Saturday, March 26, 2011

A hora do Planeta num dia de poluição

Uma organização não-governamental chamada WWF organizou uma campanha mundial para "conscientização ambiental" no dia de hoje. Fique tranquilo, pois não tomarão muito do seu tempo. O teatro se chama "A hora do planeta". Você apaga as luzes por uma hora e depois vai comer uma pizza feita no forno a lenha ( essa ironia não é do palpiteiro, mas do amigo Elias Jabbour).

A ideia é simpática. "Se cada um fizer a sua parte, todos ganhamos". "Depende de nós".


Lorota.

Balela.


O palpiteiro não defende a destruição do planeta e não julga errado economizar energia. Mas se posiciona contra qualquer uso da questão ecológica feita de modo infantil ou malandra.


Foi nos EUA que surgiu a ideia do "small is beautiful", ou "o pequeno é belo". É poético, mas pouco eficaz.


A malandragem é colocar a culpa pelos problemas ambientais nos indivíduos e esquecer os maiores responsáveis por eles.

Pense rápido: quem produz mais lixo, você em um mês ou uma lanchonete do Mc Donald's em um dia?


Um dos melhores negócios da atualidade é montar uma organização não-governamental, ong. Seja lá o que for isso, a propaganda é forte. São associações privadas mantidas por pessoas com um interesse comum, a defender causas coletivas. Quem pode ser contra uma iniciativa dessas?


Mas perguntar não ofende: e quando uma organização não governamental recebe algum tipo de ajuda de órgãos de governo, ela passa a ser o que?


Um professor do palpiteiro na faculdade de Geografia ironizava o termo ao dizer sempre "organizações NEO-governamentais"... O trocadilho era inteligente e já revelava a crítica sobre as ongs que recebiam recursos públicos para disfarçar ações de governos, empresas ou políticos. Esse professor entendia tão bem do assunto que acabou cedendo e montou sua própria ONG... Quase fez um negócio milhonário com um laboratório farmacêutico europeu. Receberia alguns dólares em troca de facilitar a ação do laboratório na biopirataria na Amazônia. Alguém descobriu e denunciou. E o negócio não saiu.


O professor do palpiteiro não merece nem a menção do nome e por isso não será dado o crédito por seu trocadilho.


Mas ficou o aprendizado. Quando você ver uma ONG em campanha, seja lá do que for, pergunte: quem paga essa organização?


O palpiteiro fez isso para o WWF e a "Hora do planeta". Qualquer um pode fazer isso. Basta entrar no endereço da WWF e clicar "Brazil". Na seção "quem somos" veja um quadro à sua esquerda. Há um link para "prestação de contas". Acesse a página 52 e... Bingo!! Você verá os parceiros da WWF no Brasil em 2009.

É muito interessante. A começar pelo termo "parceiro".


Seriam pessoas que dançaram quadrilha com a galera do WWF em alguma festa junina em 2009? Seriam músicos de apoio em alguma banda de punk-rock? Seriam alguns jogadores de futebol de várzea para peladas de fim-de-semana?

Pelo amor de Deus, o que eles querem dizer com "parceiros"?

Na falta de clareza qualquer um pode pensar qualquer coisa. Até recursos econômicos.

Dê uma olhadinha nos "parceiros" da WWF no Brasil.

Wall Mart: dispensável pensar no tipo de "parceria" em nome do planeta vindo de uma empresa que ganha muito dinheiro com o consumismo voraz...

Unidas: lindo! Um "parceiro" que vive de alugar automóveis. Perguntar não ofende: o que a Unidas pensa sobre substituir o transporte individual pelo coletivo? O que eles devem achar de usarmos mais metrô, trens e ônibus e menos automóveis? Unidas com WWF na "Hora do planeta"...


Itaú: esse é de peso. Bancos emprestam dinheiro para as pessoas comprarem de tudo e para as empresas tocarem seus negócios. Será que um gerente do Itaú pensa no planeta quando vai conceder algum financiamento? Será que ele se pergunta: "essa atividade vai impactar o ambiente?"...

Negócios no século XXI não prosperam sem marketing.


E poucas ações de marketing são tão fortes quanto falar em nome da natureza.


Pega bem falar da natureza. Bandeira fácil de lavantar, pois não haverá quem se oponha.


Empresas, partidos e políticos sabem disso.


E abusam da boa vontade alheia.

Abusam da ingenuidade ambiental.


A malandragem é simples: quando falar dos impactos da natureza, procure sempre um vilão fora da sua área de alcance. Nunca se coloque no problema. aponte sempre um culpado que não tenha relação com seu modo de vida.


Afinal de contas a "Hora é do Planeta", não da humanidade tal qual está organizada...



Link da WWF:







2 comments:

Anonymous said...

Moraes,

Já assistiu ao filme brasileiro chamado "Quanto Vale ou é Por Quilo?". Caso não, indico-lhe. Refere-se a essas ONG's neo-governamentais.

Anonymous said...

Moraes, por acaso você escreveu esse texto ouvindo uma certa banda de hardcore capixaba? rsrs
Se não, vale a pena ao menos uma escutada nesse som da década de 90!

Dead Fish - Paz Verde

Enquanto o índio e o povo são massacrados
por todo mundo se vociferou
aquele povo, aquela gente,
pulmão do mundo, tudo que sobrou.
Destroem por maldade os imbecis.
São o próprio diabo de nossa religião, malditos pobres.
Malditos imundos que não sabem lucrar,
pedem dinheiro pra se endividar.
Vamos criar uma instituição,
uma instituição nacional pois o verde queremos salvar.
Paz verde!!
Hipocrisia mundial!!
Seus bancos a cobrar,
meu povo a morrer...
Não me venha com retórica terceiro mundista
seu incompetente miscigenado,
a culpa não é do capital!
O meu império ecologista sabe lucrar,
sabe vender e o que é melhor,
a selva foi internacionalizada.
Índio iludido pensou que fosse melhorar,
todas as bandeiras (do G7) estavam lá!
Mas o que se viu foi mais uma divisão,
índios tiveram que financiar suas ocas em bancos silvestres.
Paz verde!!
Hipocrisia mundial!!
E o FMI?
E os juros a pagar?!
Talvez se não tivéssemos sido colonizados
e se tivessem deixado o índio em paz....
mas depois desta retórica suja, sectária e desumana,
foi você que nos ensinou
a comprar,
a vender
e a lucrar!!
Paz verde!!
Hipocrisia mundial!!
Vocês a consumir
e nós a produzir....