Em 1993 o palpiteiro ingressou na Universidade de São Paulo para cursar geografia. Como todo calouro, lia tudo o que aparecia na frente, desde avisos no mural até as instruções do extintor de incêndio. Matrícula feita e o rosto sujo de guache, conseguiu ler uma frase pintada no chão: é preciso ousar. Poucas palavras e muita profundiade.
Desde o início das aulas ouvia-se um nome que se fazia acompanhar com tom e postura de respeito: Milton Santos. Com o tempo, descobriu de quem se tratava. Baiano de Brotas de Macaúbas, Milton Santos era um senhor que sempre andava de terno e gravata, sorridente e com uma elegância que poucos conseguem apresentar espontaneamente.
Milton de Almeida Santos concluiu seu doutorado em Strasbourg, na França, em 1958. Em 1964 teve que sair do Brasil. Não servia para dar aula no país que os militares prometiam melhorar. Mas serviu para dar aula na França. Também em Toronto. Serviu também para o MIT. Atuou na África, trabalhando na Tanzânia. Prestou serviços para a Organização Internacioanal do Trabalho, OIT. O mundo respeitava Milton Santos. Menos os chefetes políticos do seu país. Um armênio, Armen Mamigonian, e um árabe, Aziz Ab Saber, o convenceram a dar aula no Brasil, na USP. E finalmente o Brasil recebeu definitivamente o grande mestre.
Na França havia estudado três cidades: Salvador, São Paulo e Paris. Das comparações que fez, tirou conclusões que podem ajudar a interpretar o mundo, rico ou pobre. Era fascinado pela eficiência do correio brasileiro. Muito rígido, impunha horas de estudo rigoroso a quem quisesse acompanhá-lo. O palpiteiro conhece um desses herdeiros do Milton Santos e garante que quem com ele conviveu teve que ter disciplina nos estudos.
O mestre era otimista. Acreditava que as mudanças que tornariam a vida melhor viiram maius cedo ou mais tarde. Apostava na resistência dos mais fracos e debochava da miopia social da classe média. O palpiteiro já escreveu algo sobre isso em 27/12/06. Ao rever o palpite passado se assustou quando percebeu que escreveu em letras maiúsculas: "A MUDANÇA PELA ESCASSEZ". Milton Santos estava mais presente do que ele imaginava.
Hoje há um documentário em cartaz sobre ele chamado: "Encontro com Milton Santos ou o mundo Global visto pelo lado de cá". Coisa boa. Fernanda Montenegro, Osmar Prado e outros como Caetano Veloso não dariam seus nomes a persongem que não merecesse. O filme é bom e útil para quem quiser pensar. Pode emocionar. Mas pode dar sono a quem não tiver um grama de solidariedade.
Alguém disse certa vez que "apenas os gênios vêem o óbvio". Milton Santos leu, estudou, viajou, pensou, debateu, brigou, deu entrevistas e se calou por momentos para chegar a uma simples conclusão: "um outro mundo é possível". Sim, tratava-se de um gênio que sabia que num mundo pautado pela mediocirdade era preciso ousar. Ousar em sonhar. Ousar em ter esperança.
Desde o início das aulas ouvia-se um nome que se fazia acompanhar com tom e postura de respeito: Milton Santos. Com o tempo, descobriu de quem se tratava. Baiano de Brotas de Macaúbas, Milton Santos era um senhor que sempre andava de terno e gravata, sorridente e com uma elegância que poucos conseguem apresentar espontaneamente.
Milton de Almeida Santos concluiu seu doutorado em Strasbourg, na França, em 1958. Em 1964 teve que sair do Brasil. Não servia para dar aula no país que os militares prometiam melhorar. Mas serviu para dar aula na França. Também em Toronto. Serviu também para o MIT. Atuou na África, trabalhando na Tanzânia. Prestou serviços para a Organização Internacioanal do Trabalho, OIT. O mundo respeitava Milton Santos. Menos os chefetes políticos do seu país. Um armênio, Armen Mamigonian, e um árabe, Aziz Ab Saber, o convenceram a dar aula no Brasil, na USP. E finalmente o Brasil recebeu definitivamente o grande mestre.
Na França havia estudado três cidades: Salvador, São Paulo e Paris. Das comparações que fez, tirou conclusões que podem ajudar a interpretar o mundo, rico ou pobre. Era fascinado pela eficiência do correio brasileiro. Muito rígido, impunha horas de estudo rigoroso a quem quisesse acompanhá-lo. O palpiteiro conhece um desses herdeiros do Milton Santos e garante que quem com ele conviveu teve que ter disciplina nos estudos.
O mestre era otimista. Acreditava que as mudanças que tornariam a vida melhor viiram maius cedo ou mais tarde. Apostava na resistência dos mais fracos e debochava da miopia social da classe média. O palpiteiro já escreveu algo sobre isso em 27/12/06. Ao rever o palpite passado se assustou quando percebeu que escreveu em letras maiúsculas: "A MUDANÇA PELA ESCASSEZ". Milton Santos estava mais presente do que ele imaginava.
Hoje há um documentário em cartaz sobre ele chamado: "Encontro com Milton Santos ou o mundo Global visto pelo lado de cá". Coisa boa. Fernanda Montenegro, Osmar Prado e outros como Caetano Veloso não dariam seus nomes a persongem que não merecesse. O filme é bom e útil para quem quiser pensar. Pode emocionar. Mas pode dar sono a quem não tiver um grama de solidariedade.
Alguém disse certa vez que "apenas os gênios vêem o óbvio". Milton Santos leu, estudou, viajou, pensou, debateu, brigou, deu entrevistas e se calou por momentos para chegar a uma simples conclusão: "um outro mundo é possível". Sim, tratava-se de um gênio que sabia que num mundo pautado pela mediocirdade era preciso ousar. Ousar em sonhar. Ousar em ter esperança.
1 comment:
Milton Santos foi um intelectual de grande bagagem teórica. Se observamos as referências bibliográficas dos seus livros, veremos que muitas das suas fontes sequer tem qualquer nota traduzida para a língua portuguesa. Sua densidade teórica não transparecia em sua imagem. Pelo contrário. Tratando dos assuntos mais complexos, sempre com serenidade, no mesmo ano de 1996, sentado humildemente na cadeira do programa Roda Viva, foi desmobilizando cada um dos "sábios-jornalistas" presentes, que ao recitarem de cor as receitas neo-liberais, foram tomando consciência das próprias mediocridades. Não compreendidos por muitos e excessivamente adorado por outros, o pensamento e o método geográfico de Milton Santos ainda precisa de mais alguns anos - quem sabe décadas - para ser efetivamente compreendido. Paulo Inácio
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