tag:blogger.com,1999:blog-375306252024-03-07T15:24:22.517-08:00opalpiteiroSérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.comBlogger127125tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-70163247015154996482014-12-17T18:07:00.002-08:002014-12-17T18:07:28.262-08:00O que pode mudar entre EUA e CUBA.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 1961 os EUA decretaram o embargo comercial contra Cuba, isolando a ilha economicamente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O regime cubano foi mantido tanto por fatores internos (propaganda, avanços sociais e repressão a opositores) quanto por fatores externos ( embargo comercial que fortaleceu o sentimento nacionalista e os recursos generosos oferecidos pela então URSS). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os admiradores do regime cubano ressaltam os indiscutíveis avanços sociais do país em relação ao que se observa no Caribe, entre países com características semelhantes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os críticos destacam as perseguições políticas e o baixo padrão econômico, evidenciado pela carência de recursos básicos, como bens de consumo e alimentos, por exemplo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 1991 acabou a URSS, a Guerra Fria e a ajuda soviética para Cuba. Se há algo que se pode criticar tanto à direita quanto à esquerda no regime cubano é justamente a incapacidade do país em ter se preparado para sobreviver por conta própria, sem a ajuda russa ou de quem quer que fosse. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A Guerra Fria acabou na Europa mas não na América Lationa. O embargo comercial imposto pelos EUA e o isolamento de Cuba permaneceram. O ódio anti-cubano foi mantido principalmente na Flórida, onde há uma forte e influente comunidade cubana. Esse ódio tem sido contrabandeado para o Brasil junto com camisas da Lacoste, blusas da GAP e cremes anti-celulite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O sistema eleitoral dos EUA é doido e alguns estados têm um peso decisivo para a corrida presidencial. A Flórida é um desses estados que podem decidir qual partido governará o país, Republicanos ou Democratas. Os cubanos e seus descendentes da Flórida que podem votar tendem a condicionar seu voto ao discurso de ódio contra o regime cubano. Muito mais por conveniência eleitoral do que por motivação de princípios o embargo comercial tem sido mantido contra Cuba, que se ressente muito por isso. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nos últimos meses dois fatos históricos ocorreram nos EUA. O primeiro foi a declaração da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton, de que o embargo contra Cuba deveria ser revisto. O segundo foi a aprovação de uma nova lei que permitirá a legalização de milhões de latinos ilegais que vivem nos EUA. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os dois fatos podem ter ser importantes para entendermos o que ocorreu hoje, 17/12/2014, o dia em que EUA e Cuba anunciaram sua reaproximação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De um lado, o partido democrata dos EUA parece estar inclinado em favor de maiores e melhores relações com Cuba, o que pega bem para imagem do país na comunidade internacional e abre um mercado de 11 milhões de habitantes. Parece pouco, mas em tempos de crise até consumidor pobre de Cuba é um bom negócio. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De outro lado, Obama parece ter apostado que as eventuais irritações e perda de votos dos anti-cubanos da Flórida possam ser compensados pelos novos eleitores que serão legalizados até as eleições de 2016. De acordo com a BBC, a perda de apoio dos cubanos à política de isolamento da ilha é forte. Estaria hoje abaixo dos 50%, quando chegou a ser de 64% há 10 anos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O gesto de hoje é importante, mas não garante a normalização imediata das relações entre os EUA e Cuba. Isso pode ser dito com base nos seguintes entraves: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- a oposição do partido Republicano que detém expressiva bancada no Congresso dos EUA. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- a capacidade de lunáticos cubanos ou da CIA de provocarem algum incidente que resulte em alguma tensão entre os dois países. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- o tipo de transição que Cuba aceita ter e que os EUA gostariam que ela tivesse. Pelo lado cubano há uma tendência de realizar reformas ao estilo chinês, em que se combina abertura da economia com manutenção do regime político. Isso tem sido feito há mais de 10 anos mas não avança por uma razão óbvia: ao contrário da China, Cuba não conta com investimentos de empresas americanas que dêem suporte econômico ao país. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- pelo lado dos EUA há setores que se dividem. De um lado estão empresas que querem a rápida normalização das relações econômicas com o fim do embargo. Esses setores estão vendo que Cuba já faz negócios com a Venezuela, China, Canadá, países europeus e com o Brasil. Sabem principalmente que se demorarem muito perderão mercado. De outro lado estão aqueles que perderam com a revolução socialista. Empresas e bens imóveis como fazendas e hoteis foram tomados pelo estado socialista e poderão ser privatizados em algum momento. A questão é simples de ser feita, mas não é fácil de ser respondida: a quem de fato ou de direito pertencem esses bens? Aos antigos proprietários, empresas e ou descendentes, ou ao Estado cubano?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De todos os entraves que possam dificultar o processo de reaproximação entre os dois países, a questão da propriedade daquilo que foi nacionalizado - ou confiscado se preferir - é um dos mais importantes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">É sensato acreditar que os dois lados já tenham conversado muito sobre esses problemas. Em geral, ficamos sabendo um dia algo que foi por muito tempo negociado, muitas vezes secretamente. Seria ingenuidade imaginar que as questões acima não tenham sido tratadas, em especial a das propriedades. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De nosso lado fica a expectativa do que possa acontecer. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Particularmente o palpiteiro aguarda o malabarismo retórico que muitos outros palpiteiros tupiniquins terão para explicar o dia de hoje. Entre alguns setores da imprensa brasileira Cuba tem sido pintada como a terra de belzebu há décadas, com especial ganho de agressividade nos últimos 6 anos. Será divertido ver gente se desdizendo em face de uma realidade que é irrefutável: a história avança e as retaliações impostas pelos EUA a Cuba precisam ser revistas e no mínimo amenizadas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No meio de tudo isso, a normalização das relações econômicas de Cuba com os EUA tornará o porto de Mariel, financiado pelo BNDES, muito relevante para empresas brasileiras com interesses no mercado internacional de diversos setores. Ou seja, a construção de um porto que foi visto como capricho ideológico de comunistas brasileiros poderá ser estratégica para a afirmação do capitalismo brasileiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Política internacional é um troço interessante. Ás vezes muito divertido...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por curiosidade: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O record de tentativas de assassinato de Fidel Castro, a maioria da CIA ( que pode ser muita coisa, inclusive incompetente)...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2011/12/15/fidel-castro-e-pessoa-que-mais-sofreu-tentativas-de-assassinato.htm</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A análise da BBC ( quem se informa pela veja é tonto)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/12/141217_normalizacao_eua_cuba_jf</span></div>
<br />
<br />
<br />Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-81055382681420342102014-12-05T10:10:00.000-08:002014-12-05T10:10:40.337-08:00Mandela, há um ano.<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano morreu Madiba Mandela. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano o mundo reviu imagens e cenas da luta do povo sul-africano contra um regime racista oficial chamado Apartheid. O regime que em seu auge separou até o sangue de brancos e negros nos hospitais sul-africanos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há pouco menos de um ano o mundo assistiu a uma das cenas mais inusitadas da história recente. Vimos uma leva de chefes de estado e de governo no estádio onde se realizou a cerimônia de despedida de Madiba Mandela. A cerimônia que teve a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki Mun.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A mesma cerimônia em que apenas 5 chefes de estado puderam discursar, sendo da Índia, Cuba, China, EUA e Brasil. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano a foto da conversa amistosa entre Barack Obama e Raul Castro correu o mundo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano a presidenta Dilma e ex-presidentes brasileiros viajaram juntos, em missão oficial, para a despedida de Madiba Mandela. José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Há um ano...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O mundo, por alguns dias, dividiu-se entre a tristeza da partida de Madiba Mandela e o orgulho de ter compartilhado a existência com uma das maiores lideranças políticas do século XX. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O século que teve o Holocausto, a bomba de Hiroshima e a Guerra do Vietnã. O século que aprendeu, ao custo de muito sangue e tristeza, a importância do diálogo e do respeito ao outro. O século que deveria ter ensinado alguma coisa a respeito da necessidade da tolerância frente ao diferente, divergente e incomum. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O tempo pode ser percebido de diferentes modos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para uns, um ano é quase nada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para outros, pode parecer uma eternidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano o mundo sorria em meio à tristeza da morte de um homem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hoje vivemos ainda a incômoda e perigosa realidade do preconceito que assassina negros nos EUA, em Ferguson ou em Nova Iorque. A mesma realidade que mata tantos jovens negros no Brasil, em proporção maior do que a de jovens de outras cores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Vivemos a realidade da expressão do ódio sobre nordestinos e pobres. O ódio que aflora pela incapacidade de aceitação da diferença de opinião, orientação sexual, ideologia, cor da pele ou gênero. A realidade em que alguns veteranos do curso de medicina da USP estupram. A mesma realidade em que agentes da PM paulista matam fora da lei. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano uma parte da humanidade sentiu a falta de um líder como Madiba Mandela. É bem verdade que outra parte da humanidade respirou aliviada diante da baixa de um peso-pesado da luta pela igualdade racial. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há um ano o mundo parecia ter parado para honrar a passagem do homem que servirá como referência de luta para muitas gerações. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hoje Mandela faz falta. Assim como sua postura, sua luta e sua humanidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Que a lembrança de sua morte nos sirva para manter a consciência de que a luta contra o que é errado e nocivo para humanidade não deve parar, nunca. Ainda que diante de tantos que hoje se evidenciam com tanta maldade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mandela vive e viverá enquanto dele nos lembrarmos. </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-75051261975469846672014-11-27T07:36:00.001-08:002014-11-27T07:36:58.361-08:00A Fuvest deveria ser uma prova, não uma novela. <div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Há muitos a Universidade de São Paulo aplica provas para selecionar candidatos para os seus cursos. Há muitos anos que esse fato é visto, vivido, contado e sofrido de diferentes modos. Aqui o que se faz é apenas isso: acrescentar mais uma às diversas interpretações e lendas que o exame seletivo da Universidade de São Paulo inspira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O mais curioso na abordagem no processo seletivo da Universidade de São Paulo é a sua narrativa. Na era do "jornalismo de novela", a história rende com um enredo simples, personagens marcantes, herois, vítimas, vilões e um final feliz. E todos os anos, no mês de novembro, a mesma novela é veiculada no noticiário e surge como temas de conversas familiares, amigos e outros grupos carentes de maiores distrações. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Essa novela digna da programação vespertina do SBsTeira tem títulos e nomes que já foram incorporados em nossa linguagem. O exame seletivo</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"> para ser facilmente assimilado pelos espectadores da novela foi simplificado pelo singelo "Fuvest", sigla da Fundação Universitária para o Vestibular. A própria universidade também foi reduzida a uma sigla, USP. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Esqueça a história de que o exame já fora feito de diferentes formas para diferentes cursos, que já incluiu entrevistas orais ou que já fora aplicado em conjunto com outras universidades. Não leve em conta que a Fuvest aplica uma prova com um objetivo tão simples quanto cruel, que é milhares de pessoas, muitas delas com pleno potencial de aproveitamento acadêmico. Desconsidere o necessário questionamento a respeito dos critérios levados em conta para a elaboração das provas que são consideradas muito boas, mas que a sensatez lembra que estão longe de serem perfeitas. Muito longe. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">A novela da Fuvest exige que tudo seja reduzido à sigla. Isso agiliza a conversa, evita maiores reflexões e garante a popularidade. A audiência gosta e repercute. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O enredo da novela poderia ser resumido "à saga dos bravos guerreiros que enfrentam muitas dificuldades para garantir seu lugar ao sol". Ou " a conquista da honra de ser tornar uspiano". Ou " a garantia de que o futuro será melhor para aqueles que vencerem". Ou ainda que "os melhores prevalecerão". Cá entre nós, não há novela sem exageros e dramas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Como todo enredo, é preciso haver a construção de situações e personagens que nos levarão ao ápice e, para que tenha sucesso de público, apresente um final feliz. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Assim, a história abrange o "professor legalzão" do cursinho, que diverte e "ensina brincando". A menina que estuda 16 horas por dia e que almeja uma vaga no curso de medicina e confessa seu sonho: "quero ser pediatra" ou de que "gostaria de ajudar as pessoas em programas de ajuda humanitária". Volta e meia aparece também o caso do vestibulando, aluno do cursinho que se destaca nos simulados, estuda muito e ainda tem tempo para malhar na academia, distrair-se com jogos eletrônicos, tocar guitarra, andar de skate, fazer jiu-jtso e ter uma namorada. Ou seja, um jovem como você, tão humano como qualquer um de nós, só que um pouquinho mais interessante que nossa mediocridade existencial pode admitir. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">O ápice da novela da Fuvest é precedido de matérias "jornalísticas" que primam pela originalidade. Todos os anos uma equipe do Jornal Hoje ou do Jornal Nacional filma a aula da véspera da prova, entrevista o professor para uma aula comum e verdadeira, pois, afinal de contas, quem entre nós já não assistiu a uma aula com uma equipe da Rede Globo na sala? O espetáculo deste tipo de "reportagem" conta ainda com "as dicas do que pode cair na prova" - como se todo mundo anotasse e conferisse depois. Para finalizar, a "matéria" é finalizada com as recomendações sobre o que você pode ou não pode fazer no vestibular e os horários de fechamento dos portões. Com frequência o âncora anuncia a próxima matéria, que normalmente surpreende por apresentar alguns times que irão jogar na reta final do brasileirão... </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O dia de realização da FUVEST é o ápice da trama que se repete em prosa e vídeo há tantos anos. Na falta de assunto, links com chamadas ao vivo mostram o congestionamento de veículos a caminho. À noite, as cenas de candidatos chorando diante de portões fechados anunciam o último capítulo. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No mês de fevereiro a lista dos aprovados fecha o enredo da novela. Cenas de alunos emocionados, pais entrevistados em momento de jubilo e muitos rostos pintados. No intervalo comercial anúncios publicitários de universidades particulares ou cursinhos surgem como amparo àqueles que não puderam desfrutar da felicidade festejada e promovida pela TV. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">Estamos a pouco tempo da realização de mais uma primeira fase para Fuvest. Seja lá qual for a sua expectativa, sonho ou angústia, ela será realizada como tem sido há tanto tempo. Alguns irão bem e outros nem tanto. Pouquíssimos conquistarão pontos com folga para o curso desejado. Um número considerável de candidatos atingirá a nota mínima para a segunda fase de provas. A maioria lamentará a ausência do nome entre os convocados para a sequência do exame. Seja lá qual for grupo em que você esteja, o mundo continuará a ser maior do que essa prova. Todos os que se inscrevem na Fuvest desejam o mesmo. O fato de alguns conseguirem atingir seus objetivos e outros não, é explicado por uma série de fatores que antecederam a prova. Seu desempenho, seja lá qual for, é apenas um momento de uma vida escolar com experiências boas e ruins que fizeram sua história. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">E acredite, a história da sua vida é muito mais séria e importante do que uma prova de exame vestibular. Ou maior do que qualquer novela que simule uma realidade que não condiz com o que as emissoras de rádio e TV mostram todos os anos. A novela da Fuvest pode ser repetida, mas sua vida é única. Aproveite-a bem. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"> </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"> </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-52985539778466876202014-11-22T04:42:00.001-08:002014-11-22T04:42:37.684-08:00Moisés da Rocha, guerreiro do Samba, guerreiro da Paz. <div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na era digital poucos meios de comunicação têm aproveitado tanto novas oportunidades quanto aqueles que se dedicam ao rádio. A invenção velha que as novas tecnologias turbinaram. Enquanto a TV perde para o youtube e os computadores para os celulares, o rádio parece não apenas ter se adaptado e resistido, mas sobretudo se fortalecido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Diferentes das outras mídias, o rádio proporciona uma identidade singular. Tornamo-nos amigos de locutores, âncoras e repórteres. Assumimos paixões e ódios em relação a emissoras e programas. De vez em quando brigamos e mudamos de estação. As emissoras podem mudar, assim como as pessoas, mas a relação de lealdade permanece.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">E poucos programas e radialistas podem ostentar a honra de ter tanta gente fiel e leal quanto ao que motiva esse palpite, escrito no dia da consciência negra. Pois quem explora o dial na Grande Paulo sabe que há décadas há um programa peculiar e muito respeitado por quem entende de rádio e cultura brasileira: "O samba pede passagem", apresentado por Moisés da Rocha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O programa de Moisés da Rocha pode ser apreciado na Rádio USP, na sintonia dos 93,7 Mhz, aos sábados e domingos, a partir do meio-dia. Ouvir "O samba pede passagem" é ter a oportunidade de conviver com a cultura viva, permanente, emocionante e marginalizada do samba, dos sambistas e de seus admiradores. Na verdade o programa prima pela simplicidade bem conduzida: é de entretenimento, pois proporciona o contato com a música que distrai e alivia a alma. É informativo, pois é o único canal de notícias que noticia ensaios de escolas de samba diversas, festas comunitárias, datas simbólicas e calendários de atividades ligadas ao mundo do samba. Mas o programa também é formativo, pois sempre é possível aprender algo sobre a cultura e a sociedade brasileira, por meio de histórias e entrevistas com gente que vive do samba, pelo samba e para o samba.</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas o que diferencia não é o conteúdo, mas a proposta. Oferecer o contato com algo da cultura popular brasileira com a preocupação social, ética e humana. O samba, normalmente lembrado pela mídia grande apenas no carnaval ou pelos estereótipos de costume, é tratado com respeito, mais do que por admiração. Em "O samba pede passagem" sabe-se que a música é uma das manifestações legítimas da identidade que permite a luta comum pela liberdade de um povo. E todos os programas isso é lembrado na voz do insuspeito Plínio Marcos numa gravação que é mais do que um jingle ou chamada, mas o compromisso de quem produz, participa, apresenta e ouve. Como diz o apresentador, "tá todo mundo convidado!".</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas afinal de contas, quem é Moisés da Rocha? O homem que defende o samba com carinho é antes de tudo tolerante diante das diferenças. Criado em Ourinhos e com formação Metodista, há quem estranhe quando o ouve desejar "axé" para as pessoas. Moisés da Rocha é antes de tudo um respeitador das diferenças de cor, cultura, classe social e religião. Canta no "Coral de Resistência de Negros Evangélicos". E também foi um guerreiro de fato, não apenas simbólico. Na década de 1950 o Brasil participou da missão de Paz da ONU no Canal de Suez e Moisés da Rocha foi um dos soldados enviados. O guerreiro do samba foi também um soldado em um cenário de guerra. Nos dois casos em missão de paz, como pode se conferido pelo que tem disseminado nas últimas três décadas. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Numa entrevista à revista Trip, Moisés da Rocha declarou que seu programa "dá voz à periferia". Quem se dispuser a ouvi-lo poderá comprovar todos os fins de semana, a partir do meio-dia na rádio USP: "tá todo mundo convidado...". </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em tempos de polarização política, ofensas gratuitas, preconceitos generalizados e falta de bons modos, é gratificante saber que há alguém que tem lutado com firmeza e coerência sem levantar o tom da voz ou ter qualquer manifestação agressiva. Alguém um dia disse que era preciso endurecer sem perder a ternura e Moisés da Rocha é simplesmente assim: duro em sua trajetória mas também terno. Este palpite é dedicado não apenas a ele, mas a todos que de um modo ou de outro se sensibilizam e reconhecem a importância do dia da consciência negra. E àqueles que almejam um país mais justo, solidário e fraterno. </span></div>
