e o tempo - escasso - para algo em torno de 700 postagens e, agora, 100.000 acessos. 

Não parece nada. 

Para mim é muito. 


Grato a todos. 


Sergio de Moraes Paulo - opalpiteiro.



Obs.: em homenagem aos que passam por aqui, quero fazer algum tipo de sorteio. Vou escolher o livro, mas não me atrevo a montar a forma de presenteá-lo. Quem se dispuser a ter alguma ideia que seja simples e justa, que apareça. Não encontro outra forma mas adequada de solução que não seja a colaboração dos amigos - e eventuais inimigos- que acessam esse blog de quando em vez.

Tuesday, August 07, 2012

Hinos bonitos

Gostar do hino nacional dos outros não para qualquer um. Mas professores de Geografia, História e eventuais curiosos apreciam esse desvio.

Hinos nacionais surgem por razões diversas e nem sempre nobres. Não raro prevalecem pelo gosto do que estão no Poder e que desejam perpetuar o momento de seu comando. 

O hino da França tem tanto melodia quanto uma história bonita. Não nasceu para ser o hino oficial do país. Mas o seu significado foi tão forte que os franceses acabaram por adotá-lo. Foi o hino que ajudou a mobilizar as massas que da Revolução Francesa participaram. Seu apelo popular é tão forte entre os franceses que chegou a ser proibido por algum tempo.




O hino de Israel tem uma melodia triste e uma letra em forma de oração. O sofrimento dos antepassados em diferentes momentos da história serve para entendê-lo. Não precisa ser judeu e nem saber hebraico para se ter uma ideia do que representa. 


O da Alemanha é também interessante e com uma melodia não menos impactante. Originalmente nasceu como a "Canção dos Alemães" e pegou como hino. Há uma polêmica em torno de alguns de seus trechos. Quando se canta "Alemanha acima de tudo", há quem imediatamente acredite ser herança nazista. O mais interessante é saber que foi adotado como hino antes da ascensão dos nazistas. A turminha fanática do Hitler não inventou a exaltação da "Alemanha acima de tudo", mas soube aproveitar bem para os seus interesses. No pós-guerra o trecho em questão era evitado, e cantado apenas pelos neonazistas de plantão. Após a queda do Muro de Berlim, da reunificação do pais e de muitas discussões internas, aceitou-se que o hino deve ser cantado em sua versão integral. Com polêmica e tudo.


Os EUA podem ser criticados por muitas coisas. Mas indiscutivelmente possuem um belo hino. O palpiteiro nunca se deu ao trabalho de ler a letra com calma. Mas a sua melodia é muito agradável. Protestos à parte, Jimmy Hendrix o melhorou muito...


O da Argentina não deixa de ser bonito também. Mas provocações deixadas de lado, o palpiteiro tem sempre a impressão de ouvir muito mais um toque de fanfarra do que propriamente um hino. Como o da Itália, que lembra muito uma festa animada em alguma cantina do Bexiga. Embora alguns italianos apreciem muito uma segunda música que entendem ser uma espécie de segundo hino. Trata-se de Nabuco, de Verdi. Muito bonita, sem dúvida. 




O hino hino nacional brasileiro às vezes soa como marchinha, é animado e muito comprido, comparado aos dos outros países. Mas não deixa de ter sua beleza. Difícil é saber o quanto gostamos dele por ser belo ou apenas por representar o país.

Mas na tendenciosa, parcial e inútil opinião do palpiteiro, poucos chegaram perto do hino da Rússia. Eles tinham uma monarquia imoral quando os Bolcheviques tomaram o Poder e precipitaram a Guerra Civil que resultou na Revolução Russa. Lênin, a exemplo de outros líderes políticos, entendeu que era necessário um novo hino, para um novo país, que inaugurava uma nova era. 




Entenderam os líderes da Rússia comunista que o hino mais adequado seria a versão em russo da Internacional Socialista. Acreditavam que lideravam um novo processo de transformações que algum dia aboliria as fronteiras dos países. 

Lênin morreu, Stalin se tornou ou líder da URSS e a revolução mundial não ocorreu como anunciado. Assim como muitas coisas boas prometidas também não se confirmaram. 

Na Segunda Guerra Mundial os nazistas invadiram a URSS. Stalin e seus generais acreditaram que a mobilização nacionalista na guerra exigia um hino próprio. Encomendaram um hino com melodia forte e letra para lá de russa. Ele ficou pronto em 1944 e agradou muita gente cansada dos alemães. 

Os russos gostaram do hino, mas na década de 1950 alteraram a letra, que exaltava Stalin no momento em que denunciavam os abusos do seu regime ditatorial. 

Logo após o colapso do regime socialista e da desintegração da URSS abandonaram o hino de 1944, alterado na década de 1950. 

A URSS acabou em 1991 e, em 1992, nos jogos olímpicos de Barcelona, a Rússia se manteve como maior ganhadora de medalhas de ouro. O inusitado era assistir a medalhistas russos, orgulhosos de suas vitórias, mas constrangidos por ouvirem um hino que já não lhe dizia muito a respeito de seu país. 

Na década de 2000, a turma de Vladimir Putin inaugurou o hino atual. Mantido com a melodia e a exaltação da Rússia, dos tempos da URSS, mas com alterações na letra, para não incomodarem aqueles que se irritam com a lembrança dos erros e abusos da era soviética. 

Nos jogos olímpicos de Londres a Rússia já não tem mais a força dos tempos da Guerra Fria. Ver a Coreia do Sul ter mais medalhas que ela deve ser muito desagradável para muita gente da Bacia do Volga. Mas de uma coisa eles não podem reclamar: ainda vêem sua bandeira tremular em modalidades nobres e ouvem um hino que muito gostam. Assim como palpiteiros pelo mundo afora.