Na metáfora mais óbvia o futebol seria uma religião, os torcedores seus adeptos e os estádios os templos.
Na metáfora mais óbvia os estádios seriam os templos das alegrias e das tristezas. Das frustrações e das esperanças.
Na metáfora mais óbvia, o futebol seria politeísta. E seus Deuses teriam desígnios desconhecidos para os mortais. Nós.
Nenhum templo do futebol brasileiro tem o charme do Pacaembu. Construído para a copa de 1950, foi sede do time campeão, a seleção uruguaia. Campeã.
O Pacaembu nasceu para ser nobre.
Está localizado em bairro arborizado e que abrigava até uma concha acústica, derrubada para a construção daquela horrorosa arquibancada que chamam de "tobogã".
O palpiteiro confessa que já assistiu a jogo do Corínthians no Pacaembu. Além da memorável apresentação de Jimmy Page e Robert Plant, em 1995, talvez.
O Pacaembu foi o templo de outras paixões também, além da corinthiana. Palmeirenses e santistas também tiveram por lá as suas glórias. Pelé jogou muitas vezes naquele estádio.
Mas não há dúvidas de que foram os os corinthianos que mais amaram o Pacaembu. Isso é indiscutível.
Amaram? Não amam mais?
Parece que não. Caberá a Juvenal Juvêncio, o mais pateta dos presidentes que o São Paulo teve, a honra de ter mexido com o brio dos corinthianos e, ao mesmo tempo, ter tirado o Morumbi da Copa e estimulado o Corínthians a ter seu próprio estádio.
Juvenal Juvêncio quis humilhar o Corínthians e vender apenas 10% dos ingressos para um clássico com o SPFC. Achou que seria popular com seus torcedores sendo arrogante e burro.
A humilhação levou a um ponto de honra: como mandante, o Corínthians jamais jogaria no Morumbi de novo.
Num primeiro momento o caso prejudicou o Corínthians, pois o Pacaembu tem menor capacidade do que o Morumbi.O que significa menos ingresso vendidos.
Mas o capitalismo jogou a favor do Corínthians. Com menos ingressos, os valores foram aumentados, devido a uma tal lei da oferta e da procura.
Mesmo com preços exorbitantes, o estádio enchia e ainda dava para liberar o sinal para a Globo transmitir em TV aberta.
Não demorou muito para o Corínthians descobrir que direitos de TV e ingressos caros dava mais grana que lotar o Morumbi inteiro com corinthianos a preços populares. O time do povo aprendeu a se elitizar. E ganhar muito com isso.
E assim se fez a aliança maligna, entre a Globo,o Corínthians e, mais adiante, o Poder Público nas suas 3 esferas, Federal, Estadual e Municipal.
Lula quando era presidente percebeu mais uma vez para onde os ventos sopravam. E sopravam para os lados da zona leste de SP...
Oportunismo todo político tem, mas negar o amor de Lula ao Corínthians é negar a realidade.
Com interesses diversos e nem sempre dignos, viabilizou-se a construção do estádio do Corínthians. Sede da Copa do Mundo de 2014 em SP.
Será um estádio moderno e à altura do novo momento do futebol: não muito grande e adequado para garantir ganhos de bilheteria com transmissões pela TV, que não afetarão as vendas de ingressos.
O Morumbi é muito maior, mas quem já assistiu jogo lá sabe que é um estádio velho e inadequado para um espetáculo que exige cada vez a transmissão pela TV.
O Corínthians então terá o seu próprio estádio, com o estimulo do tricolor Juvenal Juvêncio, o mais cretino dos presidentes que o SPFC já teve.
E hoje será a despedida do Corínthians do Pacaembu. Seja lá qual for o resultado, no ano que vem o novo estádio estará pronto e, para o brasileirão 2012, há poucas chances do time da ZL decidir o título.
Caberão aos deuses do futebol decidir como será essa despedida.
O templo poderá ser condescendente e ajudar o Corínthians de todas as maneiras: bola na trave, pênalti não dado e gol impedido poderão dar ao Corínthians o almejado título da Libertadores. Além da inspiração a gols históricos e ou heroicos.
Mas também poderá haver um acerto de contas. O templo que tantas alegrias deu ao Corínthians, hoje desprezado, poderá ficar chateado. E tudo poderá da errado numa decisão em pênaltis. E sabemos que ao contrário do Deus judaico-cristão, os deuses do futebol são maliciosos, caprichosos e vingativos.
O palpiteiro não nega que assistirá ao jogo de hoje torcendo para o melhor, o Boca. E que ficará atento ao que o Pacaembu decidirá.
A despedida do Pacaembu poderá ser inesquecivelmente boa para o Corínthians. Ou não.
Os deuses falarão...
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Futebol virou a muito tempo lavagem de dinheiro, sou a favor dos esportes e não vejo problema de a peferência ser o futebol, mas se o brasileiro usasse um terço desse entusiasmo pelas coisas que realmente importam teriamos uma pais bem melhor...
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