Tuesday, November 02, 2010

Vá ao Salão do Automóvel. De metrô...

Obs.: Palpite emitido em novembro de 2010.  

O automóvel foi uma das bases da economia do século XX e tem tudo para ser uma das maiores dores de cabeça do século XXI.


Em tempos de preocupação ambiental e com uma população cada vez mais urbanizada ficou claro que não há mais como priorizar o transporte individual e abandonar o transporte coletivo.

O automóvel particular é muito mais caro e poluente do que o transporte coletivo, trem, ônibus ou metrô.

Há uma aliança entre fabricantes de automóveis, empresas petrolíferas e meios de comunicação que lucram muito com essa opção. De outro lado estão as pessoas que ficam presas em congestionamentos e condenadas a problemas respiratórios pelo excesso de veículos.


Soluções paliativas aparecem, como o carro híbrido.


A indústria automobilística emprega muita gente, paga altos impostos e contribui genero$amente para muitas campanhas eleitorais. E paga muito dinheiro para a imprensa colocar seus anúncios publicitários.


Outro setor que ganha muito com o automóvel é o da indústria da construção civil. Basear o transporte no automóvel e no caminhão é ter a certeza da necessidade de construção de rodovias, avenidas e da constante manutenção. Grandes empresas de construção civil ganham muito dinheiro para construir pistas e para tapar seus buracos. Grandes empreiteiras também contribuem genero$amente com políticos em época de eleição.


Nesse começo de novembro pós-eleição o palpiteiro testemunhou algo inusitado.

O Salão do Automóvel no Anhembi aparece como o evento da indústria automobilística. Quem passar em frente verá...TRÂNSITO!


Há a opção de transporte gratuito entre o metrô Tietê e o Anhembi, onde ocorre o culto ao automóvel.


Isso mesmo, a melhor opção de acesso ao Salão do Automóvel é de metrô e ônibus.



A imprensa não noticia isso. Limita-se a propagandear o evento. A imprensa é paga pelas montadoras para dizer que o automóvel é o maior bem que um ser humano pode adquirir. A imprensa sustentada pela propaganda do automóvel não fala mal do automóvel.

Também não fala bem de quem critica esse modelo insano e injusto. Insano porque prejudica tantos e injusto porque favorece apenas uma minoria da sociedade. A imprensa sustentada pela indústria automobilística não fala mal de quem fala mal do automóvel. Apenas não oferece espaço. Silencia. Cala. Ignora.


A imprensa brasileira que não fala mal do carro e que ignora quem fala morre de medo da "restrição à liberdade de imprensa".


Quer ir ao Salão do Automóvel?

Vá de metrô, a melhor opção. 


Obs.: Após 4 anos tivemos a ampliação dos corredores de ônibus, alguns quilômetros de metrô a mais e a ousada tentativa de Haddad em implantar ciclovias e ocupar vagas de carros com áreas de vivência. 

Em junho de 2013 uma onda de manifestações explodiu no Brasil a partir da reivindicação dos garotos do Movimento Passe Livre, críticos do modelo automobilista. 

O palpite parece atual pelo que descreve, mas está desatualizado pelo que tem ocorrido, mesmo que lentamente.   

3 comments:

Julio said...

Palpiteiro,

voltei.O texto é bom, claro, vai no ponto que mexe essa máquina: O marketing. Ler o jornal aos domingos é um tormento. folhas e folhas seguidas com propagandas sobre a besta fera. Agora, o que isso tudo tem a ver com a liberdade de imprensa? E quem ganha com alguma eventual restrição de liberdade de imprensa? Eu? Você? e quem perde? Com certeza eu e você.
Mas voltando aos beneficios e maleficios do automovel? Quem ganha e quem perde? Bom, imagina o problema que o Lula teria com o emprego se amanhã todos deixarem de comprar carro ou repor peças. Sabe o tamanho da cadeia logística automobilistica? Então, não só a imprensa, mas o metalurgico que fez carreira na porta da montadora em SBC e os próximos presidentes precisarão falar bem e calar quem fala mal.

Anonymous said...

Ah! eu vi falando como ir de ônibus ao Salão do Automóvel na grande mídia. Não sejamos tão inflexível.

Já assistiu Tropa de Elite 2? Qual o seu palpite?

Anonymous said...

Que Sustentabilidade que nada! Vamos investir é no PRÉ-SAL, isso sim é futuro!

/ironia.