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http://revistatrip.uol.com.br/so-no-site/moises-da-rocha.htmlSérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-60533221256239957972014-07-09T08:16:00.002-07:002014-07-09T08:23:12.090-07:00O peso da camisa do Flamengo na derrota por 7x1<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Brasil perdeu para a Alemanha por 7x1. Foi num jogo de semifinal, por uma Copa do mundo disputada em casa no ano de 2014.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No dia seguinte a perplexidade. Análises, justificativas e outros palpites de todos os lados. De todos os tamanhos. De todas as profundidades. E ao fim do último comentário ou desabafo um fato prevalecerá: o Brasil perdeu para a Alemanha por 7x1, tendo jogado em casa, por uma Copa do Mundo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Brasil perdeu porque jogou mal. A Alemanha venceu porque jogou bem. Ou o Brasil jogou a pior partida de sua história. E a Alemanha simplesmente jogou bem. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A seleção alemã jogou com uma camisa linda, homenagem ao time do Flamengo. Quem gosta e conhece futebol sabe o simbolismo disso. O Flamengo de Zico e Júnior. O Flamengo que foi campeão do mundo com um futebol alegre, mas acima de tudo bem jogado. O Flamengo de Adílio e Leandro. O Flamengo que jogava bonito num tempo em que o Grêmio tinha Renato Gaúcho e o Inter tinha Falcão. O Flamengo do tempo em que o São Paulo teve Careca, Oscar e Serginho Chulapa. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<img alt="Mario Gotze comemoração Alemanha contra Chile (Foto: EFE)" src="http://s2.glbimg.com/zZnH2K2joUPTNN1yiOVetJyyVJg=/0x34:1500x948/690x420/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2014/03/05/mariogotze_alemanha_efe_95.jpg" /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A seleção da Alemanha homenageou o futebol brasileiro ao jogar com a camisa do Flamengo. E venceu por 7x1. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A seleção da Alemanha homenageou a geração de atletas que queriam ser como Pelé. A geração que vibrou com o Tricampeonato de 1970 no México. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A seleção da Alemanha venceu o Brasil por 7x1 ao mesmo tempo em que homenageava o futebol que não ganhou copas, mas que deu muitas alegrias. A seleção da Alemanha venceu por 7x1 com a camisa do Flamengo que jogava contra Sócrates, do Corínthians, na primeira metade da década de 1980. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<div style="text-align: center;">
<img alt="http://globoesporte.globo.com/platb/files/157/2010/05/zicofez3noflaflu.jpg" height="260" src="http://globoesporte.globo.com/platb/files/157/2010/05/zicofez3noflaflu.jpg" width="320" /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Brasil já teve um futebol assim. Os jogadores saíam dos campeonatos estaduais e ficavam concentrados, sob o comando de gente como um tal de Telê Santana. Os jogadores de um tempo em que corriam mais nos gramados dos treinos do que posavam para fotos para redes sociais. Jogadores que dedicavam-se muito. Que se divertiam até com excessos fora dos alojamentos. Mas eram jogadores que não eram tão vinculados com filmes publicitários. Jogavam por amor apenas? Claro que não. O futebol já não era puro há muitas décadas. Mas havia também um gosto por jogar bola. Talvez maior do que o amor que muitos dos jogadores de hoje têm pela exposição midiática. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Brasil perdeu parte do seu encanto no início da década de 1990. Cansados de jogar bonito e perder jogos decisivos os donos da bola passaram a investir mais em outros aspectos. O vigor físico e a "tática" passaram a ser mais valorizadas. O improviso e a arte tornaram-se mal-vistas. Quase um pecado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Brasil venceu as Copas de 1994 e 2002. Jogou mais feio do que nas conquistas do passado, 1958, 1962 e 1970. Mas o sucesso pareceu indicar que o caminho da força estava correto. E passamos a valorizar o jogo feio sob a crença de que se pode vencer. Competir tornou-se menos importante do que vencer. Jogar bonito não era mais bonito. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 2014 o Brasil perdeu para a Alemanha por 7x1, numa semifinal de Copa do Mundo, jogando em casa. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A Alemanha jogou com a camisa do Flamengo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A Alemanha venceu o Brasil por 7x1 ao mesmo tempo em que homenageava a beleza do futebol brasileiro. A beleza de um futebol que nós mesmos quisemos matar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Que os meninos de hoje vejam o futebol do passado. E que aprendam que a beleza também faz parte do futebol. A beleza do drible, não do cabelo do Neymar. A beleza do improviso, não das chuteiras da Nike. A beleza das jogadas com parceria. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Que os meninos de hoje entendam a razão pela qual a Alemanha usou a camisa com as cores do Flamengo. E venceu. </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-89497774307467017072014-03-05T10:21:00.000-08:002014-03-05T10:21:55.576-08:00O que querem na Ucrânia?<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um erro muito comum nas análises sobre questões internacionais é a personificação dos fenômenos. Nesse tipo de abordagem, convivem a ingenuidade e a má-fé. Às vezes juntas, outras vezes separadas. Não raro fundidas em uma só. Em outras palavras, países não são comparáveis a pessoas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas como fugir da armadilha das personificações? Antes de tudo, conceitos, história e informações confiáveis. </span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Conceitualmente é preciso reconhecer que chefes de Estado falam em nome de seus povos, mas que não são a personificação deles. Representam, mas nem de longe encarnam o que seus povos são. Qualquer nação tem suas contradições. Em que pese uma relativa popularidade para certas questões, sempre haverá grupos descontentes e de oposição. Isto serve para o Brasil de hoje, para Rússia do Carnaval 2014 e para a Alemanha dos tempos de Hitler. Obama representa o povo estadunidense. Cretino é aquele que crê na possibilidade de que todos os seus cidadãos com ele concordem. </span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Conhecer um de história também ajuda um bocado. Questões internacionais não nascem do acaso. Não brotam como cogumelo ou surgem como bolor do pão que se esqueceu no armário. Toda crise entre dois ou mais países revela o desequilíbrio de uma dança que já se ensaiava há tempos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nenhum líder colocaria seu prestígio interno e externo em xeque por um capricho matinal. Se ele prevê que terá problemas sérios por uma iniciativa política qualquer, a primeira coisa que leva em conta é se vale ou não a pena. Toda hostilidade ou até mesmo violência respondida deve ser ponderada com o ganho que se pretende ter. Em outras palavras, os líderes se perguntam: "vale ou não à pena?". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Esmiuçando uma encrenca internacional em andamento verifica-se que os interesses que nela se reconhecem hoje já existiam antes. Em muitos casos, a crise do presente deriva de soluções que não atenderam plenamente os lados em disputa do passado. Ou que líderes do presente entendam que seu país tenha perdido injustamente algo que no presente possa ser recuperado. Um líder maroto é capaz de ressuscitar uma velha questão, aparentemente resolvida, para que possa mudar o curso da história. Ou seja, tenta recriar o processo político, histórico, econômico e social a partir de uma iniciativa do momento, enraizada pelo tempo mas ainda não totalmente enterrada. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A informação confiável é outro elemento importante, mas que se mostra escasso em nossos tempos. A chamada era da informação nos oferece quantidade e rapidez. Características muitas vezes dispensáveis quando se quer consistência e fidelidade aos fatos. Em nossos tempos a informação consistente e confiável tem sido atropelada por questões práticas e técnicas. Na prática, os grande veículos de informação têm demitido jornalistas mais velhos e experientes, preferindo contratarem os mais jovens e afoitos. A necessidade de redução de gastos justifica essa medida no mundo todo. E aquilo que se ganha no orçamento com os mais jovens é perdido na credibilidade com a publicação de notícias superficiais e com a profundidade analítica de um pires. Fotos e imagens têm sido mais relevantes do que parágrafos de revelem um pensamento mais cauteloso e ponderado. Essa é uma das razões que nos fazem ver as mesma imagens, com descrições semelhantes e um discurso único para o mesmo problema. Perdemos em profundidade aquilo que nos vomitam em quantidade a cada minuto pelos "grandes veículos" da imprensa, nacional e estrangeira. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tecnicamente a informação necessária tem sido prejudicada por uma abordagem jornalística que alguns estudiosos têm chamado de "a novelização da notícia". A exemplo do que ocorre nas novelas, não há nuances. Não há espaço para contradições. Num noticiário novelizado há apenas o bem e o mal. O vilão e o herói. O certo e o errado. As notícias são pautadas por essa lógica simplista, para que o leitor, telespectador ou ouvinte tenha "facilidade" de entendimento. Outro aspecto da informação novelizada é a divulgação de certos eventos por etapas, como se fossem capítulos. Nesse tipo de jornalismo, os vilões são carregados em seus aspectos malignos e não se tem nada que possa identificá-los com seres humanos, dotados de bondades e maldades. No oposto, os heróis são quase puros, com virtudes acima de todos e infalíveis. A malandragem ocorre quando personalidades da política ou da polícia são mostradas como heróis coadjuvantes. Nos casos mais bem-sucedidos da novelização jornalística os heróis são gente da própria imprensa. Isto é, aquele veículo ou jornalista que conseguiu, com seu talento e trabalho, a informação que ninguém até aquele momento havia conseguido. O herói midiático é assim aclamado, implicitamente, como aquele que realmente fez a diferença.</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>No caso da Ucrânia, o que temos então?</b></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A novelização da crise russo-ucraniana começa ao se aceitar que Putin é o vilão. Ou o herói, a depender da fonte escolhida. Putin não é um vilão, assim como está longe de ser um herói. Ele é o cara que serviu ao regime soviético, que usou de meios legais e ilegais para se destacar em sua carreira de agente da KGB. Foi o homem que soube entender o momento político e econômico da Rússia para recuperar a auto-estima de seu povo e realizar mudanças que trouxeram melhorias sentidas por muitos. Putin poderia ser glorificado por isso. Mas seus adversários dentro e, principalmente fora da Rússia, salientam seu personalismo, seu nacionalismo exacerbado e a facilidade com que elimina adversários dentro e fora do país. Tudo isso é verdadeiro, mas incompleto diante do que ele representa para muitos russos. E também não explica o óbvio: se ele é tão mau quanto dizem, por que tem permanecido no poder por tanto tempo? Seja por quais razões forem, inclusive as criminosas e imorais, não se negue a Putin a habilidade que o mantém no Poder desde 2000. Nenhum dirigente russo, desde os tempos dos Czares, conseguiu o que ele tem hoje: a permanência no poder por tanto tempo numa democracia, ainda que repleta de problemas. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Putin sabe que o nacionalismo e o orgulho dos russos é algo com que não se pode brincar. E que rende popularidade. Quando o governo Bush tentou atrair a Geórgia para a Otan, com promessas econômicas e estratégicas, Putin jogou xadrez. Numa primeira jogada reconheceu a cidadania de georgianos da Ossétia do Sul que se consideram russos. Na segunda jogada, distribuiu armas secretamente para forças pára-militares russas na Ossétia, ou seja, armou pessoas no território georgiano. Em seguida, deixou que o dirigente da Geórgia acreditasse que Bush fosse confiável. O presidente da Geórgia foi tolo o bastante para atacar os russos em seu território. E Putin habilidoso o suficiente para invadir o território vizinho com 300 tanques e ataques aéreos. Bush não arriscou ter problemas com a Rússia por conta da Geórgia. Reclamou e ameaçou com palavras. Nada fez. O presidente georgiano não teve apoio dos EUA e a Ossétia do Sul declarou-se independente. No papel, a Ossétia do Sul não é território russo. Na prática sim. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Seis anos depois da crise com a Geórgia, Putin volta a jogar, desta vez na Ucrânia. O país tem cerca de 25% da população com etnia russa, principalmente no leste, próximo das fronteiras com a Rússia. Os ucranianos do oeste consideram-se mais europeus e menos russos. Durante a existência da URSS muita coisa aconteceu por lá. A Rússia invadiu a Ucrânia e apoiou os comunistas do país, instalando seu regime socialista e reprimindo os ucranianos de oposição. Na década de 1930, milhares de ucranianos morreram de fome, diante de um programa de agricultura imposto por Moscou. Quando a Alemanha nazista invadiu o país, muitos foram os ucranianos que se aliaram aos alemães. Assim como foram muitos aqueles que deram suas vidas para a vitória do Exército Vermelho. Após a guerra, Stalin perseguiu muitos ucranianos considerados traidores, assim como condecorou seus heróis. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na década de 1950, o sucessor de Stalin, Nikita Krushev, cedeu a Crimeia, território com maioria russa para a Ucrânia. Há quem diga que Krushev tenha dado um gesto de reparação ao que os russos fizeram no país. Dizem que ele conheceu como poucos os abusos do stalinismo na Ucrânia. A cessão territorial seria então uma compensação histórica para isso. Krushev pode ter agradado muitos ucranianos, mas irritou muitos russos, tanto da Crimeia quanto da própria Rússia. Isso nunca foi aceito por um bocado de gente na Rússia. Essa insatisfação atravessou gerações e são a eles que Putin quer atender hoje. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A Crimeia foi mantida como território da Ucrânia, mesmo quando a URSS se desintegrou e o Exército Vermelho se retirou do país. Por acordo, a Crimeia manteria o russo como língua oficial e parte de seu litoral no Mar Negro se tornaria área militar da Marinha Russa. Muitos ucranianos ocidentais não aceitaram esse acordo. Muitos deles descendem daqueles que se aliaram aos nazistas na Segunda Grande Guerrra Mundial. Muitos deles apoiaram ou lideraram a derrubada do presidente formal da Ucrânia há poucos dias. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<a href="http://thepolitikalblog.files.wordpress.com/2010/08/ukraine-linguistic-division.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://thepolitikalblog.files.wordpress.com/2010/08/ukraine-linguistic-division.jpg" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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Em vermelho, os ucranianos de fala russa. </div>
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<br /></div>
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<img alt="ukraine 2010 election" height="224" src="http://www.washingtonpost.com/blogs/worldviews/files/2013/12/ukraine-2010-election.jpg" width="320" /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: #cc0000;">Resultado das eleições de 2010. Em azul, os russos votaram no presidente deposto... A disputa na Ucrânia é mais do que política, é étnica.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo lado dos EUA e da União Europeia, a instabilidade ucraniana foi bem-vinda. Por gestos e palavras apoiaram os opositores do governo anterior, leal à Rússia. Com dinheiro daquelas contas secretas que Edward Snowden conhece bem, financiaram grupos mais exaltados. Inclusive neo-nazistas. Putin fez o mesmo, financiando e armando grupos de "auto-defesa" russa na Ucrânia. Ou seja, EUA e UE financiaram e armaram opositores ucranianos do oeste e a Rússia os que apoiavam o governo a leste. Qualquer semelhança com o que ocorre na guerra civil em andamento na Síria não é coincidência...</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Putin conseguiu autorização de seu leal parlamento para invadir a Ucrânia, em nome da defesa dos direitos humanos de russos que vivem naquele país. No papel, tem autorização legal de seu país para marchar até Kiev, capital ucraniana. Na prática, Putin usa essa autorização como um sinal, algo que pode vir a ser feito, não o que exatamente irá fazer. Uma ameaça enfim.</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo lado os EUA Obama discursa com firmeza. Suspendeu negociações econômicas e ameaçou com sanções. O problema é que isolar economicamente a Rússia não é bom negócio, para os EUA, para a UE e para o mundo... A Rússia é o principal fornecedor de gás natural para os europeus, por meio de gasodutos que atravessam a Ucrânia. Em caso de hostilidades maiores não precisa disparar um único míssil. Basta cortar o gás para a Europa. Putin faria isso? Fez em janeiro de 2007, por cerca de 10 dias, em pleno inverno europeu..</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Obviamente que Putin sabe que a suspensão do gás natural para a Europa provocaria uma crise mundial da qual seu país também seria vítima. É verdade que a Europa precisa do gás russo. Assim como é verdade que a Rússia precisa do dinheiro pago por esse gás fornecido aos europeus. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A escalada das hostilidades verbais chegou a níveis perigosos durante os dias de Carnaval. Tropas russas avançaram e recuaram sobre o território da Ucrânia. Soldados da "auto-defesa" russa no país foram vistos portando fuzis AK-47 e devidamente saudados pelos russos na Ucrânia. Grupos neo-nazistas agrediram russos, comunistas e templos judaicos. Os ânimos estão exaltados e há muito discurso de ódio de ambos os lados. Há muita pólvora e muita gente brincando com fogo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo lado dos EUA, da União Europeia e da Rússia não há o menor interesse numa guerra. O mundo já tem problemas demais para mais um, com grandes proporções. Mas, à maneira de tempos imemoriais, não se pode fingir que uma provocação não foi feita. Ou seja, ver um potencial adversário com atos desafiadores e nada fazer em nome da "segurança mundial". Isso é nobre entre seres humanos. Mas não estamos falando de pessoas, mas de países, certo? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No jogo de provocações, ameaças, avanços e recuos, deverá prevalecer o interesse maior: evitar uma guerra. alguém pode errar o tom e as coisas desandarem de vez. Essa possibilidade é sempre colocada. Mas a probabilidade maior é a de que se busque e se consiga uma solução intermediária. Um acerto que seja melhor do que o que se tem hoje e que não demande um conflito violento, etapa tão elevada quanto indesejada. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Da parte do palpiteiro fica a expectativa e coleta de informações mais precisas e confiáveis. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">De conselho, fica o mais simples: fuja de toda cobertura jornalística ou análise que carregue no risco de guerra e na construção de mocinhos e bandidos. Nesse jogo, simplesmente não há mocinhos. </span></div>
