Se você aplaudiu a truculência da PM na remoção da favela do Pinheirinho em São José dos Campos como medida necessária e legalmente correta, seria bom repensar o caso.
Claro, famílias desalojadas, crianças chorando ao sabor de bombas de gás lacrimogênio e muitas mães a sofrer talvez não lhe despertem grande compaixão.
Ao menos compaixão não foi o sentimento que se manifestou na juíza que lavou as mãos no caso; ao governador que aprovou a ação, sob o covarde argumento do respeito à decisão judicial; ao comando da PM que agiu sadicamente, certo de que estaria a ganhar com a demonstração de que zela pelo cumprimento das leis.
Pois se você, como essa turma, não se abala pela condição humana, resta um argumento: grana.
Parece-me que gente como você acredita que a propriedade privada esteja acima de tudo.
Pela sua lógica, a propriedade privada é sagrada. Pelo seu olhar, os moradores do Pinheirinho eram antes de tudo "invasores", como prefere dizerem os talking heads da TV Globo. Claro que não lhe deve interessar como os proprietários adquiriram o tal terreno. Talvez você acreditasse na máxima de que "ladrão que rouba ladrão..."
Mas não. Você não tem nem compaixão com famílias, teria com "ladrões que roubam ladrões"?
Pois bem, segue um argumento diferente para você, modelo de cidadão civilizado.
De acordo com o jornal "O VALE", de São José dos Campos, a ação de remoção dos moradores da favela do Pinheirinho teria custado ao governo do Estado R$ 100.000.000,00. Isso mesmo, 100 milhões de reais, caso se atrapalhe com tantos zeros...
O governador Geraldo Alckimin, a justiça (???) de São Paulo e a PM parecem estar certos de que a decisão mais correta e lógica seria mesmo a remoção dos moradores.
A imprensa internacional noticiou com estarrecimento. (Talvez faltem patrocínios da Sabesp, da CPTM e de outros órgãos estaduais na BBC...). A luz amarela acendeu para aqueles que se lembraram que em 2012 teremos eleições municipais. Talvez alguém tenha se lembrado que as imagens das mulheres e crianças removidas pela tropa de choque do PSDB poderiam ser usadas em campanhas eleitorais em todo o Brasil.
Geraldo Alckimin pensou rápido. Com a velocidade do congelamento de um picolé de Chuchu. Anunciou um aluguel social e a promessa de construção de novas moradias.
Um "jênio", enfim. Primeiro criou o problema das famílias desalojadas para depois anunciar com pompa a solução. Curioso é ter gente como você, a aplaudir...
Não tenho grandes esperanças em relação a você. Você não se irrita com o pedágio, acredita na salvação do planeta com a renúncia à sacolinha de supermercado e pouco está preocupado com a educação nas escolas públicas de SP.
Mas não custa lembrá-lo. A grana gasta na remoção do Pinheirinho poderia ser aplicada na sua rua. Poderia melhorar sua segurança e o hospital público que a sua empregada usa. E que teria sido mais barato, prático e humano, negociar com as famílias do Pinheirinho, antes de baixar a borracha nos tais "invasores".
Você parece um caso perdido. Mas não custa tentar. Talvez tenha sobrado alguns gramas de humanidade dentro de você. Mesmo que seja necessário apelar para o argumento mais sórdido que organiza sua escala de valores: o dinheiro.
Obs.: Diante desses dados, não custa nada pensar em trocar suas fontes de informação. O jornal "O VALE" fez muito mais ao dar voz ao Robertinho da Padaria, vereador do PPS de São José dos Campos, do que a Globo, Folha, veja, Estadão e CBN fizeram nos últimos dias...
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