Saturday, November 24, 2012

Não deixe de perder: lista de coisas inúteis para a Fuvest

Amanhã, 25 de Novembro de 2012, teremos mais uma prova de primeira fase da Fuvest. Tem sido assim há décadas. Trata-se de primeira etapa de avaliação aos interessados em estudar e seguir alguma carreira oferecida pela Universidade de São Paulo, a USP. 

A USP é cercada não apenas por muros, mas também por mitos, lendas e julgamentos que variam desde a admiração sincera até a inveja mais descabida e mal disfarçada. A Fuvest é o nome da Fundação para o Vestibular, entidade que elabora as provas e organiza a sua aplicação que se dá em duas fases para a maioria dos cursos. Alguns têm provas de aptidão, como Arquitetura e Música, o que resulta numa avaliação a mais. 

Como de costume, algumas coisas se repetirão ao longo do dia de hoje. Conselhos, comentários e "dicas" para as pobres almas vulgarmente conhecidas como "vestibulandos". O palpiteiro não quis ficar de fora, pois sempre há uma oportunidade para se promover à custa do sofrimento alheio. No interesse de facilitar a vida daqueles que se submeterão ao moedor de carne chamado Fuvest, seguem aqui algumas dicas do que o vestibulando realmente não precisa:

Estudar até o último minuto - 

Tontice pura. O cidadão ouve aqueles testemunhos dos caras que passaram nas provas anteriores e se impressiona com o desabafo "se não fosse olhar a tabela periódica antes da prova não teria conseguido aquele precioso ponto para a segunda fase...". Numa prova de 90 questões, conseguir um mísero ponto com o desespero nas horas que precedem o exame é discutível. Se o cidadão precisou de 53 pontos para determinada carreira, isso significa que ele garantiu 52 antes do dia da primeira prova. Horas antes do exame, ficar tranquilo, distrair-se com coisas banais, prazerosas e seguras podem dar mais resultado do que a pressão que só uma apostila de cursinho pode oferecer...

Fórmula 1 - 


Totalmente inútil para a cidade, para o país e para quem vai prestar a Fuvest, a despeito dos lucros que rendem aos seus promotores, donos de hoteis e empresários ligados ao turismo em São Paulo. Pois bem, teremos a prova da primeira fase da Fuvest simultaneamente ao GP Brasil, em Interlagos. Para a maioria dos vestibulandos isso não causará maiores problemas. Para quem mora na Zona Sul, nas imediações de Interlagos, isso significará trânsito, stress e aumento de tensões. Além disso, o grande número de agentes da CET que conduzirão o trânsito em Interlagos deixarão de fazê-lo nos locais de prova da Fuvest onde haverá mais carros. São Paulo é jenial. Promove um GP de Fórmula 1, que atrais milhares de carros, no mesmo dia em que um exame para mais de 100 mil pessoas será aplicado. Tudo correrá bem para quem se precaver. Mas não deixa de ser interessante o palpite: confirmado a simultaneidade do GP Brasil com a Fórmula 1, podemos ficar tranquilos para a Copa 2014 em São Paulo...


Dúvidas a respeito da carreira na hora da prova - 

O garoto de 17 anos fez a inscrição há alguns meses e, em meio a incertezas, selecionou uma carreira da qual ele não tem muita convicção de seguir. Na hora da prova, ao invés de se concentrar, resolve se questionar por que optou por Geologia ao invés de Nutrição ou Letras... Não é feio ter dúvidas na vida. É muito nobre se questionar. MAS NÃO NA HORA DA PROVA. Por algum desígnio divino ou da natureza, o cidadão fez uma determinada escolha. Se vai fazer a prova, é coerente jogar conforme o combinado. Se não quiser fazer o curso ou se arrependeu amargamente por qualquer outro motivo, resolva depois. A prova é uma oportunidade de reflexão e testes de conhecimentos. Aproveitar esse momento para aprimorar a capacidade de ser testado é no mínimo interessante.

Certeza - 

Apenas os idiotas a possuem. E, geralmente, quanto mais certeza, maior a idiotice. Alguns jovens pensam: "Vou entrar na USP com 18 anos, concluir meu curso aos 23, seguir minha carreira, curtir a vida, casar-me aos 39 anos, comprar meu Iate aos 43 e subir o Everest antes dos 60 anos..." Não é estúpido fazer planos e sonhar para o futuro. Estúpido é acreditar que planos traçados aos 18 anos serão realizados EXATAMENTE do jeito que foram elaborados. Se você elaborou um plano com tanta certeza e detalhamento o palpiteiro lamenta: você tem uma lista de desejos, não um plano. Eventualmente um mau desempenho na Fuvest pode alterar esse plano. O que não quer dizer que deva ser descartado. Viver é arriscar, errar, aprender e seguir. 

Cobertura "jornalística" sobre a Fuvest -


A imprensa aparentemente presta um serviço quando aborda a Fuvest nos dias que antecedem a sua aplicação. Informar a respeito do trânsito ou indicar algumas dificuldades de acesso é trabalho jornalístico. Mas raramente essas matérias acrescentam algo ao que o vestibulando já sabe. O cara já leu o manual, já sabe onde fará a sua prova e deve ter uma noção do tempo e do que será preciso para chegar até o local da prova. Mas o mais interessante é assistir aquela matéria jornalística com aquele tom "...tensão antes da Fuvest, candidatos aproveitam os últimos momentos de preparação, nesse cursinho...". 
A emissora líder de audiência mostra professores dando aula, entrevista alguns alunos e, coincidentemente, o cursinho onde a "matéria jornalística" foi gravada anuncia no intervalo comercial... Existe uma certa emissora que até esconde o nome e o logotipo do cursinho, mas deixa "acidentalmente" aparecer as cores e o visual que identifica o dito cujo. Campanha de marketing bem feita é aquela em que você vende o produto sem que o cliente perceba que foi induzido a fazê-lo. Isso mesmo: essas "matérias jornalísticas" nada mais são do que isso. Peças publicitárias disfarçadas de jornalismo.