</div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-59581422976485739262013-12-07T09:25:00.001-08:002013-12-07T09:25:08.046-08:00A liderança de Mandela continua a unir<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A morte de alguém oferece sempre a oportunidade para repensarmos muitas coisas. A morte de alguém como Nelson Mandela não deve ser diferente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Madiba Mandela estava muito debilitado, tinha 95 anos e sua morte era esperada há meses. Muita gente apostou que ele morreria no hospital, quando estava internado por ter pneumonia.Até u</span><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">ma </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">disputa familiar pelo direito de determinar o túmulo da família chegou a ser anunciada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A imprensa nos últimos dias agiu como de costume. Biografia resumida em poucos minutos no rádio e na TV, ou publicada em páginas impressas deram a tonalidade emocional que mantém preciosos pontos de audiência ou alguma venda a mais para jornais e revistas em estado de coma. Nesses casos, é comum que a editoria prepare o material que será publicado tão logo se confirme a morte esperada. Anunciada ao mundo na tarde do dia 5/12, o Jornal Nacional dedicou um tempo considerável para o fato. Frases pinçadas, efeitos visuais e um bom material de arquivo certamente não foram improvisados naquele dia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Neste caso, a morte de Mandela para muita gente não se diferencia daquelas que recebem tratamento jornalístico mais prolongado. Jogadores de futebol, atores de cinema, políticos e tantos outros são igualados. Despertam alguma atenção e logo caem no esquecimento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas a partida de Mandela suscita outras condutas. A primeira é a de reconhecer que não foi apenas um ex-presidente de destaque internacional que morreu. Mas um líder. Certamente um dos líderes que fizeram diferença no século XX. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Presidentes muitos podem ser. Muitos foram e são. Mas um grande líder não aparece todos os dias. Líderes de verdade conseguem reconfigurar seus povos e contribuem para mudanças de caminho. Verdade que alguns podem liderar para a catástrofe, como Hitler. Mas outros usam sua liderança para a construção de uma vida melhor. Os líderes que realmente fazem diferença são reconhecidos pela continuidade de suas iniciativas, para além de seu próprio tempo. A liderança talvez possa ser medida justamente por isso, pelo tempo de permanência das ações. E também pelo alcance espacial delas. Certas realizações podem ultrapassar fronteiras. E por isso Mandela se destaca. Pelo alcance de sua obra no tempo e no espaço. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A África do Sul teve um regime político racista dos mais vergonhosos do século XX. Mandela foi um líder da oposição contra ele. Agiu politicamente desde o início. Optou pela luta armada e não negou isso, jamais. Foi preso por pouco mais de um quarto de século. Sua filha mais nova tinha 2 anos quando ele foi encarcerado. Ele só a reencontrou a poucos anos de sair da prisão, quando ela já era mãe, com mais de 24 anos de idade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">É impossível entender Mandela sem considerar o tempo em que foi preso. Quebrava pedras de calcário e dormia em péssimas condições. Teve muito tempo para pensar, sofrer e sonhar. Quando foi solto, não apenas a África do Sul o considerava um líder. Mas todo o mundo. Campanhas internacionais foram feitas para libertá-lo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quando Mandela foi solto, ele tinha mais de 90% do país em suas mãos. Não tinha o poder de direito. Mas tinha de fato. Qualquer ser humano teria partido para a vingança contra os brancos. Mas Mandela não foi um ser humano qualquer. Conciliou com a minoria branca, que numericamente era reduzida. Mas militar e economicamente muito forte. Muitos acusam Mandela de ter feito muitas concessões e que por conta disso, as desigualdades entre brancos e negros ainda permanecem. Talvez seus críticos tenham certa razão. Mas um fato é indiscutível. Muitos eram aqueles que apostavam numa guerra civil com um esperado massacre do minoria branca. Um genocídio anunciado e não raro nas décadas de 1980 e 1990. Todas as a</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">postas num desfecho violento do Apartheid foram erradas. É bem razoável acreditar que as previsões mais pessimistas guardavam o equívoco de subestimar a capacidade política de Mandela. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por muitas décadas, uma parte significativa da minoria branca que detinha o poder acusou Mandela d</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">e comunista, corrupto, imoral e demagogo. Quando perguntado sobre isso, mesmo que indiretamente, Mandela sacava a frase feita: "Não sou santo...". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Curioso notar que as grandes realizações se sobrepuseram aos erros do líder sulafricano. Uma dessas realizações foi o resgate da história do Apartheid na Comissão da Verdade e Reconciliação. Mandela entendia que não era o caso de partir para uma revanche, mas também que isso não significava a</span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"> ocultação dos fatos ocorridos. Era preciso que seu país e que outros povos soubessem a verdade, para que os erros não fossem repetidos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Com o tempo, os detratores internos de Mandela se calaram. Muitos brancos não o suportavam mas, diante da força de sua liderança, simplesmente deixaram de se manifestar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Falar em lideranças que pregam a paz e defendem soluções negociadas parece algo impossível no Brasil de hoje. Certos segmentos da sociedade brasileira acostumaram-se mal. Passaram a confundir divergência política com inimizade. Críticas com ofensas.E tristemente não têm sido raro vermos</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">comemorações do câncer alheio ou do sofrimento daquele de quem se discorda. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A presidência da República emitiu nota que a presidente Dilma irá ao funeral de Nelson Mandela. Na viagem a África do Sul, Dilma terá como convidados 4 ex-presidentes da república. Lula, FHC, Collor e Sarney aceitaram o convite. Não faltarão críticas ao desperdício de dinheiro público ou ao interesse de auto-promoção. Mas não deixa de ser interessante imaginar um bate-papo entre Lula, FHC, Dilma, Collor e Sarney no mesmo avião, por horas. Lideranças políticas de diferentes pesos, com pensamentos distintos e biografias muito peculiares. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em tempos de manifestações políticas marcadas pelo ódio e outros rancores, saber que Dilma, Lula e FHC terão a oportunidade de conversarem por horas, sem a presença da imprensa, é muito relevante. Entre os tantos motivos de conversa, certamente estará a vida de Mandela. Se Lula, Dilma e FHC tiverem juízo, farão um balanço honesto de tudo o que fizeram de bom e de ruim para as relações políticas do Brasil. Se tiveram a grandeza que se espera de ex-presidentes, chegarão à conclusão de que o Brasil carece de modos menos virulentos de tratamento entre </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large;">adversários. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A possibilidade de que as relações entre líderes petistas e do líder tucano possam ser menos agressivas não significaria a conciliação oportunista. Estaria muito mais próxima de um troço que chamam de civilidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mandela lutou pela união de seu país e o mundo reconhece isso. Não custa sonhar que possa fazer isso para além de suas fronteiras nacionais. Que o exemplo de Madiba Mandela sirva de assunto no avião da presidência da república.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://jornalggn.com.br/noticia/a-estrategia-do-cobertor-de-mandela">http://jornalggn.com.br/noticia/a-estrategia-do-cobertor-de-mandela</a></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-2051438182936786622013-11-23T06:15:00.003-08:002013-11-23T06:15:51.781-08:00Outro recado para você que vai prestar Fuvest<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Barack Obama cursou Ciências Políticas na Universidade de Colúmbia e depois Direito em Harvard. Foi líder comunitário em Chicago. Membro do Partido Democrata, elegeu-se senador pelo Estado de Illinois, em 1996. Em 2003, quando o presidente George War Bush tinha grande apoio popular para invadir o Iraque, Obama teve a coragem de se manifestar contra. Tantos os republicanos quanto os democratas apoiaram Bush. Naqueles sombrios dias de março de 2003, quem se opunha à invasão do Iraque era facilmente rotulado de anti-patriota ou conivente com o terrorismo. Os anos se passaram e o mundo constatou o erro da guerra contra o Iraque. Obama tem essa moral até hoje, a de ter escolhido e apontado o lado certo quando a maioria surda convictamente apoiava o erro. Dito isso hoje parece ter sido fácil para ele. Mas é razoável apostar na angústia e no mal-estar que deve ter sentido quando muitos o hostilizavam por suas convicções. Seja lá o que tenha pensado, Obama é o presidente do país mais poderoso do mundo hoje. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Fernando Henrique Cardoso estudou Ciências Sociais e se tornou professor da USP. Poderia ter se aposentado nessa condição. Ingressou na política, fundou um partido e foi presidente do Brasil, eleito e reeleito. Luis Inácio Lula da Silva era operário. Ingressou na vida sindical num momento de desgosto pessoal. Também tomou gostou pela política, fundou um partido e foi eleito e reeleito presidente do Brasil. Assim como no caso de Obama, é um exercício interessante especular se esses dois líderes políticos tinham tanta convicção das decisões que tomaram e que acabaram, por diferentes modos, trazendo resultados satisfatórios para suas pretensões políticas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Florestan Fernandes foi um menino pobre que trabalhava como garçom num restaurante do centro de São Paulo. Não tinha terminado os estudos no tempo certo. Cursou o "madureza" - um tipo de supletivo- e entrou na USP, no curso de Ciências Sociais. Anos mais tarde ele se tornou doutor em Sociologia. Florestan Fernandes foi professor de Fernando Henrique Cardoso e amigo de Lula. Foi conselheiro dos DOIS durante a elaboração da Constituição que temos até hoje. Florestan poderia ter se aposentado como garçom. Preferiu estudar um pouco mais. Arriscou, talvez sem saber se poderia ter ido tão longe - quem é que sabe? Mas ele tentou. Não foi presidente do Brasil. Mas formou dois deles. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Um jovem chamado Nelson Massini ingressou na Unicamp para cursar odontologia. Queria ser dentista. No meio do curso descobriu um outro mundo. Especializou-se em Medicina Legal. Na década de 1980 já era uma referência na sua área, quando se descobriu que um dos maiores criminosos nazistas tinha vivido no Brasil. Joseph Mengele, o Anjo da Morte do Campo de Awschvitz, viveu em São Paulo, morreu afogado em Bertioga e foi enterrado no cemitério na cidade de Embu, com nome falso. O mundo deve à perspicácia de Nelson Massini a comprovação de que o corpo enterrado no Embu era mesmo de Mengele. Nelson Massini é consultor da ONU, para perícia em casos de genocídio, como os que ocorreram na antiga Iugoslávia. Massini poderia ter sido dentista. Foi muito mais longe do que isso. Quem é que sabe o quanto de dúvida pairou sobre sua cabeça nos momentos de tomada de decisão? Hoje o sucesso acadêmico e o reconhecimento público dão a impressão de um ser anormal, um ser humano inigualável. Mas também é razoável apostar que teve alguma insegurança. Assim como tiveram Obama, FHC, Lula e Florestan. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Aziz Nacib Ab-Saber queria ser professor de escola básica. Ingressou na USP para fazer História. Apaixonou-se pela Geografia. Pouco tempo antes de terminar o curso de Geografia estava determinado a ser professor da rede estadual de ensino de São Paulo. O salário era bom na época e ele precisava ajudar os pais com as despesas dos irmãos mais novos. Um professor propôs que ele se dedicasse à pesquisa. Mas ele teria que trabalhar como jardineiro da USP, até que dessem um jeito de contratá-lo. Aziz trabalhou como jardineiro por cerca de de 4 meses. Orgulhava-se de dizer isso. Depois da curta experiência como jardineiro foi técnico de Laboratório, doutorou-se e se tornou professor da USP. Emérito, como Florestan e FHC. Aziz foi o maior conhecedor da Amazônia que o mundo já teve. Será para sempre um dos nomes para estudos ambientais no Brasil e no mundo tropical. Aziz poderia ter sido, dignamente, apenas professor da escola básica. Foi muito mais longe do que isso. Foi o Professor de todos os professores de Geografia do Brasil.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A vida nos coloca o tempo todo diante de tomadas de decisão. Algumas são banais e outras podem mudar nossas vidas para sempre. Atravessar uma rua no tempo certo, não reagir a um assalto ou aceitar o amor de alguém que nos surge de repente. Nunca sabemos, no momento da decisão, se estamos de fato acertando. Decidimos e apostamos. Às vezes com maior ou menor convicção. Mas sempre é uma aposta. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Podemos aceitar que a vida é feita de inúmeras situações em que a dúvida nos provoca. Se for assim, aumentam as chances de suportar melhor toda a pressão, angústia e ansiedades que as dúvidas nos colocam. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Estamos a poucas horas de mais uma edição da Fuvest. Se você acreditar que é um monstro medonho, um monstro medonho ela será. Se permitir-se aceitar que se trata de uma longa prova que exige muitas decisões, verá que não há monstro. Há uma circunstância da vida em que haverá pressão e dúvida. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Não sei o que essa prova pedirá. Tenho certeza de que será mais uma entre tantas que já ocorreram e outras que ocorrerão. Sei que no passado muitos se decepcionaram e que outros tiveram o sucesso desejado. Tenho certeza de que aqueles que tinham a convicção da aprovação eram muito poucos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Queria ter escrito alguma coisa para você nesse momento. Pensei muito sobre isso. Penso todos os anos, às vésperas dessa aberração brasileira chamada vestibular. Não sei o quanto isso poderá ajudar ou atrapalhar. Na dúvida, preferi acreditar que poderia lhe dar algum alento e dizer que muitos desejam seu sucesso. E que ter dúvida ou insegurança não é feio ou pequeno. É humano. Como são humanos os que acertam e os que erram. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Quero muito que você acerte. Boa prova. </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-47356399332679887412013-09-14T08:30:00.003-07:002013-09-14T08:30:58.257-07:00Um olé de Putin em Obama<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Acompanhar o caso da Síria, sob ameaça de ataques dos EUA e Reino Unido nas últimas duas semanas, mesmo que superficialmente, foi certamente uma experiência digna de aprendizado com fortes emoções. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo lado do aprendizado, ficou a lição de que as palavras, tanto quanto as armas, fazem parte das relações internacionais, ou daquilo que vulgarmente chamam de Geopolítica. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pois há poucos dias, menos de 15 para maior exatidão, víamos o presidente da "maior potência" do planeta urrar como um leão, alegrando os velhos senhores da guerra, acionistas de fábricas de armamentos e especialistas formados em tabuleiros de WAR, alguns deles jornalistas de nossa "grande" imprensa. A velha frase "a montanha pariu um rato" nunca foi tão apropriada para uma farsa chamada Barack Obama. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não faz muito tempo, desavisados "informados" pela ala histérica de diversos veículos especulavam ante a possibilidade de um conflito generalizado no Oriente Médio, a partir da Síria. O apoio firme da Rússia de Putin levou as mais exaltadas mentes a especular um "eventual conflito de grandes proporções". O sensacionalismo nosso de cada dia deu as caras para, mais uma vez, segurar a audiência e as vendas de jornais e revistas decadentes com os velhos clichês: "...consequências imprevisíveis..." ou (a melhor de todas) "...uma guerra sabemos como começa, nunca como termina...".</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na agência Reuters, em 03/09/2013, líamos:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> </span><span style="background-color: white; font-family: verdana, helvetica, sans; font-size: 13px; line-height: 15px;">Obama pediu, durante encontro com líderes parlamentares na Casa Branca, uma votação rápida do Congresso e reiterou que o plano dos EUA será limitado e não repetirá as longas guerras no Iraque e Afeganistão.</span></div>
<span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans; font-size: 13px; line-height: 15px;"></span><span id="midArticle_2" style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans; font-size: 13px; line-height: 15px;"></span><span style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans; font-size: 13px; line-height: 15px;"></span><span class="focusParagraph" style="background-color: white; font-family: arial, helvetica, sans; font-size: 13px; line-height: 15px;"><div style="font-family: verdana, helvetica, sans; margin-bottom: 1em; padding: 0px; text-align: justify;">
"O que estamos vislumbrando é algo limitado. É algo proporcional. Vai reduzir a capacidade de Assad", disse Obama.</div>
