Friday, December 05, 2014

Mandela, há um ano.

Há um ano morreu Madiba Mandela. 

Há um ano o mundo reviu imagens e cenas da luta do povo sul-africano contra um regime racista oficial chamado Apartheid. O regime que em seu auge separou até o sangue de brancos e negros nos hospitais sul-africanos. 

Há pouco menos de um ano o mundo assistiu a uma das cenas mais inusitadas da história recente. Vimos uma leva de chefes de estado e de governo no estádio onde se realizou a cerimônia de despedida de Madiba Mandela. A cerimônia que teve a presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki Mun.
A mesma cerimônia em que apenas 5 chefes de estado puderam discursar, sendo da Índia, Cuba, China, EUA e Brasil. 

Há um ano a foto da conversa amistosa entre Barack Obama e Raul Castro correu o mundo. 

Há um ano a presidenta Dilma e ex-presidentes brasileiros viajaram juntos, em missão oficial, para a despedida de Madiba Mandela. José Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Há um ano...


O mundo, por alguns dias, dividiu-se entre a tristeza da partida de Madiba Mandela e o orgulho de ter compartilhado a existência com uma das maiores lideranças políticas do século XX. 

O século que teve o Holocausto, a bomba de Hiroshima e a Guerra do Vietnã. O século que aprendeu, ao custo de muito sangue e tristeza, a importância do diálogo e do respeito ao outro. O século que deveria ter ensinado alguma coisa a respeito da necessidade da tolerância frente ao diferente, divergente e incomum. 

O tempo pode ser percebido de diferentes modos. 

Para uns, um ano é quase nada. 

Para outros, pode parecer uma eternidade. 

Há um ano o mundo sorria em meio à tristeza da morte de um homem. 

Hoje vivemos ainda a incômoda e perigosa realidade do preconceito que assassina negros nos EUA, em Ferguson ou em Nova Iorque. A mesma realidade que mata tantos jovens negros no Brasil, em proporção maior do que a de jovens de outras cores. 

Vivemos a realidade da expressão do ódio sobre nordestinos e pobres. O ódio que aflora pela incapacidade de aceitação da diferença de opinião, orientação sexual, ideologia, cor da pele ou gênero. A realidade em que alguns veteranos do curso de medicina da USP estupram. A mesma realidade em que agentes da PM paulista matam fora da lei. 

Há um ano uma parte da humanidade sentiu a falta de um líder como Madiba Mandela. É bem verdade que outra parte da humanidade respirou aliviada diante da baixa de um peso-pesado da luta pela igualdade racial. 

Há um ano o mundo parecia ter parado para honrar a passagem do homem que servirá como referência de luta para muitas gerações. 

Hoje Mandela faz falta. Assim como sua postura, sua luta e sua humanidade. 

Que a lembrança de sua morte nos sirva para manter a consciência de que a luta contra o que é errado e nocivo para humanidade não deve parar, nunca. Ainda que diante de tantos que hoje se evidenciam com tanta maldade. 

Mandela vive e viverá enquanto dele nos lembrarmos.  

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