Assumir culpa alheia - 

Passar na USP não é fácil. São mais de 130  mil candidatos para pouco mais de 10 mil vagas. A maioria será excluída muito menos por incapacidade acadêmica e muito mais pela simples injustiça de não haver um número digno de oportunidades para mais pessoas. O Estado brasileiro não foi capaz de resolver isso. O governo federal, o estadual e o municipal poderiam fazer muito mais pela educação do que fazem. Se o resultado de sua omissão é excluir jovens, o que se deve fazer é colocar as coisas nos seus devidos lugares. Fazer a prova com toda a dedicação e honestidade que lhe cabe. E exigir, continuamente, que essa situação mude. Há jovens que se sentem muito mal após o exame diante de um desempenho ruim. Passam a julgar a si mesmos. Autocrítica é importante, mas você não deve carregar nas costas a culpa da incompetência do Estado brasileiro no ensino superior. Menos.

Conduta de mau perdedor - 


O palpiteiro ingressou no curso de Geografia da USP em 1993. Em cinco anos de curso, pagou apenas pela  taxa de inscrição para a Fuvest e R$ 40,00 para o calígrafo escrever o diploma. Fez um bom curso, com excelentes professores e instalações muito boas, mesmo que abaixo do ideal. A USP proporciona isso em praticamente todas as carreiras. Mesmo nos cursos em que faltam equipamentos, há sobra de professores que compensam de algum modo. 
As universidades privadas atuam nessa realidade: absorvem as pessoas que não puderam ingressar numa universidade pública. Algumas - poucas - o fazem com dignidade. A maioria só quer ganhar dinheiro. Nessa história o palpiteiro tem percebido um discursinho pitoresco entre alguns jovens de classe média. Não admitem claramente que possuem poucas chances de ingressar na USP. Deve ser duro para alguns adolescentes entenderam que seus pais gastaram muito dinheiro para pagar escolas caras que eles não aproveitaram. Pior para aqueles que acreditam que o dinheiro compra muita coisa, menos vaga na USP. Seria digno repensar a vida. Alguns fazem isso. Outros não. Preferem falar mal da USP. Bradam que a "estrutura" é precária ( o palpiteiro sempre quis saber qual: a óssea, a molecular ou a dos prédios...). Querem acreditar que "só tem greve" e que a USP já era. Ou que "já não é mais a mesma".  Assim fica mais fácil pagar por cursos de qualidade discutível que cobram mais de R$ 1.500,00 mensais, além de outras taxas. É muito bom valorizar a universidade privada que presta um bom serviço. Mas não é elegante diminuir a outra universidade para destacar a que ele escolheu. Isso soa muito mal. É típico de maus perdedores...



Há muito mais coisas inúteis que um candidato da Fuvest não precisa. O palpiteiro só lembrou dessas. no mais, deseja muita tranquilidade e leveza na hora da prova. Ao fim de tudo, é só mais um prova em meio tantas outras que a vida irá oferecer. Provas que nenhuma escola ou cursinho irá prepará-lo. Sucesso, é o que o palpiteiro lhe deseja. 


5 comments:

Gustavo Marichal said...

Sérgio, tudo bom?
Peço que vc não publique este comentário, pois eu apenas queria sugerir uma correção.

Estudar até o último minuto -
"O cidadão houve aqueles.." por "O cidadão ouve aqueles.."

Gustavo Marichal said...

Sérgio, tudo bom?

Você citou a questão do trânsito e eu queria aproveitar para dar uma dica: existe um aplicativo chamado Waze, que é um GPS colaborativo e gratuito.
Como funciona: de forma simples, a pessoa tem um smartphone ou tablet e abre o Waze enquanto está em um automóvel. O aplicativo calcula a velocidade com que o trânsito flui e permite analisar melhor qual rota realizar até o local da prova.
Se em Sorocaba é útil, imagina em São Paulo!

Abraços!

Sérgio de Moraes Paulo said...

Gustavo,

fique tranquilo...rs...

Alterei o erro mais explícito e mantive aqueles que nós não percebemos...rs...


Grande abraço e valeu pela leitura e pelo aviso.


Unknown said...

Oi Moraes, tudo bem?
Gostei da última parte que vc disse da USP, realmente me formo esse ano em Nutrição lá e nunca peguei 1 greve de professores em 5 anos de curso! Não são todos os cursos que fazem greve.
E sim, a estrutura da faculdade é muito boa (pelo menos pra Nutri), não acho que deixa a desejar para uma faculdade particular, o porém são alguns professores que estão na cadeira de professores titulares há muito tempo e que muitas vezes dão aula por obrigação e não tem didática nenhuma apesar de terem 1000 trabalhos publicados...
Talvez esse seja um problema em menor escala nas faculdades particulares, onde tirar um professor que não tem didática deve ser muito mais fácil do que um que tem o título vitalício de livre docente...

Tales de Deus Diniz said...

Oi Moraes, fui aluno seu em 2005, no Objetivo Cantareira..

Já te achava muito bom e fiquei feliz em descobrir seu blog, vou acompanhar.. Bom saber que você ainda manda bem!

Abraços