</span><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O contexto era de ataques inevitáveis, mesmo que limitados a incursões aéreas, sem invasão terrestre. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hoje, 13/09/2013, as informações surgem em outro tom, como pode-se ler no Jornal de Notícias ( jornal português com nome para lá de criativo):</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> </span><span style="background-color: white; font-family: Georgia; font-size: 12px; line-height: 19px;">Na noite de terça-feira, Obama anunciou ter solicitado ao Congresso a suspensão da discussão de uma resolução sobre o uso da força na Síria, depois de os russos, aliados de Al-Assad, terem proposto colocar o arsenal químico sírio sob controlo internacional, para destruição posterior.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Se antes tínhamos um Obama feroz, a rosnar a hegemonia de seu país diante de uma comunidade internacional resignada, hoje testemunhamos um líder fragilizado, a marcar posição de que não recuou e que ainda pode vir a atacar a Síria. Obama, o presidente que se elegeu em 2008 prometendo mais diplomacia e menos guerra é hoje quase patético.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas quais teriam sido os fatores a provocar tamanha alteração em tão poucos dias? Fatores, pois em casos como este, nunca se deve atribuir apenas um motivo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Certamente, uma das razões foi o vacilo de Obama em ir além do que realmente poderia. Pois se é verdade que militar e politicamente os EUA podem muito, experiências como o Vietnã, Afeganistão e Iraque provam que não podem tudo. Cercado de problemas domésticos, Obama precisa de apoio no Congresso para deixar sua marca como um líder, mais do que um presidente. Seus desafios não são pequenos. Crise econômica, empobrecimento, faltas de perspectivas para milhões de jovens e o risco de ser o presidente que mais prometeu do que cumpriu. Seu sistema de saúde pública ainda não é uma realidade para os 40 milhões de cidadãos que dele precisam e os empregos que a sociedade espera ainda não foram gerados em número suficiente. Obama contagiou os EUA e grande parte do mundo com uma esperança que não se concretizou. Para acelerar suas ações precisa de apoio no Congresso, o que inclui agradar republicanos e democratas ligados aos lobbys do petróleo, dos armamentos e da comunidade judaica. Não criar problemas para Israel na questão Palestina, não avançar nas relações com o Irã e ter um discurso belicista para o Oriente Médio são evidências desse esforço agradar aqueles de quem não se gosta mas de quem se precisa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Obama deve ter realmente acreditado que poderia atacar a Síria com poucos danos políticos, tanto no plano interno quanto no externo. Deu-se mal. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Internamente o que se viu foi uma crescente oposição à guerra, maior do que ele certamente esperava. Dizer que o povo americano está cansado de guerras inúteis não é demais. Acreditar que há um número de cidadãos nos EUA constrangidos com a imagem do país após o que ocorreu no Iraque e o que vem ocorrendo no Afeganistão é mais do que razoável. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Entretanto, foi no lado externo que Obama apanhou feio. Um duro golpe foi a retirada do apoio do Reino Unido. A Rainha Elisabeth, madrinha de tantas mortes em sua história, assim como Cameron, um dos muitos primeiros-ministros dóceis aos EUA, bem que gostariam de manter o apoio ao primo rico. Mas o parlamento britânico não embarcou em mais uma aventura. Sem o apoio do Reino Unido, os EUA caminharam para o isolamento internacional, a despeito do entusiasmo de Hollande, presidente da França, outrora potência relevante. Hollande quis levar a França a ter algum protagonismo, ressuscitar uma influência que seu país já teve. Não foi o bastante para Obama. Hollande também apanhou e carregará o prejuízo de ter evidenciado a reduzida capacidade de influência francesa em nossos dias. Ou seja, a França quis se aliar aos EUA contra a Síria para ter demonstrar alguma importância. Se Obama hoje está queimado, Hollande saiu chamuscado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas o grande jogador em toda essa história foi Vladimir Putin, presidente da Rússia. Putin é o presidente que demonstra a habilidade política que a história premia com reverência, mesmo àqueles que pouco merecem respeito. Putin, ex-agente da KGB, sabe como poucos agir na política, pelo bem e pelo mal. Internamente é o presidente que manipula a imprensa, ameaça jornalistas, persegue opositores, mata separatistas e promove a intolerância contra os "indesajáveis" na Rússia. Putin é o caso do político que que age contra direitos e valores democráticos, mas tudo que faz é calculado. Como poucos, conhece a alma do povo russo, saudoso dos tempos da União Soviética e coeso sob duas grandes instituições do país, o exército e a Igreja Ortodoxa. Muito do que que Putin faz dentro da Rússia atinge esses dois objetivos, que são o resgate do orgulho russo em sua importância mundial, e a "defesa" de valores tradicionais do clero cristão ortodoxo. Matar chechenos, exaltar o exército e perseguir homossexuais são algumas das ações que fortalecem Putin dentro da Rússia, mesmo que chovam críticas internacionais. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 2008 era primeiro-ministro de Medvedev, o presidente que elegeu para cumprir os 4 anos de mandato necessários para que Putin voltasse. Na Rússia, como no Brasil, só se pode ter uma reeleição consecutiva. Putin ficou no poder entre 2000 e 2008, apoiou Medvedv em 2008 e foi novamente eleito em 2012, com direito a tentar uma reeleição em 2016. Se continuar a jogar bem dentro e fora do país, poderá ficar no poder até 2020. Somando os tempos na presidência e como primeiro-ministro, Putin estará a altura de outros líderes, como Stalin e Brejenev. Certamente mais do que Lênin, Krushev e Gorbachev. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Do tempo soviético, sobrou à Rússia no Oriente Médio a Síria como aliada, que abriga uma base naval russa no porto de Tartus e recebe apoio militar para manter a ditadura de Assad. Interessado em recuperar a importância que a Rússia já teve, Putin sabe que precisa da Síria para fazer frente aos EUA. Pode-se criticá-lo pelo apoio à ditadura de Assad por isso, mas fazê-lo sem lembrar do apoio dos EUA à ditadura da Arábia Saudita é transitar entre a ignorância e a má-fé. A crítica a ditaduras por respeito a valores democráticos não é compatível com ataques seletivos, diferenciando ditadores "malvados", quando adversários, ou "bonzinhos", "necessários", quando aliados. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A Rússia tem fornecido armas e apoio ao regime de Assad desde a década de 1970. Não deixou de fazê-lo quando explodiu a guerra civil no país, em 2011. Obama diz se incomodar com as cerca de 1400 vítimas de armas químicas. Mas nada diz sobre as mais de 100.000 que morreram em consequência dos conflitos entre o governo sírio, apoiado pela Rússia, e os "rebeldes", amontoado de opositores armados pelos EUA e Arábia Saudita.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Putin nunca hesitou em seu apoio ao governo sírio. Nunca deixou de afirmar que a Rússia vetaria ataques dos EUA ao país em caso de consulta ao Conselho de Segurança da ONU. Obama ameaçou fazer o que Bush fez em relação ao Iraque e à Líbia: atacar sem consultar a ONU. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sem o apoio inglês, com pouco entusiasmo pelo apoio francês, alvo de críticas internas nos EUA e diante da firmeza russa, Obama mudou o tom de seu discurso. Poderia ter ordenado ataques à Síria sem consultar o Congresso dos EUA. Mudou de ideia e anunciou que desejava consultá-lo. Foi apoiado no Senado, mas sentiu que haveria maior resistência com o risco de reprovação dos deputados. Obama decidiu pedir adiamento da votação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No documentário "Sob a Névoa da Guerra", Robert McNamara, ex-secretário de Estado dos EUA na administração Kennedy, e condutor das negociações na Crise dos Mísseis entre EUA, Cuba e URSS, em 1962, ensina que não se pode deixar o adversário sem escolhas. Quando se negocia em momentos de forte tensão, um caminho é colocar-se no lugar do adversário. Pensar que ele deve ter uma saída honrosa e que não saia humilhado diante de uma derrota que você deseja lhe impor. Putin fez exatamente isso na última semana. Falou firme contra os ataques à Síria, declarou seu veto na ONU, mas negociou com Assad a entrega de seu arsenal químico a uma comissão internacional que deverá ter participação russa. Para todos os efeitos, Obama ainda quer demonstrar uma firmeza que não teve nos últimos dias. Caso alguém o questione, poderá argumentar que os ataques não foram necessários e que a ameaça deles fez com que Assad entregasse seu armamento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ao fim de tudo, Putin construiu uma solução na qual Obama poderá sair dizendo que ganhou a discussão, num cenário em que Assad permanece no poder, com apoio militar russo e uma base naval aliada para conter eventuais ameaças dos EUA. Como resultado de todo o jogo de ameaças, avanços e recuos, Obama saiu, internacionalmente, menor do que entrou em toda essa história. Putin, sem alarde, saiu maior. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Obama ainda tem tempo para ações que demonstrem sua grandeza, pois tem mandato até 2016. Mas parece que é Putin que ganhou maior segurança para apostar em sua permanência até 2020. E Assad permance, até então. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-50425306359914942672013-07-15T15:59:00.000-07:002013-07-15T15:59:03.011-07:00Fora do ar<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por razões humanitárias este espaço ficará sem postagens até o próximo dia 24/07. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro estará em algum lugar do Atlântico Sul. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Caso queira saber mais do que isso, tente com esse pessoal:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">CIA: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> <b style="color: #333333; line-height: 16.1875px;">By postal mail:</b></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Central Intelligence Agency</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Office of Public Affairs</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Washington, D.C. 20505</span></div>
<br />
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">By phone:</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">(703) 482-0623</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Open during normal business hours.</span></div>
<br />
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">By fax:</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">(571) 204-3800</span></div>
<br />
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ou...</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">NSA</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; line-height: 16.1875px;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; line-height: 21px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">National Security Agency</span></span></div>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="color: black; line-height: 21px;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Attn: NCSC Capability Program</div>
</span><span style="color: black; line-height: 21px;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
9800 Savage Road, Suite 6940</div>
</span><span style="color: black; line-height: 21px;"><div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fort Meade, MD 20755-6940</div>
</span></span>Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-40129984513144204682013-07-07T16:28:00.004-07:002013-07-07T16:28:49.624-07:00Seria Snowden um heroi?<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><span style="line-height: 150%;">Em tempos de informação rápida, dispersa e superficial, herois e
bandidos são construídos e desconstruídos com requintes de vulgaridade. </span>O
velho Mandela é o exemplo do momento. Ele foi condenado por terrorismo pelo
regime racista </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">do Apartheid na África do Sul. E considerado pela CIA como
elemento perigoso e potencialmente comunista, razão do apoio dos EUA ao governo
racista sul-africano. Mandela defendeu ações terroristas contra o governo do
seu país na década de 1960. Décadas depois, constatou-se que os planos de
Mandela estavam num contexto de um regime autoritário e desumano, razão pela
qual as explosões planejadas por seu grupo deveriam ser consideradas como atos
de resistência legítima, a exemplo da resistência francesa contra os nazistas.
Mandela foi solto por pressões internas e externas. Ganhou um prêmio Nobel da
Paz e, hoje, no leito de morte, é considerado um dos maiores líderes do século
XX. Ele teve uma vida pessoal nada tranquila. Contra ele, pesa uma acusação de
agressão a sua primeira mulher, ainda antes de ser preso na década de 1960. Sob
essa ótica, quem é Mandela? Líder pacifista, libertário, terrorista ou agressor
de mulher? Quem leu a autobiografia do velho deve se lembrar da frase que nos
ajuda a entende-lo: “não sou santo”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A mídia estrangeira e sua </span></span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">subsidiária tosca no Brasil vivem a construir
herois e bandidos. Curioso é notar que o heroi de hoje pode ser o bandido de
amanhã, e vice-versa. Mas será que as pessoas mudam tanto assim? Ou mudam os
juízos e rótulos que se constroem sobre elas?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Um palpiteiro notou que um candidato a herói/bandido não tem
recebido a atenção devida, em que pese o conteúdo explosivo de sua importância.
Edward Snowden é o típico caso misterioso, do qual ainda não tivemos a exata
dimensão da sua importância.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Snowden é um nerd que não tem curso superior. Seu talento para
sistemas de informação poderia ser comparado a Marc Zuckerberg do Facebook,
Bill Gates, da Microsoft, ou Steve Jobs, da Apple. A diferença é que Snowden
não ficou rico. Mas convenhamos, azucrinar a Casa Branca, irritar FBI, CIA e
outros 13 serviços de inteligência dos EUA e, ainda por cima, indispor as
relações dos EUA com dezenas de países, em menos de duas semanas, não é um
feito a ser desprezado. Os outros nerds adorados pela mídia fizeram fortuna.
Snowden está prestes a fazer história.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">O nerd em questão trabalhou na CIA, na Suíça. Para quem não sabe,
as contas secretas de paraísos fiscais como a Suíça atendem a mais do que corruptos,
sonegadores fiscais, terroristas, traficantes e outros criminosos. Governos
usam contas secretas para encobrir ações de seus espiões, em serviço pelo mundo
afora. Quanto maior o poder econômico e ou político de uma potência, maior é a
necessidade dessas contas secretas em outros países. Se levarmos isso em conta,
dá para ter uma leve ideia do quanto Snowden viu e sabe.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">As informações disponíveis até agora indicam que o nerd amargurou
muita coisa pelo que viu e testemunhou. Em 2008, em final de governo Bush,
Guerra do Iraque e campanha eleitoral, Snowden apostou que as coisas poderiam
melhorar com a vitória de Obama. Não melhoraram.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">O rapaz então tomou a decisão que causa confusão em meio mundo- e
isso não é força de expressão. Vivia com sua namorada no Havaí até poucas
semanas atrás. Decidiu voar para Hong Kong e denunciar o departamento de Estado
dos EUA de lá, da China. O governo dos EUA pediu sua prisão. A China não tem
acordo de extradição com os EUA e liberou o rapaz. Interessante notar que a
China, acusada de prisões arbitrárias pelos americanos, não ter prendido
Snowden em seu território. Gente maldosa e dada a palpites aposta num eventual
acordo entre o governo chinês e Snowden: </span><i style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: x-large; line-height: 150%;">você
denuncia os Ianques a partir de nosso território e damos as condições para que
saia antes de sermos forçados a prendê-lo</i><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">. A China não dá ponto sem nó.
EUA, Rússia, Europa e América Latina em discussão por conta de Snowden e os
chineses assistindo a tudo, de camarote...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Mas afinal, o que Snowden denunciou? Segundo ele, a Agência de
Segurança Nacional dos EUA tem condições de monitorar e grampear qualquer
computador conectado na internet. Sistemas sofisticados permitem a quebra de
sigilo com a manipulação dos dados da Microsoft, Facebook, twitter, Skype e,
quem sabe, até naquela página moribunda que você guarda no pré-histórico Orkut.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">De acordo com o nerd dedo-duro, os EUA monitoram a União Europeia
e várias autoridades dos países do continente. Há informações de que tenham
fuçado a vida de autoridades e empresários no Brasil. E, se perguntar não
ofende, a questão torna-se tão óbvia quanto abjeta: se os EUA agem assim com
amigos, o que não estariam fazendo com inimigos? Ou antigos rivais, como Rússia
e a China?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Snowden voou da China para a Rússia, numa área internacional do
aeroporto de Moscou. Tecnicamente não está na Rússia. Os EUA pediram à Rússia
que o prendesse. Mas o país também não tem acordo de extradição com os EUA.
Danadinho esse nerd...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Apesar do escândalo provocado pelas atitudes nada legais- em duplo
e pobre sentido- dos EUA, Snowden é um criminoso. Ninguém pode revelar segredos
de Estado para o mundo. Isso é tão criminoso nos EUA, quanto no Brasil ou na
Tailândia. Mas Snowden e muitas outras pessoas acreditam que não se trata de um
crime. Trata-se do descumprimento das leis de um país que descumpriu leis,
acordos e bons modos com meio mundo. Para o governo dos </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">EUA, Snowden é nada menos do que um traidor de alto calibre. Para outros mundo
afora, é um heroi que lutou pelo direito à verdade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Na semana passada houve mais um episódio interessante nessa
história toda. O presidente da Bolívia, Evo Morales, estava em Moscou, num
encontro de chefes de Estados produtores de gás natural. O avião de Morales tem
baixa autonomia de voo e precisa ser reabastecido com regularidade para viagens
longas. No caminho de volta, Portugal, Espanha e França negaram o necessário pouso
para o avião de Morales. Coube à Áustria conceder o direito INTERNACIONAL de um
avião presidencial fazer uma parada para reabastecimento. Segundo Morales, os
austríacos revistaram seu avião, à procura de Snowden. Não o encontraram. Mas
provocaram um incidente internacional sem precedentes na história recente. A
atitude dos austríacos é antes de tudo uma agressão, condenada pelos protocolos
diplomáticos internacionais. Morales protestou, e teve a solidariedade de
outros presidentes latino-americanos, o Brasil inclusive.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Mas cá entre nós, gente maldosa aposta que os russos e os
bolivianos deram um passa-moleque nos EUA e nos seus paus-mandados europeus.
Não precisa ser um gênio especialista em espionagem para imaginar que há a presença
da CIA em Moscou. Assoprar nos ouvidos dos espiões da CIA na Rússia, sugerindo
que Snowden estivesse no avião de Morales, não é algo lá tão difícil de fazer. Sobretudo
para os russo, velhos conhecidos da CIA... Dada a gana dos EUA para prender
Snowden e, a histórica relação hostil do presidente Morales aos EUA, nada mais
lógico. Tudo faria muito sentido, caso Snowden estivesse realmente no tal
avião. O saldo foi catastrófico para muita gente. Para os europeus que barraram
Morales, ficaram o peso de cometerem uma ilegalidade e o constrangimento de
terem agido errado sob ordens de Washington. Ou seja, saíram na foto como
paus-mandados de Obama. Para os EUA, ficou pior. Seu serviço de inteligência e
espionagem pode até ser sofisticado e intrometido, mas, neste caso, provou ser
incompetente a ponto de não saber com precisão onde de fato estava Snowden...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">A novela prossegue. A Venezuela está disposta a dar asilo político
a Snowden. O problema é como deslocar o moço de Moscou a Caracas, num voo que
exigiria pouso para reabastecimento. Uma pergunta é mais do que provocativa:
onde?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sabe-se lá o que acontecerá com Snowden e com as relações </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">dos EUA
com o mundo. Espionar a União Europeia, </span></span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">indispor-se com a China, se atritar com
o governo russo e ofender a América Latina não é pouca coisa para menos de 15
dias. O tempo se encarregará do destino de Snowden que, a despeito de ser
inteligente e ousado, precisa de aliados poderosos e, quem sabe, alguma sorte.
Não erra quem disser que, hoje, Snowden é prioridade número 1 dos EUA,
comparável ao que foi Bin Laden há pouco tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Mas a história, como a Geni, tem lá o seus caprichos. Até o
momento, Snowden provou que é bom de xadrez. Joga com muita inteligência e uma ousadia
capaz de fazer qualquer 007 de idiota.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;">Mas então, Snowden será Heroi ou bandido? Talvez daqui a algumas
décadas tenhamos um julgamento mais sereno. Hoje, não deixa de ser empolgante
assistir a mais uma página da história sendo escrita. E interpretada das maneiras
mais diversas. </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: large; line-height: 150%;"> </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-63231601496679202302013-06-16T14:56:00.001-07:002013-06-16T14:56:36.214-07:00Sem ainda vencedores, há muitos perdedores até agora...<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ainda não está claro quem de fato vai ganhar com toda a movimentação que o Movimento Passe Livre tem promovido em São Paulo, com sinais de expansão nacional e discreta atenção internacional.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Um curioso, testemunha da manifestação histórica de 13 de junho, notou algumas peculiaridades em relação a outras vistas nas décadas de 1980 e 1990. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em primeiro lugar, a falta de uma liderança dos moldes convencioanais. Não há carro de som, com liderança discursando à frente. Também não há palanques nos locais de partida e de chegada. Os manifestantes se manifestam, pura e simplesmente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Outro aspecto é a idade dos participantes. Em geral, muito jovens, abaixo dos 30 anos. Não poucos, abaixo de 18 anos. O curioso que estava na rua da Consolação, em frente à praça Roosevelt, tinha 40 anos de idade. Notou poucos como ele em meio à multidão. Acima de 30 anos, jornalistas e oficiais da PM. (Curioso registrar que muitos dos soldados têm idade próxima dos manifestantes...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A manifestação com tantos jovens e nenhuma liderança expressiva tem lá suas virtudes. Conforta aqueles que querem ter participação política mas que não concordam ou não mais suportam as lideranças partidárias formalmente organizadas. Não deixa de emprestar leveza ao que se pretende: livre manifestação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas também há problemas. Lideranças responsáveis são úteis para dar algum cuidado para com seus liderados. Além da segurança física, quanto a não aceitação de provocações para a violência, as lideranças cumprem o papel de não permitir perda do foco, ou seja, dos motivos pelos quais se protesta. A diversidade de bandeiras e dizeres nos cartazes revela mais do que indignações contidas na garganta. Demonstra o quanto nossa sociedade está carente de organizações sociais, políticas e populares que realmente representem quem dizem representar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O curioso observou bandeiras do PSOL, PCO e PSTU. Encontrou pessoas simpáticas ao PT. Mas havia também gente que não aprecia partidos de esquerda, moderada ou não. Dizer que as manifestações em São Paulo tem uma coloração partidária definida é não saber o que tem acontecido. Gente que não suporta a esquerda e que sempre simpatizou com a nova direita, representada pelo PSDB e seus aliados, estiveram presente também. Saber se eram minoria inexpressiva ou significativa é ainda um mistério que apenas o tempo nos revelará. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas se não há vencedores ainda definidos, o mesmo não se pode dizer dos perdedores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não há dúvidas de que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, com menos de 6 meses completos no cargo, tenha saído chamuscado. Tem boa capacidade de pensamento e fala. Mas é tão burocrático que não percebeu, a partir de seu gabinete, a força e as consequências da manifestações que dele sempre se lembram. Nunca positivamente. Haddad precisa se movimentar. Tem pelo menos 3 anos e meio de cargo. Há tempo para fazer muita coisa. O fato é que já queimou 6 meses, dos quais não se pode dizer que tenha colhido coisas boas para sua carreira política e para a cidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O PT também não ficou bem na foto. Se toda a oposição raivosa não conseguiu juntar 30 pessoas na época do julgamento do "mensalão", deta vez o barulho e a participação popular são grandes. Ter a prefeitura de São Paulo parecia uma grande vantagem, e sempre é. Nesses últimos dias isso não foi verdadeiro. Pois se controlar a cidade com o maior orçamento municipal do país traz vantagens políticas, também oferecer desafios que, mal conduzidos, se transformam em grandes problemas. Os transportes coletivos de São Paulo são o problema de maior motivação dessas manifestações. E o PT ainda não deu mostras de que é capaz de minimizá-los. Esta devedor. As vaias a Dilma Roussef na abertura da Copa das Confederações não chegam a ser uma tragédia. Mas coisa boa não é, para quem deseja uma reeleição presidencial daqui a pouco mais de 1 ano. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas para quem está acostumado ao Fla-Flu, em que uma perda do PT corresponde a vitória do PSDB, vai se assustar com o que temos hoje. Não apenas os ônibus ruins tiveram aumento de tarifas. Os trens da CPTM e do Metrô também ficaram mais caros. E não menos lotados e desconfortáveis. O governador Alckimin, tão apropriadamente conhecido como Picolé de Chuchu não pode acreditar que sairá ileso de tudo o que se viu até agora e de mais do que se verá. Alckimin demonstrou descolamento da realidade, tanto quanto Haddad, novo no cargo. Pior para ele, governador conhecido e ex-candidato presidencial. Se a Haddad a inexperiência alivia, a Alckimin a experiência o cumplica. No mais, Ackimin demonstrou o que muitos já sabem há anos. Os governos do Estado de São Paulo não mandam, de fato, na sua polícia. A PM tem vida própria e faz o que acha que deve fazer. Ninguém pode acreditar que Alckimin tenha ordenado o uso da força com tamanha intensidade na última quinta-feira. Mas é certo que tenha se comportado de modo frouxo, diante de comandantes militares da PM com "sangue no zóio", para usar termo tão comum na periferia paulistana e tão apropriado ao que se assistiu. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A PM também não tem o que comemorar. Na terça-feira um de seus policiais foi covardemente agredido. Poderia ter morrido. Apartado de seus agressores por outros manifestantes menos selvagens, tirou a arma do coldre, apontou para o alto e não aitrou. EM qualquer lugar civilizado, deveria ter sido condecorado e homenageado. Fez o que se espera de um agente de segurança que respeita e deve fazer respeitar as leis. Foi mais lembrado como pretexto de vitmização da PM do que, verdadeiramente foi: um policial honrado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A PM foi para as ruas na última quinta-feira com raiva. Queria revanche. É humano compreender a raiva que a corporação sentiu em relação aos manifestantes. É selvageria aceitar que tamanha raiva fizesse parte das estratégias de "segurança" para o evento. Segurança Pública deve ser feita em nome do público. Inclusive da parte do público que a PM não gosta. Se não entendem isso, que larguem a farda e não atuem num setor que exige respeito às leis e equilíbrio emocional. Um Estado democrático de direito não permite ações de cunho pessoal entre portadores de armas, cacetetes, escudos e bombas...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas há, sem dúvida alguma, uma grande derrotada: a mídia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O curioso ficou menos de 50 minutos na rua da Consolação. Nunca viu, em toda a sua vida, tantos cartazes contra a mídia. Quase em número proporcional ao de cartazes contra o aumento das tarifas dos ônibus, razão inicial de toda a moviemntação. Não há dúvida de que o distanciamento entre o que está acontecendo e o que é noticiado nunca foi tão deliberadamente expressivo. A mídia brasileira briga com a verdade dos fatos há décadas. Desta vez fez besteira. Agrediu a verdade com requintes de crueldade. Há anos que alguns gatos pingados apontam o papel incompetente e desonesto de muitos veículos de comunicação. Desta vez o próprio papel da mídia fortaleceus aqueles que sempre a criticaram. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A mídia tem aplaudido, se não incitado, ações violentas com excessos por parte da PM há muito tempo. Contra sem-terras, estudantes da USP, professores em greve ou moradores de favela em processos de reintegração de posse. Desta vez, às vésperas da manifestação de quinta-feira, a mídia queria mais força e mais abusos. O tiro saiu pela culatra. Ou os tiros. Muitos jornalistas presos, alguns feridos, dos quais uma jornalista da Folha de SP, covardemente atingida por um tiro de bala de borracha, a partir de uma viatura da Rota, sem motivo algum, distante dos conflitos da Consolação. No dia seguinte, uma mudança de tom. A mídia que antes "exigia" medidas enérgicas, passou a questionar o abuso de poder e o descontrole de uma tropa raivosa de policiais. O uso desproporcional da força nunca foi tão lembrado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Amanhã, segunda-feira, mais uma manifestação. Desta vez com concentração inicial em Pinheiros. Profetas apocalípiticos apostam em sangue. Talvez um cadáver pudesse satisfazer a sede de violência e o sensacionalismo de tantos. O palpiteiro aposta no bom-senso. A PM foi longe demais, assim como a mídia e os mais violentos dos manifestantes. O Brasil já tem no seu sangue a lembrança de que a solução violenta para tensões políticas não leva a bom caminho. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No mais, o perdido governador do Estado soltou, dias atrás, mais uma de suas pérolas. Disse que as manifestações eram "políticas". Pois se uma concentração de pessoas com cartazes e palavras de ordem não são parte da política, ninguém mais saberá dizer o que é. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Faltou dizer ao ilustre governador, e aos "jenios" que tanto apreciam esse tipo de arugmento, que sim, é uma manifestação política. Os gregos definiram, há algum tempinho, que discutir os assuntos da "polis" é política. Jovens, inexperientes ou não, estão a fazer isso, mesmo que de forma questionável. Senhor governador, aprenda uma coisa com essa molecada: é Política sim. Mas não a Política que o levou ao poder e que o sustenta, ao senhor e até seus adversários. Se não quiser aprender, não há problema. Uma hora essa nova realidade o desalojará de sua confortável cadeira. </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-26289056128158464672013-06-09T18:12:00.001-07:002013-06-09T18:12:17.377-07:00O dilema de Haddad<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na última quinta-feira, estudantes secundaristas e universitários pararam a Av. Paulista e despertaram o eficiente e empolgado ódio da Tropa de Choque da PM Paulista. Aplausos contidos, libertos em comentários de corredor aprovaram: "...tá certo, cambada de vagabundos". Manifestantes foram dispersos, o trânsito votou a fluir e a cidade mais rica do país prosseguiu na liderança plena do que chamam - e não entendem- de "ordem e progresso"...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A imprensa nativa tem lado e não nega munição em sua luta, mesmo que não seja solicitada. Estará lá, sempre a postos para o discurso da lei e da ordem. Para a desqualificação de toda e qualquer manifestação contra o poder constituído, mesmo que seja o de sua contrariedade. A mídia, sorrateiramente, assume o seu compromisso do pretenso monopólio da crítica. Um "colunista" ou "articulista" - seja lá o que for esse troço- pode ofender um presidente, debochar do Congresso e ridicularizar uma decisão judicial. Mas APENAS a imprensa pode isso. Ninguém está autorizado a se manifestar sem o seu salvo-conduto. Nem contra um governo que ela despreza e lamenta a existência. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Fernando Haddad não é o prefeito dos sonhos da mídia paulista. Tem o fardo de ser petista, a despeito de ser de família rica, cara de bom moço, pesquisador da USP e são-paulino. Fosse por Haddad, a imprensa teria tido outra postura. Entrevistaria um manifestante pobre e lhe daria toda a emoção possível. Mas o buraco é mais embaixo. A mídia porca sabe que a encrenca é grande. Se o povão perceber que paga muito caro por ônibus lotados, desconfortáveis e nada pontuais, por que não faria o mesmo pelos trnes e metrôs? Sim, o governo do Estado de SP precisa ser preservado, mesmo que isso livre a cara do maldito governo petista na cidade de SP...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Fernando Haddad não é um político convencional do PT. É da ala "intelectual", uspiana por assim dizer. Foi pesquisador da FIPE, "fundação" da U$P que coleta dados sobre inflação na cidade de São Paulo. Foi escolhido por Lula por representar o "novo", mesmo que à custa de uma constrangida foto ao lado de Paulo Maluf. Lula viu o óbvio. Pelo lado dos mais conservadores e proto-fascistas de SP, Haddad seria mais palatável, por ser branco, de família rica, cara de bom moço, uspiano e "são-paulino"- dizem que esse conjunto de "qualidades" foi citado pelo próprio Lula, conhecedor profundo do segmento que mais odeia o PT em São Paulo. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo lado progressista, Fernando Haddad entrou na cota da esperança daqueles que sonham com o primeiro governo petista de São Paulo, o de Luíza Erundina, entre 1988 e 1992. Erundina aumentou o salário do pessoal da saúde e da educação. Saneou as contas do município mesmo aumentando gastos com a construção de escolas, hospitais, postos de saúde, creches, redes de esgotos e casas populares. A cidade de São Paulo lhe retribuiu elegendo Paulo Maluf, numa época em que não havia reeleição. Sim, o povo de São Paulo preferiu Maluf a Suplicy, apoiado por Erundina...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 2012, Haddad ganhou a eleição prometendo coisas que poderia fazer e muitas outras que jamais faria. Até aí, jogo jogado, pois só não sabe disso quem é ingênuo ou mau-caráter, pois TODOS os políticos do mundo fazem isso. Mas, entre as promessas de Haddad, estava a do bilhete-único mensal. Algo relativamente simples, mas que traria impacto significativo para a vida de quem depende de ônibus e tem um orçamento tão apertado que qualquer R$ 10,00 por mês faz diferença. Dado que iniciativas desse tipo são compatíveis com o que já existe em outras grandes cidades do mundo, Haddad não prometeu nada impossível de ser cumprido. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O problema do bilhete único mensal não foi a promessa em si, mas como ela foi feita. Em primeiro lugar, a porposta depende de aprovação na Câmara dos Vereadores e ajustes num orçamento que não foi aprovado na gestão de Haddad. Dado o impacto na contas do município, o tal bilhete único mensal seria viável apenas no final segundo semestre do primeiro ano de mandato, ou no ano seguinte. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para a aprovação do bilhete único mensal na Câmara, Haddad teve que barganhar apoio. Sub-prefeituras e cargos em po$tos estratégicos fazem parte desse processo de construção de apoio na Câmara dos Vereadore$. Luíza Erundina comeu o pão que o PSDB amassou quando foi prefeita. O P$DB se aliou a Maluf e fez do governo Erundina um inferno. Muitas coisas não puderam ser feitas por isso. Para quem não sabe, sem apoio do legislativo, nenhum prefeito, governador ou presidente governa ou se mantém no cargo. Pergunte isso a Collor, o caído. Pergunte isso a Dilma, aliada a Sarney e Renan Calheiros em Brasília. Pergunte isso a Alckimn, apoiado pelo menino tosco do KLB na Assembleia Legislativa de SP. (O palpiteiro morre de rir dos cretinos que debocham de Tiririca, chamam Lula de burro e que votaram na legenda que deu cargo ao garoto do KLB em SP...). </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Qualquer prefeito em São Paulo teria feito o que Haddad fez para alcançar seu objetivo maior: cumprir a promessa do bilhete único que o elegeu. Mas Haddad errou a mão. As passagens de ônibus de São Paulo não foram reajustadas por anos. Gastos com mão-de-obra, manutenção e diesel exigem um reajuste anual, assim como as contas de telefone, celular e água. Seja por oportunismo, seja por qual motivo for, Gilberto Kassab, o anitgo prefeito, não fez oq ue devia: reajustar as tarifas dos ônibus. E Haddad, o homem-FIPE, sabe disso melhor do que quaquer outro palpiteiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Kassab deu esse presente de grego para Haddad, coisa de 'brimo". O libanês que entrou deveria ter feito o reajuste que o árabe que saiu não quis fazer. Haddad é economista, filho de dono de loja na 25 de março e ex-pesquisador da FIPE-USP. Ele sabia que o reajuste seria necessário ANTES do bilhete único. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Se você fosse o Haddad o que faria? O mais lógico seria esclarecer a população a respeito do oportunismo de Kassab em não aumentar a passagem em ano eleitoral, 2012. E, em seguida, provar, mesmo que à custa de críticas, que esse seria o custo necessário para viabilizar o bilhete único, cuja ideia não tem nada a ver com o reajuste. Mas Kassab inventou um partido- PSD- que ensaia apoiar o PT, ao mesmo tempo em que é aliado do PSDB... Se Haddad fosse um grama mais esperto teria agido de outro modo. Amigos, amigos, negócios à parte, ensinaram seus acestrais. Uma cosia é apoio político futuro. Outra coisa é ser prejudicado por oportunismos do passado. Haddad obedeceu a Lula, a Dilma e à cúpula do PT, que sonha com uma aliança com o PSD para derrotar Alckimin em 2014. Fosse mais sábio, Haddad saberia que há certas horas que é melhor brigar com todo mundo para salvar aquilo em que acredita e que sabe que o diferenciará no futuro. Mas Haddad preferiu a omissão. Fingiu que tudo estava bem e que valeria o risco de se queimar agora para gozar dos benefícios do bilhete único mensal em 2014. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O problema foi aparecerem tantos estudantes na Paulista. Isso não estava nos planos tecnocráticos. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os críticos de manifestações são os mesmos que xingam o PT e Lula, mas que não conseguiram juntar 30 pessoas na mesma avenida Paulista, à época do julgamento do "mensalão". No fundo, sentem inveja, nada mais do que isso. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A questão das tarifas de ônibus em São Paulo passa pelas disputas eleitorais de São Paulo e de Brasília. Simplesmente isso. Quem ficar olhando vidraças quebradas de bancos e latas de lixo incendiadas cumprirá o papel de tonto que lhe tem sido habitual: o de acreditar naquilo em que vê, não naquilo que é... Grandes grupos de mídia à beira da falência e político oportunistas agradecem a sua cretinice ao chamar manifestantes de "baderneiros". </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Nota: O palpiteiro votou em Haddad e, se eleição fosse hoje, com os mesmo candidatos e circunstâncias, teria feito o mesmo. O que não significa salvao-conduto para toda e qualquer asneira que Haddad faça no cargo. Voto, voto, críticas à parte...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"> </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para os invejosos do presente, uma notícia de uma passado recente...</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www1.folha.uol.com.br/poder/1214302-protesto-contra-lula-e-pt-reune-20-pessoas-na-avenida-paulista.shtml">http://www1.folha.uol.com.br/poder/1214302-protesto-contra-lula-e-pt-reune-20-pessoas-na-avenida-paulista.shtml</a></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
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Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-37354268201040587142013-04-29T07:25:00.005-07:002013-04-29T07:25:58.921-07:00Vanzolini e nossa grande perda<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Foi em 1922 que se oficializou o Modernisno no Brasil, mais precisamente no Teatro Municipal de São Paulo. Como qualquer outro movimento cultural e político não é correto acreditar que foi ali, naquele teatro e naqueles dias que o Modernismo tenha começado por aqui. O local e a data são apenas referências de espaço e tempo num mundo carente de maiores abstrações. Para muita gente o Modernismo foi uma das matérias de prova no colégio ou de questão de vestibular. Foi muito mais que isso. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Nossos modernistas de 1922 apenas deram expressão a algo que inquietava muitos no Brasil. Simplificadamente queriam o novo, mas sem perda de identidade. Em outras palavras, ser moderno sim, mas sem deixarmos de sermos brasileiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O século XX foi fértil em muitas inquietações, por aqui, e pelo mundo. Entre as décadas de 1920 e 1960 muitas coisas aconteceram. Um crise financeira, uma guerra mundial, perseguições e ódio disseminado pelos meios de comunicação. (Triste é constatar que, à execeção de uma guerra mundial, não parecemos ter mudado tanto assim...)Mas não foram só tristezas que esse período vivenciou. Tivemos Picasso, Freud, Einstein e Garrincha. Tivemos Vargas, vivo e morto, Carmem Miranda e Pixinguinha. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A Universidade de São Paulo nasceu nessa janela histórica de 1920 a 1960. A universidade que pretendeu, um dia, formular o pensamento e a ciência que serviriam ao país. A USP nasceu pretenciosa e ousada. Numa época em que se pensava grande e para frente. Num período em que se buscava o melhor para nós mesmos. Um tempo em que a USP se diferenciou por querer ser um centro de excelência do pensamento e da crítica. Um tempo distante da indústria de artigos e publicações para a participação em listas de "grandes" universidades. É irônico notar que a USP foi maior quando se preocupava mais em pensar do que parecer que pensava...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A rua Maria Antónia, no centro de São Paulo, foi o berço da USP. Por lá passaram alguns do nomes da ciência que mais nos orgulharam no século XX. Mestres que foram além da pesquisa. Brasileiros que pensaram grande, por não terem desprezado o pequeno. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Entre os mestres que tivemos, dois nasceram no mesmo ano, 1924. Um faleceu no ano passado, Aziz Ab Saber. O outro faleceu ontem, Paulo Vanzolini. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Aziz contou que em 1942 frequentava muito a então biblioteca Municipal de São Paulo, que fica não muito longe da Maria Antónia. Disse que fazia parte de um grupo de amigos que cultuava a geração de 1922. Estudavam ciência, mas apreciavam literatura, música, poesia e política. O respeito que tinham pelos modernistas era tão grande que partiu deles o pedido para que a Biblioteca tivesse o nome que até hoje conserva: Mario de Andrade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Aziz Ab Saber e Paulo Vanzolini estão entre os produtos do modernismo brasileiro. Como foram Niemeyer, a Petrobrás e a Embraer. Foram modernos, ousados e genuinamente brasileiros. Produziram muitos trabalhos individuais, e escreveram juntos a Teoria dos Refúgios, referência na produção científica mundial. Mas foram mais do que cientistas. Vanzolini alternou sue trablaho de pesquisador com o de funcionário do Museu de Zoologia da USP. Mais do que cientista, atuou num museu pouco mencionado, mas cuja proposta é engrandecedora. Na cultura Vanzolini se tornou um dos grandes compositores de Samba. Não sabia tocar nenhum instrumento e, segundo ele mesmo, não diferenciava um tom maior de um menor. Mas escrevia a letra, criava a melodia e cantarolava para músicos que davam forma para suas criações. Vanzolini prezava as pessoas simples e autênticas. Conviveu com Adoniran Barbosa, embora não tenha escrito nada com ele, para nosso azar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Aziz Ab Saber era o homem das aulas magnas. O mestre que palestrava para professores aos sábados, interessado em compartilhar o que sabia para aqueles encarregados de educar crianças e jovens. Ab Saber foi um dos maiores exemplos de cientista a serviço do país que tanto amava. Assinou manifestos, participou de reivindicações e brigou com políticos. Sempre com muita energia e disposição. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Vivemos tempos tão interessantes quanto perigosos. Tempos em que a faciliade de acesso à informação não tem necessariamente resultado em ganhos de conteúdo. Tempos em que a discussão e o debate parecem ofender àqueles com suas verdades cristalizadas. A perda de Vanzolini ontem e de Aziz no ano passado deveria servir para pensarmos melhor no que temos feito com nossas universidades, escolas e país. Que tipo de seres humanos estamos a formar hoje? Sinceramente, que tempos são esses de Felicianos a serem mais lembrados do que Vanzolinis? Quem tempos são esses em que campanhas fascistas alternam aplausos a assassinos do Carandiru com companhas pela redução da maioridade penal? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: large;">Quem ainda não percebeu que estamos flertando com o perigo do pensamento único, excludente, autoritário e intolerante?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A História nos prega peças e o palpiteiro aguarda a mais uma das suas. Pois quando tudo parece fadado ao pior, por vezes podemos ter o melhor. Do século do nazi-fascismo, ditadura civil-militar e Hebe Camargo conseguimos nomes como os de Vazonlini e Ab Saber. Um olhar mais atento à nossa volta poderia nos levar ao desânimo diante da mediocridade reinante. Nossos mestres provaram que é possível sermos maiores em meio a tantas dificuldades e resistências. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia; font-size: large;">Que Vazolini descanse em paz. Nós não.</span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-63599627728094933702013-04-06T11:52:00.001-07:002013-04-06T11:52:30.398-07:00Um palpite sobre a crise da Coreia: Drama e comédia no caso da Coreia...<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A mobilização militar e a troca de provocações entre as autoridades da Coreia do Norte e dos EUA são amplificadas, disseminadas e dramatizadas pela imprensa. Há fatos. E há a interpretação dramatizada deles. O palpiteiro, enquanto se diverte com a histeria midiática do caso, busca fatos... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em 1983, um avião da Korean Air Lines violou o espaço aéreo da então URSS, no extremo leste siberiano. Caças soviéticos foram acionados. Seguindo orientações superiores, um caça derrubou o Boeing, no caso conhecido como KAL007. O avião caiu e não houve sobreviventes. Os números denunciaram a morte de 269 pessoas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Esse caso indignou a opinião pública internacional em 1983, época de Guerra Fria, sem internet. As investigações foram prejudicadas pela recusa da Rússia, senhora da URSS, em liberar dados que pudessem esclarecer o que de fato ocorreu. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo lado dos EUA- o voo tinha partido de Nova Iorque e tinha cidadãos estadunidenses- a URSS cometeu um crime internacional, ao abater um avião civil com 269 inocentes. Pelo lado da URSS, os pilotos de seus caças agiram da forma correta, cumprindo ordens diante de um avião que não foi identificado. Pelo lado dos EUA e da Coreia do Sul, o avião violou o espaço aéreo da URSS por erro nos equipamentos de navegação num tempo em que não existia GPS. Pelo lado da URSS, qualquer país invadido no seu espaço aéreo pode abater o avião intrometido. Entre um lado e outro, repousa a verdade e 269 almas...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Esse caso horroroso parece absurdo hoje em dia. Mas fez parte da rotina da Guerra Fria entre 1945 e 1991. As duas superpotências não podiam se enfrentar diretamente, devido às suas capacidades nucleares. Mas se provocavam indiretamente, usando outros países. Quase 3 décadas depois do KAL007, muita gente desconfia do mais sórdido: os EUA, ao enviarem mensagens erradas, usaram o avião da Korean Air Lines para testar o sistema de radares da URSS, na Sibéria. Os radares detectataram o avião e foi derrubado. À parte a tristeza das famílias das vítimas, o que tivemos foi um jogo no qual uma superpotênica provocou e a outra não recuou. E quem se deu mal foram os coitados que perderam suas vidas no KAL007. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em pleno século XXI a pergunta "se vamos ter uma guerra nuclear entre EUA e a Coreia do Norte" não é das mais inteligentes. A melhor opção é questionar: por que ainda há 2 Coreias no mundo pós URSS?? Por que elas não se unificaram como a Alemanha?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em primeiro lugar é preciso lembrar que a divisão de um país milenar foi uma das bizarrices de um período histórico muito bem determinado. Desde então, a Coreia dividida rasgou a história de um povo, mas atendeu aos interesses das elites dos 2 lados. Pelo lado da Coreia do Norte há uma elite de burocratas e militares que não teriam o mesmo poder econômico e a mesma influência social numa Coreia reunificada. Pelo lado da Coreia do Sul não há interesse em ter o poder dividido com os "pobres" da Coreia do Norte. Grande parte do povo coreano gostaria de ver seu país reunificado. As elites políticas e econômicas dos 2 lados não. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo mundo afora não há interesse na reunificação coreana. A Coreia do Norte é pobre mas possui um exército de respeito. A Coreia do Sul é uma piada militar, mas uma potência econômica. Uma Coreia reunificada- nos moldes da Alemanha pós-Muro de Berlim- formaria uma potência regional de respeito. E esse é um problema, não para os coreanos. Japão, China, Rússia e EUA não têm o menor interesse em aprovar o surgimento de uma potência média num espaço onde disputam cada milímitro de influência política e militar. Não interessa aos outros a unificação coreana. Simples assim.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas por que o presidente norte-coreano é tão provocativo? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não é estúpido reconhecer que Kim-Jun-un provoca crises externas para saciar a elite militar da Coreia do Norte e a elite burocrática que vive às custas de um Estado voltado para a guerra. Estúpido é acreditar que isso só ocorre por lá. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O mundo ainda vive uma crise econômica e social das mais graves. As perspectivas não têm sido boas e, uma ameaça de guerra, é muito conveniente para governos sem propostas e credibilidade. Na Coreia do Norte há fome, pobreza e repressão. Uma ameaça de guerra no mínimo distrai os potenciais opositores do governo pelo apelo nacionalista que toda guerra desperta. Assim é nos EUA, Japão e Rússia. Sem ameaças externas, estadunidenses, japoneses, russos e coreanos teriam que ser defrontados com seus problemas domésticos e reais. A falta de emprego, a queda do padrão de vida e os excessivos gastos militares são deixados de lado. Convenientemente. Ou são justificados diante de "um mal maior". No Brasil isso parece estranho. Acostumados a criticar nossos governos, adquirimos uma qualidade pouco reconhecida ente nós. A de que nossos problemas são culpa nossa, não dos outros. NENHUM presidente ou presidenta do Brasil jamais apelou para crises externas para dissimular problemas internos. Pelo menos desde Vargas até Dilma. Nem o doido do Jânio, o histérico do Collor e os fardados da ditadura civil-militar. Isso no mundão afora não é tão comum e óbvio como parece ser por aqui. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Assim, as provocações de Kim-Jun-un seguem um roteiro bem conhecido. Declarações raivosas, mobilização de tropas e aumento das tensões. Pelo lado dos EUA, Coreia do Sul e Japão, o mesmo. Nesse teatro de farsas convenientes, a guerra não é desejada. TODOS perderiam. O que fazem é exaltar a ameaça, demonstrar os riscos e faturar com o medo coletivo de seus povos. O medo é um poderoso - e perigoso - instrumento de coesão nacional a sustentar governos ineficientes, corruptos e irresponsáveis em seus gastos militares. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas há um risco. O jogo de ameanças de guerra não é para todos. Apenas bons jogadores se beneficiam dele. Sempre há o risco de alguém sair do tom, agir de modo mais agressivo do que o esperado. E avançar além do que o outro lado pode suportar. O segredo da política externa mais agressiva não é ameaçar. Mas dar ao ameaçado alguma chance de saída honrosa. Diante de um impasse no qual um país é confrontado entre a luta e a covardia, o mais comum é o seu líder partir para o ataque. É nesse contexto que as guerras estúpidas ocorrem. E vidas se perdem, Estupidamente. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelo que já leu, ouviu, viu e pensou, o palpiteiro afirma que um conflito entre a Coreia do Norte e os EUA e seus aliados (Japão e Coreia do Sul) é possível, mas pouco provável. A tecnologia nuclear nos trouxe essa macabra segurança. A guerra entre detentores de bombas atômicas não ocorre devido ao apelo da paz. Ela simplesmente não ocorre pelo medo da auto-destruição. Na Guerra Fria chamávamos isso de "equilíbrio pelo terror". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro arrisca ser desmentido pelos fatos. Aposta que essa tensão militar irá passar. O que não quer dizer que não possamos ter uma guerra daqui a poucos minutos. Mas não há o cheiro da guerra no ar. A "névoa da guerra" ainda não pairou sobre nós. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Evidências?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O jovem presidente da Coreia do Norte recomendou que os embaixadores de outros países se retirassem de sua capital, por não ter como garantir a segunraça deles em caso de guerra. Isso é um típico aviso público de que as coisas estão esquentadando. Pelo lado da realidade, até este momento em que o palpiteiro escreve, NENHUMA das grandes potências com embaixadores na Coreia do Norte retirou seus representantes do país. De acordo com nota do Itamaraty, o embaixador do Brasil ali permanecerá, até seguna ordem. Cá ente nós, diante de uma ameaça REAL de guerra, alguém acredita que tantos países abandonariam seus embaixadores num alvo de bombas nucleares? Estamos falando de <span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;">Alemanha, Gra-Bretanha, Suécia, Polônia, Romênia, República Tcheca e Bulgária, países com embaixadores na Coreia do Norte que não acataram a recomendação de retirada. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Alguém realmente acredita que os EUA não teriam uma mobilização ousada e grande para retirar os milhares de seus cidadãos da Coreia do Sul e do Japão caso acreditassem mesmo que teriam uma guerra de verdade?</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A ameaça de guerra entre a Coreia do Norte e seus rivais, EUA à frente, interessa aos governos dissimulados que precisam disso para suportar as críticas de seus erros em outras áreas, econômicas e sociais em especial. Também interessa a setores da mídia, que carecem das vendas de jornais, revistas e audiência, perdidas com a internet. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No mundo real, alimentado por informações apuradas e mais próximas da realidade, essa guerra é mais uma das muitas armações que o mundo já viu. Acredita quem quiser. Ou estiver para lá de mal informado... </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 21.921875px;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-36243627567665259462013-03-20T07:56:00.000-07:002013-03-20T07:56:01.208-07:00Um dos muitos mestres que já tive na vida<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">No garimpo virtual pode-se encontrar preciosidades. Um palpiteiro acidentalmente achou algumas, transcritas abaixo. Estão fora de ordem e quem quiser ler a íntegra dessas citações pode acessar o link ao final. O importante é saber quem é <strong>Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro</strong>. E que no Brasil há pessoas dignas, geniais e tristemente esquecidas pelos toscos "formadores de opinião"...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">“A geografia não é para estar se fragmentando e se especializando mais e mais...
É importante preparar os outros para ter liberdade quando criticar” </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">"Na universidade fui para o lado físico para não bisbilhotar a vida alheia como
na geografia humana!"</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">"No primeiro dia de aula, entrei na sala, os alunos levantaram e fizeram um
comício por causa do Ato Institucional e da política que estava fervendo. Os
estudantes viviam reclamando da ditadura. Eles entraram, fizeram o comício,
fiquei escutando e depois fui embora. Não foi hostilidade a mim, era um protesto
geral."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">"Pedir dinheiro para viajar é um direito do pesquisador, mas neste país de
exceções, em que as crianças estão morrendo de fome e cheirando cola, me
considero um privilegiado e pago a minha curiosidade, não vou tirar do
contribuinte. Nesse ano, em Moscou, entrei para a comissão de problemas
ambientais, o presidente era o Innokenty Gerasimov, um cientista de prestígio
naquela academia. Foram 12 anos em que eu viajei na comissão. Em 1976 foi em
Moscou, 1977 em Praga, 1978 na Nigéria, em Lagos, em 1979 na Rússia de novo.
Depois, em 1980, no Japão, 1981, no México, 1982 em São Paulo, organizado por
mim. Em vez de ficar preso numa cidade vendo paper, organizei uma excursão de
quatro dias; o primeiro dia a gente foi em direção a Piracicaba, almoçou na
beira do rio, que já estava poluído. Depois a gente continuou em direção a São
Carlos, onde dormimos; o dia seguinte apresentamos os <em>papers</em> – a gente
viajava um dia e trabalhava no outro. Você vem da Rússia, da Índia e tem de
ficar trancado numa sala vendo papel que você pode ler depois? É uma pena, não
é?".</span> </div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
"<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">As partes se completam, não se pode ignorar o coletivo, mas também não se pode
ignorar a parte interior do homem. Temos o direito de desenvolver uma percepção
crítica, é importante preparar os outros para ter liberdade quando criticar e
não seguir o rebanho fazendo tudo o que os outros fazem."</span><br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=4133&bd=1&pg=3&lg">http://revistapesquisa2.fapesp.br/?art=4133&bd=1&pg=3&lg</a>=</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /> </div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-77242544041569437162013-03-14T09:34:00.001-07:002013-03-14T09:40:33.457-07:00Jorge é agora Franciso. Não é tolo e nem argentino<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Conta-se que, durante a construção de Brasília, muitos embaixadores de países amigos procuraram as autoridades brasileiras para a compra de terrenos na nova capital. Os EUA foram os primeiros a fazerem sua proposta. Mas foram os terceiros a conseguir. Em primeiro lugar ficou o Vaticano, em segundo Portugal. A maior potência econômica e militar do planeta foi deixada em terceiro plano, após um país pequeno da península ibérica e de outro que nem exército tem. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Conta-se também que durante a ditadura brasileira o exército não temia quase nada. Reprimiu guerrilheiros, torturou, matou e ocultou os cadáveres de opositores. Aposentou professores universitários, bateu em operários e deu tapa em estudantes. Mas foi muito cuidadoso em relação a instituição mais respeitada pela ditadura civil-militar: a Igreja Católica. No início da década de 1970 um grupo de cardeais se reunia secretamente com um general muito católico, afim de manter as boas relações entre o exército e a Santa Igreja Católica no Brasil. O palpiteiro já viu fotos de um desses encontros, ocorrido em Petrópolis, RJ. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Assim é a Santa Igreja na América Latina. Não tem a força das armas, mas das ideias, dos valores e do medo do inferno. Ademais, possui um dos maiores serviços de espionagem do mundo, em especial nos países de maior presença de católicos. O que um católico não diz no trabalho, entre os amigos ou a família o faz para o padre, pessoa de alta confiança em muitas comunidades. Qualquer paróquia é um centro de coleta de informações sociais, econômicas e políticas. Padres conversam com bispos, que conversam com arcebispos. Que se reportam a Cardeais. Que elegem Papas...</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Em latim, Cardeal quer dizer "principal". Ninguém chega a esse posto se não for da mais estrita confiança da Santa Igreja. Uma instituição que nascida no Império Romano, que cresceu na Idade Média, resistiu à Reforma Protestante, à revoluções socialistas e duas guerras mundiais. A Santa Igreja é assim. Possui uma estrutura econômica, política e moral que ultrapassa o tempo e o espaço. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Ninguém que tenha juízo briga com a Santa Igreja. Em 1989 os EUA invadiram o Panamá, com a missão banal de prender o presidente da República. Noriega, ex-colaborador da CIA, se refugiou num prédio da Igreja. Que negociou sua entrega com os EUA. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Golpes de Estado e tentativas de Golpe contaram com a participação de parte do alto clero católico. Ditaduras também foram derrubadas com a participação de parte desse mesmo alto clero católico. Ascenção e queda de governos raramente ocorreram sem a participação direta ou indireta de autoridades da Santa Igreja. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O novo Papa nasceu na Argentina, o que não quer dizer que continue a sê-lo. Foi-lhe dado o nome de Jorge, desde ontem tornado Francisco. Jorge não foi escolhido ao acaso. A Argentina é ainda um país de maioria católica, assim como o Brasil, México e a maior parte da América Latina. Naquele país, Jorge, hoje Francisco, foi sempre leal à sua Igreja. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Conta-se que durante o sanguinário regime militar argentino ele foi hábil para jogar nos dois lados. Incentivou católicos da Teologia da Libertação ao mesmo tempo em que não atrapalhava a sua perseguição. Dizem que fora leal a pessoas de lados em conflito. Se agiu dentro da moral católica ou não, apenas ele e Deus devem saber com exatidão. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">A Santa Igreja tem um sério problema político para resolver. Suas riquezas estão concentradas na Europa, onde a perda de católicos tem sido forte, há mais de 5 décadas. A maior comunidade católica do mundo está na América, sobretudo latina, mas com minorias significativas nos EUA e Canadá. O dilema político é simples. O lugar onde há mais católicos não tem tanto poder de decisão política e econômica no Vaticano. O lugar onde há maior perda e crítica à Santa Igreja concentra o poder.</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Um Papa da América não representa necessariamente uma vitória do continente ou um ganho de força na estrutura do Vaticano. A maioria dos cardeais com direito a voto é europeia. Dificilmente Francisco I mudará o Vaticano sem a anuência deles. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O Papa é um rei de uma monarquia não hereditária com sucessão eletiva. Como chefe de Estado, um Papa atende aos interesses do que governa, não do país em que nasceu. Maldizer a escolha de um Papa nasicdo na Argentina é tão estúpido quanto comemorar uma eventual escolha de um Papa brasileiro. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; font-size: large;">Jorge, hoje Francisco era Cardeal. Hoje é Papa. Há muito tempo que não é mais argentino. </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-63774838043298292962013-03-07T14:08:00.004-08:002013-03-07T14:09:09.263-08:00O sábio silêncio<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"><strong>Capas do jornal O Estado de S. Paulo, nos dias 06 e 07 de Março de 2013:</strong></span> </div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<img alt="Capa do jornal O Estado de São Paulo" border="0" src="http://www.netpapers.com/capas/o-estado-de-sao-paulo/o-estado-de-sao-paulo_06032013.jpg" title="Capa O Estado de São Paulo" /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Sobriedade. Imagem bem escolhida, com Chavez acenando para o povo, de costas. Para um presidente morto, com forte apoio popular, a capa do Estadão é respeitosa. Não exalta, não elogia. Não há adjetivo. O Estadão nunca apoiou Chavez. Jamais concordou com ele. Várias vezes o criticou e debochou dele em seus editorias. Mas o momento era outro. A morte, limite máximo do ser humano, estava colocada. Até mesmo diante do pior dos nossos inimigos o silêncio respeitoso é necessário.</span> </div>
<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="http://www.netpapers.com/capa-do-jornal/o-estado-de-sao-paulo" title="Clique para acessar o jornal O Estado de São Paulo"><img align="Jornal O Estado de São Paulo" alt="Capa do jornal O Estado de São Paulo" border="0" src="http://www.netpapers.com/capas/o-estado-de-sao-paulo/o-estado-de-sao-paulo_07032013.jpg" title="Capa do jornal O Estado de São Paulo" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">No segundo dia, o respeito aos fatos. <strong>"Venezuela se despede de Chavez e teme instabilidade".</strong> Sim, a imagem do cortejo fúnebre cercado por tanta gente é um reconhecimento da realidade. Fosse quem fosse Chavez, houve comoção popular. Mas o Estadão dá o recado: a coisa está feia por lá. O país não está seguro de uma transição tranquila, "teme instabilidade". Por dentro, crítica, ataques. O Estadão de sempre na oposição a Chavez e a quem dele se aproximou. Mas o que fica mesmo para a histórica, nas consultas rápidas que fazemos e faremos nos arquivos digitais, serão as capas dos jornais, mais do que seu conteúdo. Se por dentro o Estadão é o mesmo, por fora soube se resguardar. Apenas leitores argutos e interessados repararão na diferença entre o conteúdo ácido e a capa sóbria. Diga-se o que quiser do Estadão. Mas ainda há classe. Resta elegância, a despeito dos deslizes panfletários dos últimos anos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"><strong>Capas do jornal "Folha de São Paulo, nos dias 06 e 07 de março de 2013:</strong></span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<img alt="Capa do jornal Folha de São Paulo" border="0" src="http://www.netpapers.com/capas/folha-de-sao-paulo/folha-de-sao-paulo_06032013.jpg" title="Capa Folha de São Paulo" /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">E a Folha de São Paulo, o que escolheu? A palavra pesada, lúgubre, mórbida. O substantivo dolorido e doído. "Câncer". Na capa da Folha, Chavez não morreu, foi morto. A informação de sua idade não foi gratuita. "58", informa a versão impressa do jornalismo rasteiro que a TV brasileira mostra diariamente às 18:00h. Quem morre aos "58"? Partindo da generosidade que a Folha se referiu à idade de Chavez, não ao seu número de camisa, sapato ou de sorte. "58". Quem morre aos "58"? Os fracos, os que não puderam contar com a sorte. Os doentes e os enfermos. Morrem aos "58" os que sofrem acidentes. Morrer aos "58" é contradizer a imagem escolhida. Ao fundo, desfocada, a caricata foto de Che Guevara. Em primeiro plano o referido, num gesto de força, com a mão direita estendida. A imagem, malandramente escolhida faz referência à saudação nazista. O braço direito estendido. Quem duvida que procuraram alguma que tivesse com a mão aberta à semelhança de Hitler? Hitler? Sim, o ditador assassino que morreu na derrota alemã. Sim, a ideia é essa: ditadores às vezes morrem, Ou são mortos. Se a imagem mostra vitalidade, a manchete contradiz. "Câncer", "mata", "58". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Mas faltava o tiro final. O irresistível uso do adjetivo. O qualificador do líder morto. "POPULISTA". Popular? Não. O que interessa é o julgamento. O corpo de Chavez ainda não havia sido exposto quando a Folha se decidiu pela manchete. Chavez foi para o inferno ou para o céu? Para a Folha não há dúvida. Era "populista". Ponto final. Chavez jamais irá se defender dessa última qualificação negativa dada pela Folha, com destaque, na primeira página. Cá entre nós: raramente pode se defender por lá. Se vivo estivesse, dificilmente teria esse direito. Chavez morreu. A Folha não mudou...</span></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="http://www.netpapers.com/capa-do-jornal/folha-de-sao-paulo" title="Clique para acessar o jornal Folha de São Paulo"><img align="Jornal Folha de São Paulo" alt="Capa do jornal Folha de São Paulo" border="0" src="http://www.netpapers.com/capas/folha-de-sao-paulo/folha-de-sao-paulo_07032013.jpg" title="Capa do jornal Folha de São Paulo" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A capa do segundo dia após a morte de Chavez é um exemplo do "estilo" Folha de ser. A imagem mais uma vez foi escolhida a dedo. Sim, havia muita gente. Mas há no alto, em destaque, um morro com casas pobres. A imagem comum, brasileira quase, de favela. O recado implícito é sarcástico. "Morreu o líder, mas vejam só a miséria..." Para aqueles que se acostumaram com o "estilo" Folha de "jornalismo" não é por demais exagero o pensamento "...pobres...Só pobres gostavam daquele populista...Gente ignorante..."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A manchete é ainda mais interessante: "Missão das tropas é eleger chavista, diz chefe militar". A mania da Folha em ter frases longas para capa de jornal é inusitada. Se pudesse, eliminariam essa bobagem chamada manchete. Por que não escrever logo o texto inteiro em letras grandes? O conteúdo, o mesmo de sempre. A Chavez, o "ditador", nada mais óbvio do que "tropas" se manifestarem politicamente. A mensagem da Folha segue seu padrão de "jornalismo". Chavez era um "ditador" e seu grupo permanecerá no poder pela força. Se isso vai acontecer ou não é outra história. O que interessa é apontar o caminho de uma ditadura. Nem que seja fantasiosa, sugerida ou desejada. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Quem quiser se divertir ainda mais com a histéria gráfica da Folha, que leia o editorial da mesma edição dessa capa. Os fatos cedem lugar ao excercício da futurologia. E, no melhor estilo de humildade da Folha, o jornal dá a receita do que a oposição a Chavez deve fazer.</span></div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um dia alguém irá fuçar a capa desses jornais no futuro. Talvez já nem saibam quem foi Chavez. Se vir primeiro a capa do Estadão pensará que houve a morte de um presidente Venezuelano. Se vir a Folha, terá certeza de que morreu alguém que não merecia respeito. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Um dia alguém se questionará por que alguns jornais não ultrapassam um século de vida. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O Estadão é de 1875. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">A Folha? Não fez cem anos ainda. Escrevendo com a inconsequência dos adolescentes fica difícil acreditar que chegará a viver mais do que o Niemeyer. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Chavez morreu aos "58'. É razoável crer que muitos de seus detratores também não cheguem a durar um século. </span></div>
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<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Chavez, ao menos morreu de Câncer. E suicídio jornalístico, existe?</span> </div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-31475779633214962902013-02-03T16:06:00.001-08:002013-02-03T16:08:17.460-08:00Um Renan que vem bem a calhar<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro tem se divertido com a indignação cívica - e seletiva- de brasileiros que repudiam a eleição de Renan Calheiros para a presidência do Senado nesse início de 2013. O palpiteiro sempre temeu pelo linchamento individual que libera ódios, alivia tensões e favorece canalhas de diferentes quadrantes. Aqueles que se beneficiam com tudo o que há de errado no Brasil adoram quando você ofende, execra, pede a renúncia e aponta apenas para Renan Calheiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas Renan é consequência, não causa. Assim como seu antecessor, José Sarney. Para conferir, basta ver a lista de presidentes do Senado. Alguma vez aquela casa já foi presidida por alguém digno de admiração nacional? Responda rápido: qual o nome de UM único presidente do Senado que tenha, de fato, relevância na nossa história?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quem consultar a lista de presidentes da "Câmara Alta" brasileira verá nomes para lá de curiosos. Em 1973 era Filinto Muller, aquele que entregou Olga Benário Prestes, judia alemã, grávida, para a Gestapo, em plena Segunda Guerra Mundial. Filinto Muller acabou morrendo num acidente aéreo. Sabe-se lá como está sua alma...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas a lista de presidentes é interessante. Entre 1981 e 1983, o presidente da honrosa casa era Jarbas Passarinho. Antes, gloriosamente, Jarbas Passarinho havia sido o ministro da educação da ditadura. Conduziu a reforma no ensino no Brasil. Quando de sua participação tínhamos um sistema educacional muito restrito, mas de boa qualidade para os que nele podiam ingressar e permanecer. Após Jarbas, o sistema foi expandido. E milhões de brasileiros finalmente puderam entrar em escolas péssimas, com professores mal pagos e condições materiais muito ruins. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Entre 1997 e 2001, o presidente do Senado foi António Carlos Magalhães. Um político cujo apelido era "Toninho Malvadeza" não merece maiores apresentações. ACM, como muitos chamavam Malvadeza, tinha poderosos e leais amigos. Sua família detém até hoje as emissoras que retransmitem a Globo na Bahia. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O antecessor de Renan Calheiros foi José Sarney, cuja família é dona da emissora que retransmite a Globo no Maranhão. Também é membro da Academia Brasileira de Letras, aquela entidade fundada por Machado de Assis e que conta com "gênios" da nossa língua, como Merval Pereira e Paulo Coelho. Sarney governou o Brasil entre 1985 e 1990. Foi para a história como o presidente que mais liberou concessões de emissoras de rádio e TV em nossa história. Graças aos seus critérios republicanos, temos a situação de hoje: 56 parlamentares do Congresso Nacional são sócios ou diretores de emissoras de rádio e TV. A lista obtida pelo palpiteiro não informa se há parlamentares que comandam emissoras por controle remoto...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Renan Calheiros foi apoiado por Fernando Collor, também senador por Alagoas. Collor foi presidente entre 1990 e 1992. Renan Calheiros foi seu ministro. Collor foi afastado e deixou a presidência. Renan Calheiros continuou na política e foi ministro da <span style="color: red;">JUSTIÇA</span> de FHC...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A história de Collor merece um palpite a parte. Por aqui, o que interessa lembrar é que perdeu a presidência da república e que foi por 9 anos impedido de se candidatar a qualquer cargo eletivo. Cumpriu sua pena e o povo alagoano o elegeu Senador novamente, tudo dentro da lei. Collor perdeu o cargo, o prestígio e o respeito de muita gente. Mas nunca perdeu o controle da emissora Gazeta de Alagoas, retransmissora da Globo no Estado. O palpiteiro acredita firmemente que o Senador Collor nunca misturou seus interesses políticos com os negócios de sua emissora. Qualquer um pode apostar na imparcialidade de sua TV ao noticiar casos envolvendo adversários políticos. Afinal de contas, a emissora de Collor retransmite a Globo, padrão reconhecido de isenção, honestidade e responsabilidade no trato da informação. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">As relações entre parlamentares e emissoras de TV merecem muitos estudos, investigações e discussões. Até que ponto a informação que chega pelas emissoras de rádio e TV são de fato livres dos interesses políticos de seus donos e sócios?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Renan Calheiros foi eleito com 56 votos a favor e 18 contra. Entre os 81 senadores, 4 deixaram de votar, o que naquelas circunstâncias nos permite indicar um apoio envergonhado a Renan. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O mais inusitado na eleição de Renan Calheiros foi a forma da votação. Os senadores votaram em cédulas de papel, que foram destruídas após a contagem. O voto não foi aberto. O palpiteiro tem todo o direito de desconfiar que há muitos senadores que dizem uma coisa em público e votam no sentido contrário em segredo. Renan Calheiros foi eleito com muito mais votos do que aqueles dos senadores que o apoiaram publicamente. Teve espertinho posando de oposição ética nos microfones e de apoiador envergonhado no papelzinho que deu a vitória a Renan.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O presidente do Senado detém um poder muito grande. Apostar na destituição de Renan Calheiros agora é muito arriscado. Não sabemos do futuro e denúncias podem surgir e virar o jogo contra Renan. Por ora, ele possui muito apoio no Senado. Isso é um fato. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O direito ao choro é livre no Brasil. Vociferar contra Renan Calheiros é legítimo. Defender sua renúncia é louvável. Mobilizar-se por investigações e eventuais punições é republicano. Mas fazer tudo isso sem questionar os demais parlamentares, senadores e deputados, assim como as relações incestuosas que muitos deles mantém com emissoras de rádio e TV é uma grande infantilidade. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Cá entre nós: cada vez que você mirar apenas em um, os demais parlamentares terão aquela sensação de alívio, do tipo: "...ufa! ainda não nos descobriram...". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Renan Calheiros é o Judas que os ingênuos malham no poste da "grande imprensa" nativa. Convenhamos, atacar APENAS a ele e não saber do apoio midiático que permite ter o Senado que nós temos é ótimo para alguns muito espertos. Esse ódio a Renan vem bem a calhar... </span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Links fofos...</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A respeito da relação entre parlamentares federais e emissoras de rádio e TV:</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/confira-a-lista-de-parlamentares-donos-de-radio-e-tv/</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A respeito da peculiar forma de votação para a presidência do Senado:</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">http://noticias.terra.com.br/brasil/politica/presidente-do-senado-sera-eleito-por-voto-em-cedulas-de-papel,aa58e5f59869c310VgnVCM3000009acceb0aRCRD.html</span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-90995104852198168062013-01-30T17:48:00.003-08:002013-01-30T17:48:51.508-08:00Entre tantos culpados...<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Hanna Arendt, a serviço da revista New Yorker, assumiu uma missão marcante para a sua vida: cobrir o julgamento de um criminoso nazista em Israel. A tarefa não foi simples. Arendt era judia e tinha sobrevivido à perseguição antissemita durante a insanidade hitlerista. Os artigos de Arendt para a revista foram reunidos e transformados num livro muito bom, chamado "Eichmann em Jerusalém". De toda a riqueza da análise do caso, a expressaõ que o palpiteiro adotou para o resto dos seu dias foi "assassino de gabinete". Explica-se. Eichmann não matou um único judeu. Diretamente. Mas era o encarregado de organizar os trens que levaram milhões de judeus, gays, comunistas, eslavos, testemunhas de Jeová, deficientes físicos e mentais, para os campos de concentração onde foram assassinados em larga escala. A defesa de Eichmann insistiu no óbvio: ele apenas "cumpria ordens". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O nazista foi condenado à morte, enforcado, cremado e suas cinzas lançadas no Mediterrâneo, fora das águas territoriais israelenses. O entendimento do tribunal foi de responsabilidade comum. Não matou, mas ofereceu, com grande empenho, todas as condições que podia para que outros matassem. Numa frase curta: Eichmann se omitiu diante de uma tragédia inaceitável. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria tem algo parecido. Ninguém poderá ser acusado de ter provocado, intencionalmente, a morte de mais de 2 centenas de jovens. Logo, não há quem pague. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">À prefeitura, caberia a devida fiscalização. Aos corpo de bombeiros também. Aos seguranças, instruções mínimas, além de um grama de humanidade. Aos proprietários, a responsabilidade pela vida de tanta gente que lhes rendiam bons lucros. Aos músicos da banda que lançaram os sinalizadores que provocaram o incêndio, um mínimo de conhecimento e juízo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A legislação brasileira diferencia muito bem a prática de homicídio culposo, sem intenção, do homicídio doloso, intencional. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No caso em questão, há fortes indícios de culpa, mas não de dolo. Com muito talento e empenho, a promotoria conseguiria a condenação de dolo de alguém, no mínimo dos proprietários. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro ficou sabendo da prisão de um dos sócios da dita boate e de integrantes do grupo de cretinos que iniciaram o incêndio. A sensação principal foi a de terem detido os bobos da vez. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não há como um local de entretenimento, que atrai tantas pessoas, com a movimentação de funcionários e dinheiro, funcionar, irregularmente em Santa Maria sem um mínimo de negligência de corrupção das autoridades responsáveis por sua fiscalização. E não cabe a culpa direta a um ou outro funcionário específico. A realidade aponta para a responsabilidade comum de uma cadeia de muitos participantes. Nenhum com a intenção direta de matar. Todos com a responsabilidade indireta de oferecer as condições para tantas mortes. Assassinos de gabinete enfim. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Estado Brasileiro, nos seus 3 níveis de governo apresenta o mal do descaso, a praga da corrupção e o costume do cinismo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No descaso, notamos a falta de empenho em realizar suas funções mínimas, como a fiscalização de uma boate em Santa Maria ou em São Paulo - não importa o local...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A praga aparece como coisa normal. A grana que se paga a um fiscal ou qualquer outra autoridade para que não haja maiores dores de cabeça. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Cinismo emerge da prisão de cretinos mais frágeis na cadeia de culpados. Um sócio tonto e músicos toscos no uso de material combustível. As instituições como a prefeitura, o governo do Estado e o corpo de bombeiros estarão devidamente preservados. Não demora muito a RBS Globo local - mostra imagens de bombeiros tirando gatinhos de uma árvore. E a boa imagem da corporação permanece. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quando tantos são culpados difícil fica de punir alguém. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas se há tantos culpados na tragédia de Santa Maria, alguém irá pagar pelo que ocorreu?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Muitos já pagaram: com a vida. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quanto aos gabinetes, tudo continua como sempre. </span></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-45201585539487308202013-01-25T08:40:00.002-08:002013-01-25T08:40:25.215-08:00Óbviohttp://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1220033-sem-conseguir-internacao-jovem-volta-a-cracolandia-em-sp.shtmlSérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-52328360568933492162013-01-14T04:46:00.000-08:002013-01-14T04:46:34.487-08:00Os gatos pingados da Paulista<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Qualquer um que conheça um grama do que tem sido o Brasil nos últimos 20 anos saberá que forjamos três formas de pensar a respeito de política: os que admiram Lula, os que o odeiam e os que não se importam com sua existência, sucesso ou fracasso. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Diferentes palpiteiros eleitorais têm apontado para números que fazem algum sentido quando olhamos os resultados eleitorais. Acreditam que uns 30% apoiem de fato Lula, uns 30% o detestem e uns 30% oscilem de acordo com as circunstâncias do momento. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Se considerarmos os três últimos resultados eleitorais, 2002, 2006 e 2010, é razoável acreditar que os indiferentes se uniram aos simpatizantes, deixando os odiosos com pouco mais de 35%. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Se considerarmos os resultados anteriores, 1989, 1994 e 1998, teremos que aceitar que os indiferentes se uniram aos raivosos contra Lula e o PT.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">É por isso que as manifestações políticas contra Lula ficam engraçadas quando seus militantes mais exaltados definem o sucesso eleitoral de Lula e do PT das últimas eleições como resultado da "burrice do povo". O argumento é singelo, pois desconsidera a própria lógica da burrice. O mesmo eleitorado que votou em Lula e no PT nas últimas 3 eleições o fez contra nas 3 anteriores. A burrice é então eventual ou apenas falta de argumentos mais consistentes?</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O dia de ontem foi histórico. De acordo com a Folha de SP, cerca de 20 pessoas organizaram uma manifestação "contra Lula e o PT e em favor da honestidade". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A conhecer a seriedade e a competência da Folha de SP com números, é seguro acreditar numa margem de erro de 10 manifestantes. O palpiteiro acredita em no mínimo 10 e no máximo 30 deles...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas o número dos herois da resistência a Lula não traduzem nem de longe a realidade de quem não gosta de Lula e não suporta o PT. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na cidade de SP, os que não votaram no PT nas últimas eleições somam, tranquilamente, milhões de pessoas. Nem todos babam de ódio ou podem ser classificados como "fascistas manipulados pela coligação veja-globo-folha-estadão". Muitos simplesmente não concordam com as propostas, o discurso e a forma do PT governar. Tem toda a legitimidade para isso, num sistema pretensamente democrático. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O que surpreende é notar que mesmo entre os militantes mais hidrofóbicos não houve condições de organizar ao menos 5.000 pessoas na avenida Paulista contra Lula e o PT. Quem mora em São Paulo sabe que há muito mais raivosos do que isso. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas por que não conseguem se mobilizar aqueles que mais se incomodam contra Lula e o PT?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro acredita que são vítimas do próprio discurso. Acostumaram-se a rotular manifestantes de baderneiros. Poucos titubearam no apoio à repressão da Tropa de Choque contra grevistas, professores e militantes nas ruas do Brasil. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Para quem acredita que pessoas que se manifestam estão sempre a agir como zumbis de sindicatos ou partidos políticos fica mesmo difícil acreditar na capacidade real que uma mobilização de manifestantes nas ruas pode provocar. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro jamais se colocará contra o direito à manifestação daqueles que o fazem sem violência. Mesmo que pense em contrário. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mas não custa nada aos raivosos aprender algumas lições:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- mobilizar pessoas requer capacidade de liderança e organização</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- uma causa comum é sempre importante, mas principalmente com um objetivo mais específico</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- colocar-se contra o direito de manifestantes que pensem o contrário de você pode ter o efeito contrário: desacreditar as manifestações pacíficas de rua como instrumentos legítimos da democracia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- esperar a mobilização de milhares de pessoas e contar com apenas 20 delas não é motivo para desânimo ou raiva. Antes de tudo é preciso fazer um balanço do que deu errado e POR QUE deu errado. Humildade não faz mal a ninguém. Nunca. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">São lições básicas que pessoas interessadas no livre exercício da democracia aprendem fazendo. Não há livro ou curso de formação política que ensine isso tão bem quanto a própria experiência e perseverança. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O palpiteiro se solidariza com os 20 gatos pingados que dignificaram a luta por um Brasil "mais honesto e sem Lula e o PT". Por isso, recomenda a observação daqueles que já se mobilizaram no passado. Estudar a liderança de Lula como político, ao invés de demônio, pode ser um bom e significativo passo nesse aprendizado. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Aqui, o link da histórica e retumbante manifestação</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">http://www1.folha.uol.com.br/poder/1214302-protesto-contra-lula-e-pt-reune-20-pessoas-na-avenida-paulista.shtml</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-15141128592100222812013-01-05T04:03:00.002-08:002013-01-05T04:03:22.339-08:00Retiro<div style="text-align: justify;">
O p<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">alpiteiro cumprirá o necessário retiro de janeiro. Bom para a saúde mental e para a redução das bobagens que se postam a cada segundo na internet. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A todos um bom verão. E até lá por volta do dia 13/01/2013.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-34601841693344668592012-12-07T04:30:00.002-08:002012-12-07T04:30:48.349-08:00A herança de Niemeyer. E de muitos outros também. <div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O ano de 2012 não terminou e a inteligência universal lamenta grandes perdas. Aziz Nacib Ab'Saber, Eric Hobsbown, Décio Pignatari e Oscar Niemeyer se foram. Todos eles morreram com mais de 80 anos. Pignatari foi, entre eles, o mais novo, com 85 anos, e Niemeyer o mais velho, com 104 anos, a poucos dias de completar 105 anos. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Morrer é a condição humana que amedronta, intriga e provoca. A morte para nós é diferente. Se para os animais é definida pelo instinto, para os humanos é mais do que isso: é pensamento e dúvida. Fazemos parte da única espécie que sabe que vai morrer e que se preocupa com o como, onde, quando e, de forma arrogante, o por quê isso irá ocorrer. As dúvidas a respeito da morte justificam a religião, motivam a filosofia, inspiram os artistas e amedrontam meio mundo. No limite, fica frase para lá de repetida e verdadeira: "Todo mundo quer ir para o céu, mas ninguém quer morrer".</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">As pessoas imaginam a morte de diferentes maneiras. As religiões de base judaico-cristã pregam uma vida eterna, ao lado de Deus, livre de erros e maiores preocupações. Outras religições acreditam num ciclo contínuo, em que o espirito migra, se transforma, retorna e parte. Para alguns a reencarnação seria apenas o preço para ficar mais na Terra. Para outros, a aceitação de nossa transitoriedade terrena. Seja lá qual for a crença se se siga, o mais sensanto é pensar justamente nisso: nossa passagem pela Terra é finita no tempo. Temos uma data de nascimento e uma de morte, ainda que não conhecidas. E aceitas. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Os mais materialistas pensam na possibilidade de deixar seu legado para que não os esqueçam. Um anel para um filho, bens, uma vida tranquila. Coisas que poderiam ser listadas em testamento, com registro em cartório, no papel. Nesse time há os ambiciosos que acreditam que podem comprar o reconhecimento pós morte. Aqueles que realizam obras ou patrocinam iniciativas que permitirão a lembrança das gerações seguintes. Isso vale para os Faraós que mandaram erguer suas pirâmides, para os escravistas que bancaram a construção de igrejas barrocas em Ouro Preto e para a família Matarazzo, cujo mausoleu no cemitério da Consolação sustenta este palpite.</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Mas há outras formas de lembrança. Um ditado oriental ensina que "um homem só morre quando é esquecido". Tutancamom assim morreu. A Pirâmide que mandou construir à custa de tantas vidas é lembrada por si, não por ele. No final das contas as pessoas visitam o Egito pelas ideias e conhecimentos que permitiram a construção daquelas obras, não de seus mandantes. As construções em pedra mantém vivas as ideias e os conhecimentos do egípicios antigos. Tutancamon é só um morto, a cultura egípcia não.</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Aziz Ab'Saber, Hobsbown, Pignatari e Niemeyer não tiveram Ferraris e também não mandaram construir Pirâmides. Mas todos eles serão lembrados pelo que fizeram, escreveram disseram e ensinaram. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Os prédios de Niemeyr durarão muitos anos, talvez séculos ou milênios. Mas não serão as obras em si a serem descritas. O que ficará para as gerações futuras será a ousadia. O atrevimento de arriscar fazer diferente. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">O palpiteiro aprendeu a respeitar os Modernistas Brasileiros pela ousadia de aceitarem o desafio de fazerem o novo com autenticidade. Esse foi o caminho que permitiu a produção da Teoria dos Refúgios de Ab'Saber e Vanzolini; os poemas concretistas de Pignatari; o concreto armado e curvo de Niemeyer. A história viva, do homem comum e injustiçado de Hobsbown. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Todos esses grandes homens mortos em 2012 se fizeram notáveis pelo que pensaram. Curiosamente, todos eles prezavam o diálogo, a conversa franca e o reseptio ao homem comum. De Pignatari e Hobsbown o palpiteiro conhece pouco, mas sabe alguma coisa de Ab'Saber e Niemeyer. Dos mestres que se fizeram respeitar no Brasil e no mundo sem esquecer do bom dia ao porteiro, do sorriso ao estudante, o pedido de licença ao garçom. Sem se esquecerem de pensar no outro, de se indignarem contra as injustiças e de saberem de suas condições humanas, transitórias enfim.</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">Perdemos grandes pensadores. Mas herdamos muitos de seus ensinamentos. Temos a chance de melhorar, estudando o que construíram, o que fizeram e o que foram como pessoas. Quanto à morte, permaneceremos em dúvida. Permaneceremos enfim limitados na nossa transitoriedade humana, seja lá qual for nosso destino. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">P.S.: Esse palpite é dedicado ao amigo Luis Fernando, que perdeu D. Hilda um dia antes da morte de Niemeyer. D. Hilda não foi conhecida como os mestres acima. Mas será lembrada e reconhecida pela pessoa boa que foi. </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"> </span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37530625.post-44431625962303009952012-11-26T13:10:00.001-08:002012-11-26T13:10:26.621-08:00Há saída<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Às vezes o noticiário revela verdades que mesmo o mais manipulador dos mortais não teria como negar. Às vezes a realidade é tão gritante que surge asssim mesmo, intrometida, sem pudores, mas nem por isso menos discreta. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Há poucos dias Boris Casoy, um representante do jornalismo capenga, teve que pagar, por acordo judicial, assim como sua empregadora a Rede Bandeirantes de TV, uma indenização de 21 mil reais a um gari. Quem lembra do caso, sabe que Boris Casoy fez um comentário preconceituoso contra o homem. Era um 31 de dezembro e o Jornal da Bandeirantes colocou saudações de feliz ano-novo de pessoas anônimas, literalmente, pois não havia caracteres que as identificasse. Numa delas um gari desejou felicidades a todos os que o vissem. Boris Casoy ironizou, menosprezando a sinceridade do gari. O áudio da fala do "homem branco, rico, letrado e superior" ao gari vazou. Pegou muito mal. No dia seguinte, Boris Casoy piorou as coisas. Pediu desculpas pelo vazamento do áudio, não pelo conteúdo do que disse. A Bandeirantes fez pior: manteve o "nobre" jornalista no ar e em seu quadro de "apresentadores de alto nível". Bem verdade que no horário da meia-noite, quando garis dormem...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Os anos se passaram e aparentemente justiça se fez. A moral ofendida do gari não pode ser reparada por 21 mil reais, dinheiro que não fará falta alguma a Casoy e ao grupo Bandeirantes. Mas o caráter simbólico da decisão é relevante. Lamentalvemente a imprensa que saúda a justiça que condena políticos silencia diante daquela que pune - com leveza, é verdade- os maus jornalistas. De todo modo, o gari passará um ótimo natal e um agradável ano-novo. A felicidade que ele desejou a todos, e que Boris Preconcetuoso-Arrogante Casoy desdenhou, fará a felicidade dele. Quem disse que o bem desejado não retorna?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Hoje o palpiteiro leu no Estadão a notícia que completa a realidade perturbadora, que protege garis e que ofende a outros. Trata-se da declaração do Reitor da Unesp de que as 3 universidades públicas estaduais de SP adotarão uma política de cotas sociais. De acordo com ele, será "semelhante ao que o governo Federal aprovou, porém melhor". </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Na notícia que o palpiteiro leu no Estadão, cerca de 50% das vagas nas "3 irmãs" ( USP, UNESP e UNICAMP) seriam destinadas a alunos de escolas públicas a partir de 2014. Destas, 35% para alunos negros ou pardos. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Como de costume, a notícia suscitará declarações raivosas contra as injustiças, a oportunista "defesa da escola pública" e o conceito para lá de retorcido de uma tal "meritocracia". Seja lá o que seus defensores entendam o que seja. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Discursos hidrofóbicos a parte, o que se percebe é que o governo do Estado resolveu se mexer. Após os resultados das eleições de 2010 e 2012, descobriu que a questão social e racial não podem ser ignoradas no Brasil. Muito menos camufladas por "analistas" e "palpiteiros" de bem, brancos, escolarizados, com todos os dentes na boca e, em alguns casos, alérgicos a garis. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">As mudanças que apontam para a inserção socioeconômica dos mais pobres, social e racialmente excluídos ao longo da história, vieram para ficar. Em pouco tempo deixaremos de discutir se devem ou não ser implantadas. Não demorará para avançarmos na discussão a respeito de COMO deverão ser efetivadas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">O palpiteiro tem uma triste notícia aos que desejam um país exclusivamente branco na sua elite e sem espaço para o pleno exercício da cidadania de pobres, negros e garis: esse país está deixando de existir. Devagar demais, é verdade. Mas está. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Em outros tempos você, amigo racista, teria a violência, o golpe, a repressão para conter esse tipo de avanço. Conseguiu isso no passado, no Brasil, na África do Sul. Naqueles tempos a CIA acreditava que seu racismo dava a vantagem de conter o comunismo. A história avançou, o comunismo não é mais assunto da CIA e os EUA - país de cotas raciais - tem um negão na presidência da República. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"></span> </div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">Na falta de meios extra-civilizatórios, o palpiteiro sugere que vá para Nova Iorque ou para a Suíça. Não que você incomode alguém por aqui, afinal você tende a ser uma minoria cada vez mais insignifcante como referência de ideias. Mas pelo seu próprio bem. A longo prazo, o desconforto e o sofrimento que você sente hoje só tende a aumentar. Vá por mim. Vá por você. Vá por nós.</span> </div>
Sérgio de Moraes Paulohttp://www.blogger.com/profile/12544868353899488808noreply@blogger.com8